O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje (6), que anunciará, em breve, um projeto para redesenhar o cheque especial. Em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Campos Neto classificou o cheque especial como “um produto muito regressivo”, com peso maior de juros sobre quem tem menor renda.
Ele destacou que a maioria das pessoas que usam o cheque especial têm renda baixa e menos acesso à educação financeira. Segundo Campos Neto, 44% dos que usam o cheque especial ganham até 2 salários mínimos e 67% cursaram até o ensino médio.
Cenário externo
Campos Neto disse que a revisão para baixo na estimativa de crescimento da economia brasileira, que passou de 1,58% para 0,91% este ano foi devido à crise da Argentina, ao “choque Global” e à tragédia em Brumadinho.
Segundo Campos Neto, a crise argentina fez as exportações brasileiras caírem fortemente. “Há menor corrente de comércio global. Brumadinho gerou grande queda na indústria extrativa mineral. Esses choques transformaram o crescimento de 1,6% em alguma coisa perto de 0,9”, disse.
Investimento privado
Campos Neto disse que o crescimento do país “tem sido um pouco mais atrasado, mas vai ser de maior qualidade” em meio a melhores condições para o investimento privado no país, em substituição ao público. “Mais privado, menos público, vai ser mais eficiente e duradouro”, disse.
Inflação
O presidente do BC ressaltou a inflação “baixa, controlada, rotado abaixo da meta”, acrescentando que “as inflações esperadas pelo mercado estão todas dentro da meta. O fenômeno de inflação baixa não é brasileiro. É amplo”. Ele disse que esse cenário permite fazer um “movimento de queda mais eficiente” da taxa básica de juros, a Selic.
O presidente do BC disse que a possibilidade de voltar a reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro, “foi um passo no sentido da transparência”. No último dia 30, o comitê reduziu a Selic para 5% ao ano, com corte de 0,5 ponto percentual.