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sábado, maio 11, 2024
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Metade dos brasileiros conhece ao menos uma mulher que sofre agressão

Da Agência Patrícia Galvão

A violência doméstica praticada contra mulheres é uma realidade que está muito próxima das vivências da população brasileira. Entre as mulheres, são 60% as que conhecem ao menos uma vítima e 36% declararam já terem elas próprias sofrido alguma forma de violência doméstica, sendo a violência psicológica e a violência física as formas mais relatadas; uma em cada dez declara ter sofrido violência sexual. A principal reação da maioria dessas mulheres foi terminar o relacionamento.

É o que mostra a pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, com apoio do Instituto Beja, que aponta também que uma ampla maioria dos
brasileiros considera que as pessoas devem dar apoio/denunciar ao perceberem que uma mulher está sofrendo violência. Apoio da família e de amigos é considerado por 58% como o principal fator para que essas mulheres saiam da relação violenta. Parcela significativa menciona ainda o apoio do Estado,seja da polícia ou justiça para se protegerem do agressor (53%), ou de assistência social e psicológica (48%).

População reconhece importância das políticas públicas e aprovaampliação dos serviços especializados e qualificação do atendimento às mulheres.

Para 90% dos entrevistados, se houvesse apoio do Estado, as mulheres em situação de violência doméstica se sentiriam mais seguras para denunciar e sair da relação violenta e, para 85%, os homens que praticam violência doméstica sabem que isso é um crime, mas acreditam que não serão punidos.A pesquisa revela também uma ampla aprovação sobre diversas medidas para melhorar o atendimento às mulheres em situação de violência doméstica.

Na percepção da maioria absoluta da população, é preciso aumentar o número de serviços públicos de assistência e acolhimento para mulheres em situação de violência, para
possibilitar que as vítimas em cidades pequenas e médias também tenham acesso a atendimento em serviços especializados, como Delegacias da Mulher e unidades da Casa
da Mulher Brasileira.

É também muito ampla a aprovação para a realização de campanhas para estimular as denúncias (97%) e para sensibilizar homens e mulheres contra a violência doméstica (96%), assim como para a promoção de debates em escolas para educar meninos e meninas para relações de igualdade e respeito (96%). Em relação aos agressores, 95% consideram que é preciso aumentar as penas para o crime de violência doméstica e 89%,
que se deve obrigar os homens denunciados a frequentar programas de reeducação para que não voltem a praticar esse tipo de violência.

Veja a seguir outros destaques da pesquisa Redes de apoio esaídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica (Instituto Patrícia Galvão/Ipec): Entre os que conhecem pessoalmente uma mulher que sofreu agressão, a principal reação de 63% das mulheres e 50% dos homens foi a de falar com a vítima. Conversar com o agressor foi
mais frequente entre os homens (24%) do que entre as mulheres
(13%).

Denunciar à polícia ou terminar a relação foram os principais conselhos para as vítimas.

Mais mulheres (55%) do que homens (47%) aconselharam as vítimas de agressão a denunciarem à polícia. Elas também superam os homens na indicação de ajuda especializada com psicólogos, assistentes sociais, centros de referência ou advogados. Em contrapartida, é mais acentuada entre os homens a recomendação para que a mulher agredida fizesse as pazes com o parceiro.

Mudança de comportamento e término da relação foram osprincipais conselhos aos agressores. A recomendação para que o homem buscasse ajuda especializada aparece em terceiro lugar (34%), enquanto 13% aconselharam que o agressor pedisse desculpas e fizesse as pazes com a mulher.

Delegacia e amigos/familiares foram as principais ajudas buscadas pelas mulheres agredidas. Entre os que conhecem pessoalmente uma mulher que sofreu violência doméstica, 45% acreditam que elas procuraram algum tipo de ajuda e apontaram que a mulher agredida procurou uma Delegacia de Polícia (42%) ou uma Delegacia da Mulher (39%), enquanto para 31% essa mulher buscou o apoio de amigos e familiares.

66% consideram a Delegacia da Mulher como primeiro recurso que a vítima de violência doméstica deve buscar.

36% das mulheres entrevistadas já sofreram algum tipo de violência doméstica.
Violência psicológica (27%) e violência física (17%) são as mais apontadas. Mulheres negras relatam mais do que as brancas haverem sofrido violência física e violência psicológica. E uma em cada dez mulheres entrevistadas declarou já ter sofrido violência
sexual praticada pelo parceiro (atual ou ex).

Quase a totalidade das mulheres vítimas de violência domésticatomou alguma atitude, sendo a principal reação terminar orelacionamento (55%).

Sofrer e praticar violência doméstica não são equivalentes. Amaioria absoluta dos homens (94%) afirma não ter praticadonenhum tipo de violência contra sua esposa, companheira ou namorada (atual ou ex).

Embora o número de homens (27%) que declaram já ter praticado alguma forma de violência contra a parceira seja muito pequeno para uma análise estatística, é possível fazer uma análise indicativa a partir das respostas sobre as reações da mulher após ter sido agredida. A maioria dos homens que admitem alguma forma de violência contra a parceira, esposa, companheira ou namorada afirma ter resolvido a situação na conversa (66%); 30% afirmaram que elas revidaram a agressão e 17%, que elas terminaram o relacionamento.

Para a maioria da população (53%), as mulheres não conseguem sair de uma relação violenta por dependerem financeiramente do agressor; 43% acreditam que é em razão do medo de serem mortas e 42% têm medo de perder a guarda dos filhos. O acolhimento da família e de amigos é o apoio mais considerado para que essas mulheres saiam de uma relação violenta. Parcela significativa menciona ainda o apoio do Estado, seja da polícia ou justiça, para se protegerem do agressor, ou de assistência social e psicológica.

Ampla maioria (93%) acredita que as pessoas devem dar apoio/denunciar ao perceberem que uma mulher está sendo ameaçada. Para 90%, se houvesse apoio do Estado as mulheres em situação de violência doméstica se sentiriam mais seguras para denunciar e sair da relação violenta e, para 85%, os homens que praticam violência doméstica sabem que isso é um crime, mas acreditam que não serão punidos.

Para 72% dos entrevistados, muitos policiais não acreditam na seriedade das denúncias de violência doméstica. Para 69%, a Justiça trata esse tipo de violência como um assunto pouco importante.

A percepção de que muitos policiais não acreditam na seriedade das denúncias de violência doméstica é mais acentuada entre as mulheres (78%), enquanto a discordância da afirmação é maior entre os homens (26%).

A pesquisa mostra que a população brasileira reconhece a importância do apoio de amigos e familiares e o papel das políticas públicas – seja da polícia ou justiça para se protegerem
do agressor ou de assistência social e psicológica para se sentirem mais seguras para denunciar e reconstruir suas vidas.

Entre as mulheres que pessoalmente sofreram alguma forma de violência doméstica, o empoderamento econômico e o fortalecimento da autoestima são fatores considerados
importantes para que consigam sair da relação violenta.

A opinião unânime dos brasileiros – e é importante destacar que não há diferença significativa entre as respostas das mulheres e homens entrevistados – é de que é preciso aumentar o número e a qualidade dos serviços de atendimento às mulheres.

Sobre a pesquisa

A pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil foi realizada pelo Ipec e Instituto Patrícia Galvão, com apoio do Instituto Beja. Foram entrevistadas por telefone 1.200 pessoas (800 mulheres e 400 homens), com 18 anos ou mais, entre 14 e 24 de outubro de 2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Objetivo

Compreender as percepções e experiências da população brasileira com acesso a um telefone sobre violência doméstica contra a mulher, redes de apoio, canais de denúncia e os serviços e programas de atendimento às vítimas.

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