Segundo pessoas próximas do ex-presidente, aceitar a prisão domiciliar “aliviaria a pressão” sobre o STF e sobre o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso que apura tentativa de golpe de Estado e atentado contra o Estado Democrático de Direito.
Por Humberto Azevedo
Aliados do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) acreditam que ele não irá solicitar o cumprimento de pena em prisão domiciliar, caso seja condenado por envolvimento na tentativa de golpe de Estado, conforme informações da colunista do jornal fluminense O Globo, Bela Megale. Para esse grupo de interlocutores do ex-presidente, Bolsonaro irá preferir manter o discurso de perseguição política, mesmo diante de uma possível condenação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, aceitar a prisão domiciliar “aliviaria a pressão” sobre o STF e sobre o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso que apura tentativa de golpe de Estado e atentado contra o Estado Democrático de Direito. Na avaliação desses aliados, o ex-capitão do Exército teria mais a ganhar politicamente se ficasse detido em uma unidade militar, como o general e ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, mantendo a narrativa de injustiça e inflamando sua base bolsonarista.
Além disso, a defesa de Bolsonaro teria que solicitar oficialmente a domiciliar ao STF, o que, para seus aliados, seria como admitir que ele foi realmente condenado e enfraqueceria seu discurso de inocência. Por outro lado, integrantes do governo Lula (PT) com trânsito no Judiciário acreditam que, caso Bolsonaro peça, há chances reais de conseguir a prisão domiciliar. A justificativa estaria baseada na saúde frágil do ex-mandatário, agravada desde a facada sofrida em 2018 e pelas cirurgias intestinais que enfrentou.
Dentro do STF, o caso do ex-deputado Nelson Meurer ainda causa desconforto. Condenado na Lava Jato, ele morreu em 2020 após contrair coronavírus (Covid-19) na prisão, depois de ter o pedido de domiciliar negado diversas vezes. Esse episódio é considerado um “trauma” na Corte, que pode pesar na decisão sobre Bolsonaro.
O ex-presidente responde no STF por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada, dano ao patrimônio público e tentativa de subversão da ordem constitucional. Se for condenado, pode ser sentenciado a mais de 40 anos de prisão e ter sua inelegibilidade prorrogada para além de 2030.
Com informações do DCM.