Com contrato de quase R$ 1 milhão, Instituto Social de Saúde São Lucas não fornece serviços básicos
Mídia News
Vereadores de São José do Rio Claro querem abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra o Instituto Social de Saúde São Lucas após denúncias de caos e descaso na Saúde Pública do Município. A mais recente foi a morte de um morador da cidade por suposta negligência.
O instituto também atua em Campo Verde, onde uma paciente ficou com a barriga exposta por causa de uma grave infecção.
Em entrevista ao MidiaNews, o vereador Edmar Fidelis (União) revelou que o instituto tem um contrato de quase R$ 1 milhão mensais com a Prefeitura para gerir o Hospital Municipal e o Pronto Atendimento, mas não vem prestando serviços básicos à população.
“[Eles têm um] médico recém-formado que quando precisa intubar um paciente tem que ligar para outro médico para ajudar, porque ele não sabe. Em caso de cirurgia, por exemplo, [quando] a pessoa chega acidentada e precisa fazer algum procedimento para estabilizar, hoje o Município não tem”, afirmou.
“Virou ambulancioterapia, que é pegar o paciente e levar para Cuiabá. Se quebrar o braço, uma perna, um dedo, é tudo fora do Município. Não tem nada aqui. Vamos abrir uma CPI contra os serviços que estão no contrato e que não estão sendo executados”, acrescentou.
O vereador relatou que há algumas semanas um paciente morreu devido à negligência médica ao não receber o devido atendimento para uma hérnia inguinal. Ele passou uma semana internado à espera de um exame de ultrassom, mas piorou e precisou ser trazido ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde não resistiu e faleceu.
“O Município não tem um médico que opera o ultrassom. Os próprios médicos do HMC falaram para a família que o médico [de São José do Rio Claro] matou o marido dela. Ele tinha total condição de sobreviver”, disse.
A falta de exames de ultrassom, de anestesistas e obstetras também têm afetado o atendimento às mulheres grávidas. De acordo com o parlamentar, nos últimos sete meses ao menos 64 bebês nasceram fora de São José do Rio Claro devido à falta de atendimento especializado.
O instituto também é alvo de críticas em outros municípios em que atua, como em Campo Verde. Um vídeo que circula em aplicativos de mensagem mostra o caso da mulher que ficou com a barriga aberta após um procedimento médico.
Na filmagem, a acompanhante narra que a paciente precisará voltar para Campo Verde após ser transferida e o médico de outro hospital alegar que “não poderia fazer nada” pela mulher. (Veja ao final da matéria).
No contrato firmado com a Prefeitura desde 2023, ao qual a reportagem teve acesso pelo Portal Transparência, o instituto assume o compromisso de prestar diversos serviços, entre eles: ultrassonografia 24 horas, serviços hospitalares com desenvolvimento de “técnicas modernas e adequadas” e atendimento médico contínuo.
Investigação
O vereador afirmou que os parlamentares da Câmara de São José do Rio Claro estão reunindo denúncias e analisando o contrato para poder abrir uma CPI. Eles também devem entrar com um pedido de afastamento da secretária municipal de Saúde, Cleide Maria Anzil.
Segundo Edmar, ela não tem respondido nenhuma das cobranças dos vereadores a respeito da Saúde e mostra-se “conivente” com a atuação do instituto.
“Ela deveria estar cobrando com rigidez o pessoal do instituto, mas a gente sabe que a secretária tem algum vínculo com ele, porque ela não deixou entrar outro aqui. Saiu o Instituto Social de Saúde e Resgate à Vida (ISSRV) e entrou o São Lucas, mas são as mesmas pessoas [administrando]. Então, a chance de ter irregularidade é grande”, disse.
Ainda de acordo com o vereador, o prefeito Levi Ribeiro (Podemos) também estaria tentando descredibilizar as denúncias feitas pelos vereadores sobre a Saúde no município. Porém, Edmar disse que a Câmara não deve pedir o afastamento do gestor no momento.