No dia 13 de abril, o L’Île Brasserie completou seu terceiro ano de existência. Conceituado restaurante de gastronomia francesa, está localizado na Beira-Mar Norte de Florianópolis, próximo ao Shopping Beira-Mar. Para comemorar a data, entrevistamos sua fundadora, Márcia Dutra, para conhecermos um pouco da história do estabelecimento. Márcia Dutra é carioca, jornalista há mais de 35 anos, editora-chefe e apresentadora do ND Notícias, empreendedora no mundo da moda, da gastronomia e fundadora do espaço “Casa Madu”.
Ter um restaurante era um sonho antigo ou aconteceu?
Não era um sonho antigo. Um sonho antigo era ter um espaço que congregasse tudo o que eu gosto: comida, arte, amigos, moda. Tem uma outra história legal para eu te contar. Um dia eu estava fazendo uma entrevista na televisão, eu devia ter uns 24, 25 anos, e um entrevistado disse que eu devia pensar em alguma coisa que associasse à minha imagem, à minha imagem da TV, e que me fizesse ganhar dinheiro e ter outra atividade além da TV. Então, desde aquela época — você imagina, eu tenho 56 anos hoje — eu vinha procurando alguma coisa que associasse à minha relação com as pessoas, ao fato de eu gostar de conversar, de contar histórias, de ouvir histórias, fora da TV. E aí, ter um espaço multi, onde eu pudesse falar com as pessoas, receber as pessoas, encontrar as pessoas, ouvir a história delas, contar a minha história, foi algo que foi sendo alimentado e gestado durante muitos anos. Então, dá para dizer que é um sonho antigo — não o restaurante em si, mas todo esse complexo que leva o nome Casa Madu.
Como tudo começou?
Teve uma inspiração num restaurante de São Paulo, que já nem existe mais, chamado Bar des Arts. Era um restaurante que tinha tudo junto e misturado. Eu sempre achei aquilo sensacional. Então, a ideia era ter um espaço que fosse assim. Eu sempre fui para a França durante muitos anos. Ia para a França todo ano, mais de uma vez até. Depois, em 2017, se não me engano, morei em Paris por seis meses. E aí, eu tive certeza de que queria fazer uma pegada brasserie, que fosse um restaurante acessível, mas que tivesse o toque francês. Então, quando a gente alugou a casa, a ideia de ter um restaurante não podia ser diferente: tinha que ser uma brasserie francesa.
De onde surgiu a inspiração?
L’Île é “a ilha” em francês. E não fica aquela coisa arrogante, né? Porque o francês é uma língua maravilhosa, mas que às vezes pode ficar meio distante, principalmente de quem não conhece a língua. Se eu não me engano, não existe nem em português nenhum nome aqui em Florianópolis de um restaurante chamado A Ilha. Mas a gente mora numa ilha, então nosso restaurante se chama L’Île, que tem uma pronúncia bem semelhante em francês e em português.
Quais foram os maiores desafios no decorrer da história do L’Île?
Os maiores desafios são lidar com gente, com equipe, com funcionários. Claro, tem todo o desafio da administração de um restaurante — estoque, compra de insumos de boa qualidade, elaboração inteligente de cardápio — tudo isso é um desafio. Mas lidar com pessoas, sem sombra de dúvidas, é o maior de todos. Lidar com funcionários, lidar com o público, ser correta com todo mundo. Isso me desafia todo dia.
Você tem uma essência empreendedora, atua em várias áreas — moda, gastronomia, administração, jornalismo. Como você administra tudo?
Como é que eu administro tudo? Eu tenho uma amiga que costuma dizer que eu edito a minha vida. Então, acho que é isso. Eu coloco as metas, delego e sempre tenho gente boa trabalhando comigo. Eu cobro, tenho início, meio e fim. Tenho a ideia de fazer a coisa, o encaminhamento da coisa e a cobrança da coisa. Então, tem devolutiva. E com isso eu consigo tocar todas as atividades ao mesmo tempo. Estou até fazendo um curso digital, estou gravando um curso digital que tem falado muito sobre como comunicar bem, a minha essência de comunicadora. Mas, ao mesmo tempo, nos próximos capítulos do curso, que ainda vou começar a gravar, vou falar justamente sobre a forma como eu edito a vida para poder ser multi. Eu sou mulher, mãe, esposa, empresária, jornalista. Então, como é que eu administro todas essas minhas atividades? Eu vou trazer em detalhes nesse curso, que já está no ar, ainda em fase de testes, a parte da comunicação. Depois, vou ampliar para o meu lado empresária e para o meu lado mãe. A Beatriz até vem junto comigo nesse projeto.
Quais são os planos futuros? Uma filial, talvez?
Expansão, por que não? Ainda não tem nada muito claro sobre isso, mas eu devolvo a pergunta pra ti: por que não? Quem sabe?
Qual o conselho que você daria para quem quer montar um negócio?
O conselho que eu dou para quem quer montar um negócio é ter muito amor, muita tranquilidade para aprender, cabeça aberta para aprender, conversar com pessoas que são da área, porque a gente aprende todo dia. Então, o conselho é esse: amar muito. Tudo que eu faço, eu faço com muito amor. Tem que ter entrega, tem que ter o desejo de aprender, cabeça aberta para ouvir, porque a gente tropeça. E errar faz parte da vida, né? Mas a gente tem que reagir rápido. No L’Île, a gente sempre foi reagindo muito rápido a todas as dificuldades que foram sendo impostas. E é isso: estar muito próxima da equipe também é um caminho bem importante. De dois em dois meses, eu faço um café da manhã com toda a equipe — da manhã e da noite. Pelo meu trabalho na televisão, nem sempre eu consigo estar aqui com a equipe da tarde, então de dois em dois, ou de três em três meses, eu faço um café da manhã no domingo, reunindo toda a equipe para ouvi-los, para falar, para alinhavar o que é a ordem da casa, a meta da casa, como é que a gente funciona, qual é a essência que a gente tem — para que todo mundo esteja afinado no mesmo propósito. Propósito, acho que é a palavra que resume muito de tudo que eu faço. Na televisão, no restaurante: é fazer a diferença na vida das pessoas. No restaurante, é gerar emprego e atender bem, melhorar a vida dos meus funcionários, atender bem o cliente que quer uma opção. Na televisão, é levar a verdade para o telespectador. Eu tenho meus propósitos — e são eles que me movem.