Por Joanice de Deus |Há cerca de 40 dias, as queimadas vêm devastando o Pantanal, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, em Mato Grosso.
A estimativa das autoridades públicas é de que 1,2 milhão de hectares já foram consumidos pelas chamas no Estado.
Agora, para reforçar os mecanismos de combate aos focos, o Corpo de Bombeiros Militares iniciou, nesta semana, o teste com uso de retardantes usado em incêndios florestais.
A secretária de Estado de Meio Ambiente (Sema), Mauren Lazzaretti, reconhece que o Estado enfrenta uma situação de calamidade.
De acordo com o Governo do Estado, a estratégia foi testada na Fazenda São João, vizinha ao Parque Estadual Encontro das Águas e à região de Porto Jofre.
A localidade é conhecida pela alta concentração de onças pintadas e teve 51 mil hectares, do total de 108 mil hectares, queimados pelo fogo iniciado há cerca de oito dias.
O trabalho de testes na fase terrestre, desenvolvido pelos bombeiros, faz parte da operação “Pantanal II” e terá duração de três dias.
Para isso, será empregado o uso de 20 mil litros da substância misturada com água.
Também serão coletadas 30 amostras do solo, que devem ser encaminhadas para análise de laboratório e testagem da eficácia do produto.
Por meio da assessoria de imprensa, o Governo do Estado informou que o agente químico, desenvolvido no Estado do Espírito Santo, já foi utilizado em outros países com eficácia, como Chile, Canadá e Estados Unidos, para a mesma finalidade.
O resultado deve ser concluído em até 30 dias.
O material é aplicado em uma faixa de dois metros e não contém elementos tóxicos que danifiquem ou provoquem danos ao meio ambiente, conforme laudos do Ibama.
Além do retardante, as equipes também vão fazer demarcações em uma área de 50 quilômetros.
A ideia é criar uma espécie de refúgio para os animais que vêm sofrendo com as queimadas, desidratação e risco de óbito de espécies de pequeno e grande porte.
“Também estamos testando o impacto desse insumo no meio ambiente. Temos inúmeras equipes trabalhando de forma integrada visando proteger, ao máximo, a unidade de conservação, considerando sua relevância no Brasil e no mundo. Não temos estimativas de animais atingidos, mas não há dúvidas de que são muitos. O Pantanal já teve mais de um milhão de hectares queimados”, disse Paulo André da Silva Barroso, secretário executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo (CGF).
A secretária Mauren Lazzaretti defendeu o uso dos produtos químicos e reforçou a necessidade da avaliação a respeito dos impactos que os retardantes podem causar ao meio ambiente.
“Mato Grosso está enfrentando uma situação de calamidade, especialmente, no Pantanal, e os bombeiros estão em uma operação de guerra contra o fogo. Precisamos nos valer das melhores técnicas existentes no país e no mundo e, para isso, vamos aplicar o produto e avaliar os seus reflexos. Nesse momento, temos um impacto gigante sendo imposto ao Pantanal, com perda de biodiversidade, enfraquecimento do solo e sofrimento da fauna. As novas técnicas podem auxiliar nesse combate e minimizar os impactos atuais”, afirmou a secretária.
No Pantanal, cinco frentes de trabalho foram deflagradas por uma força-tarefa que atua diretamente para conter o incêndio.
Segundo o Governo do Estado, seis aeronaves são utilizadas para monitorar e reconhecer os novos focos de calor.
Duas delas foram enviadas na última quarta-feira (9), para possibilitar o lançamento de aproximadamente 30 mil litros de água nas frentes dos incêndios que avançam da porção sul do Parque Encontro das Águas e nas proximidades de Porto Jofre, em Poconé (100 km ao Sul de Cuiabá).
Devido à concentração de onças pintadas, a região do Parque Encontro das Águas foi considerada uma das frentes prioritárias pelo plano operacional, coordenado pelo Comitê Temporário Integrado Multiagências de Coordenação Operacional de MT (Ciman/MT).
Fonte: Diário de Cuiabá