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sábado, maio 18, 2024
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O Brasil precisa importar os bons exemplos da Califórnia

Da Redação – Por Carla Ninos | Foto: Reprodução

A revista Veja, do último dia 19 de junho, trás um artigo do cineasta e diretor do filme Quebrando Tabu, Fernando Grostein Andrade, sobre as lições que o Brasil deveria aprender com o Mickey Mouse e a Califórnia – o estado mais populoso e o terceiro maior em extensão territorial dos EUA -, “a riqueza da Califórnia não se resume às campanhas de tecnologia, existe abundância de riqueza cultural inclusiva. Ousaria dizer que a recessão brasileira também se traduz em pobreza cultural de amplos setores que parecem não ter vergonha alguma de esmagar os esforços na luta contra a homofobia”.

O artigo chama a atenção, ainda, para o envolvimento de grandes marcas na maior parada gay do mundo. O potencial de consumo do “pink money” da comunidade LGBTQ é uma oportunidade mercadológica que não pode (e não é) ignorada. O dinheiro rosa é uma parte do capitalismo movimentada pelo consumo LGBTQ e isso representa mais de três trilhões de dólares ao redor do mundo.

“Uma das diferenças da marcha nos Estados Unidos em relação à que ocorre no Brasil é a presença maciça de grandes empresas: Há o bloco do Citibank, da Delta Airlines, da Netflix, Amazon, etc. Havia grupos de filhos de LGBTQ com sua família. Numa rua paralela, vi dezenas de barraquinhas de organizações civis dos mais variados tipos, como a da Academia do Oscar, agremiações religiosas e até uma barraquinha da polícia, com o policial de sorriso no rosto, enquanto o xerife circulava com um Mickey gay colado no uniforme”, relata Fernando.

Ele reconhece, no texto, os esforços das marcas brasileira pelos direitos LGBTQ na publicidade. Só para exemplificar, A 21ª Parada do Orgulho LGBTQ, em 2017, contou com a presença de mais de 18 milhões de pessoas e turistas do mundo inteiro na cidade de São Paulo. As marcas não deixaram isso passar despercebido e criaram diversas ações de guerrilha no dia do evento. A Doritos distribuiu uma versão especial do seu produto durante evento, conhecido como Doritos Rainbow. Era possível adquirir a versão arco-íris do salgadinho online fazendo uma doação para a Casa 1, que acolhe e apoia jovens LGBTQ que foram expulsos de casa.

Quem não lembra da campanha da Natura para o Dia das Mães de 2014, uma propaganda que retratava uma família com duas mães e incentivou outras marcas a fazerem o mesmo. Em 2015, a companhia aérea Gol criou, para a mesma data comemorativa, um anúncio com dois pais, para mostrar que “entre tantos destinos, eles escolheram o amor”. Já em 2016, a marca de cosméticos Avon também apostou na diversidade e representatividade para o lançamento de uma campanha: a drag queen Pablo Vittar seria a nova garota-propaganda da marca.

O Google é um bom exemplo de uma empresa fazendo publicidade LGBT de maneira autêntica. Em 2011, rodou um filme para o Google Chrome que foi ao ar durante o seriado “Glee”, da Fox. O anúncio girava em torno do “It Gets Better”, uma iniciativa fundada por Dan Savage, que permite que qualquer pessoa compartilhe palavras de encorajamento para lutar a favor dos adolescentes LGBTs. Pessoas influentes, incluindo Lady Gaga, Adam Lambert e até mesmo Woody de “Toy Story”, compartilharam palavras inspiradoras, que impactou um grande público de uma forma profunda.

Voltando ao artigo, Fernando reflete sobre o preconceito, já que na Califórnia há uma política real de inclusão dos LGBTQ na cultura; e não apenas o abraço das marcas que visam lucrar com o “pink money”. A sociedade brasileira ainda é muito preconceituosa e racista, culturalmente falando, o que se agrava com as desigualdades sociais.

“Uma vez entrevistei um dos maiores banqueiros do Brasil, que me ensinou – ‘Privilégio deve ser exercido com responsabilidade’ -. É o que faz a Califórnia e o que deveria fazer o Brasil. Mas, nossa elite muitas vezes prefere imitar o Mickey em vez dos direitos LGBTQ celebrados pela própria Disney”, conclui Fernando Grostein.

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