COMPROMETIMENTO

Estudantes contam sobre rotina em escola pública em 2024

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Alunos do Liceu Cuiabano dizem que a instituição se destaca pelo compromisso com a educação e pela preservação de um patrimônio cultural da capital mato-grossense.

 

A cada ano letivo que se encerra, estudantes do Ensino Médio no Brasil enfrentam o desafio de planejar o futuro acadêmico e profissional. No caso daqueles que cursam o terceiro ano, o momento marca o fim de um ciclo escolar e o início de escolhas importantes, como a decisão sobre qual curso universitário seguir.

 

Na Escola Estadual Liceu Cuiabano, uma das mais tradicionais de Cuiabá, esse trabalho de orientação vocacional é parte fundamental do processo pedagógico. Localizada em um prédio histórico tombado pelo patrimônio estadual, a instituição possui 145 anos de existência e desempenha um papel central na preservação do Centro Histórico da capital mato-grossense.

 

O Liceu Cuiabano oferece exclusivamente o Ensino Médio, funcionando em três turnos: manhã, tarde e noite. Em 2024, a escola atendeu cerca de 1.400 alunos, e a expectativa é manter esse número neste ano, com possibilidade de chegar a 1.500.

 

O Liceu, ao longo de sua trajetória, passou por diversas mudanças curriculares, mas mantém sua essência de promover ensino de excelência. Em um momento decisivo para muitos jovens, a escola continua desempenhando um papel crucial na formação acadêmica e na construção do futuro de seus alunos.

Diretor da unidade, Lucas Vaz. (Foto: arquivo pessoal)

Lucas Vaz, 29 anos, formado em Geografia, é o atual diretor da unidade escolar. Em 2024, ele concluiu seu primeiro ano como gestor, embora já tivesse atuado anteriormente como coordenador em outras escolas estaduais. Hoje, ele se destaca pelo trabalho realizado no Liceu Cuiabano, focando na melhoria tanto da parte pedagógica quanto da infraestrutura da instituição. Segundo Lucas, foram implementadas diversas iniciativas voltadas à modernização dos espaços e ao aumento do conforto para os estudantes.

 

“Ao assumir a gestão, um dos desafios mais imediatos foi enfrentar os problemas de estrutura física. Quando cheguei, as condições eram críticas: a quadra estava inutilizável por falta de parte do teto; a biblioteca estava interditada devido ao piso cedido; as paredes apresentavam danos; as portas estavam pichadas; e os banheiros em péssimo estado, sem espelhos e praticamente inutilizáveis. O anfiteatro também apresentava deterioração, com cadeiras rasgadas e aparelhos de ar-condicionado sem funcionar.

 

No primeiro semestre, concentrei esforços em resolver essas questões. Reformamos o anfiteatro, restauramos a quadra, revitalizamos a biblioteca, pintamos todo o interior da escola e inserimos grafites feitos pelos próprios alunos, tanto no interior quanto no exterior. Essas intervenções devolveram vida à escola e engajaram os estudantes no processo de reconstrução. Hoje, não há pichações nem sinais de deterioração, o que demonstra o cuidado dos alunos com o espaço”, pontua Lucas.

 

Além das intervenções estruturais ao longo do ano, Lucas também implementou ações pedagógicas voltadas para a melhoria do ensino. Uma das principais iniciativas foi a criação de projetos específicos para o Ensino Médio, como os programas Liceu Enem. O projeto Liceu promovia simulados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a cada bimestre, com o objetivo de preparar os alunos para o exame. Esses simulados foram realizados com todas as turmas do Ensino Médio, ajudando os estudantes a se familiarizarem com a dinâmica do exame.

 

Além disso, diversos eventos foram realizados na escola para aproximar as famílias dos alunos, promovendo maior integração entre a comunidade escolar. Essas ações fortaleceram o vínculo entre os alunos e a escola, criando um ambiente de apoio mútuo e participação ativa.

 

Os trabalhos realizados ao longo de 2024 refletiram o compromisso de Lucas com a melhoria contínua da educação e o fortalecimento do papel da escola na comunidade. Como resultado dessas ações, a escola obteve desempenhos positivos, com alunos aprovados em universidades públicas, como a Unemat, UFMT e IFMT, em 2023.

 

Os alunos conquistaram vagas em diversos cursos, como Medicina, Educação Física, Geografia, Enfermagem, Farmácia, Direito, Psicologia, entre outros. Em 2023, a escola também teve a satisfação de aprovar um aluno em Medicina. Para o futuro, a expectativa do diretor Lucas é que esse número de aprovados continue com mais estudantes conquistando vagas no ensino superior.

 

Contudo, os resultados conquistados pelos alunos da escola, que refletem o trabalho pedagógico realizado, são apenas uma parte dos esforços contínuos. A escola está desenvolvendo outros projetos, em parceria com universidades e instituições federais de Cuiabá, que visam modernizar o processo de gestão escolar.

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Um desses projetos inclui a digitalização e organização dos arquivos históricos da escola, que abrangem todo o tempo de sua existência na capital. Para Lucas, essa iniciativa trará uma contribuição significativa para a modernização da escola e para o aprimoramento da gestão de seus documentos.

 

“Um projeto importantíssimo que estamos desenvolvendo aqui na escola envolve três alunos que estão com bolsas de iniciação científica pela UFMT. Fizemos uma parceria com a universidade para digitalizar documentos históricos da escola, incluindo registros do século XIX. Esse trabalho já está em andamento e resultará na criação de um museu virtual. O objetivo é preservar essa memória e democratizar o acesso às informações históricas que temos armazenadas, muitas das quais despertam interesse em pesquisas científicas. Pesquisadores frequentemente enfrentam dificuldades para localizar documentos ou informações, e esse projeto facilitará o acesso”, ressalta.

 

Diante dos projetos em andamento e do trabalho desenvolvido com os alunos, Lucas também destaca a importância do cuidado com os estudantes do Ensino Médio, uma fase de transição crucial para o futuro deles. É nesse momento que os alunos começam a se direcionar para a faculdade e a construir suas carreiras profissionais. Para Lucas, esse é um grande desafio para a direção da escola: manter um padrão de qualidade no ensino que seja eficaz em sala de aula, garantindo que os alunos realmente aprendam e se preparem para essa nova etapa de suas vidas.

 

Diante disso, a cada ano que se inicia, é necessário realizar um planejamento cuidadoso para a escola. Lucas acredita que isso se torna um desafio, pois é preciso garantir que os projetos e planejamentos da escola sejam implementados de maneira eficaz ao longo do ano, assegurando que tudo ocorra conforme o planejado.

 

“A parte mais desafiadora de ser professor e trabalhar na educação é, sem dúvida, o planejamento. Para estar em sala de aula e realizar sua regência, é necessária uma preparação prévia cuidadosa. É preciso planejar o tempo, pensar na metodologia, organizar o espaço e estruturar todas as ações pedagógicas, seja para uma aula regular ou para projetos extracurriculares”, explica Lucas.

 

Apesar dos bons resultados obtidos pela escola Liceu Cuiabano, os alunos também compartilham suas experiências sobre como foi fazer parte da instituição e o impacto do trabalho didático em seu aprendizado. Um exemplo é Isabele Vitória Arruda, de 18 anos, que concluiu o Ensino Médio no Liceu
Cuiabano em 2024.

 

Ela cursou o 3º ano no período matutino, em uma turma composta por 38 alunos, e passou todo o seu Ensino Médio na escola. Isabele pretende cursar Psicologia ou Estética e compartilha como foi a experiência de estudar no Liceu Cuiabano.

 

“Foi um ano muito importante para mim porque era o meu último ano, então eu teria que me dedicar ainda mais do que já me dedicava, por conta do Enem e dos projetos que acontecem na escola. Foi um ano que me marcou bastante, porque estudar aqui no Liceu é algo muito bom. É uma escola que carrega uma história e um legado imensos, então foi um privilégio para mim estudar aqui e ter conseguido uma vaga, pois, afinal, é difícil conseguir uma vaga aqui. Foi incrível ter estudado aqui”, conta Isabele.

 

Com todo o seu ano de ensino médio estudando na escola e participando dos projetos, como feiras de livros e Olimpíadas, Isabele foi uma aluna bastante ativa. Além dos momentos de aula, ela espera que os alunos que fazem parte da escola possam cada vez mais reconhecer a representatividade que a instituição tem para aqueles que nela estudam.

 

“Que eles venham valorizar a escola, os professores, os coordenadores e as pessoas que trabalham aqui. Valorizar essa oportunidade que temos de estudar em uma escola tão grande, que tem um legado tão extraordinário, e aproveitar cada momento, cada projeto. Também participem dos projetos que conseguirem. Por mais que seja difícil conciliar muitas coisas ao mesmo tempo, participem, porque é muito bom e aproveitem”, finaliza.

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Por outro lado, há o aluno Edenilson Nascimento, 16 anos, que estava no segundo ano, turma C, período matutino. Em 2025, porém, ele irá para o terceiro ano, seu último ano no ensino médio. Edenilson já tem o sonho de se tornar jogador de futebol após a conclusão dos estudos. Para isso, ele treina diariamente, seja em campo ou na área. Já participou de jogos em outros estados, como Minas Gerais. No entanto, apesar de todo esse esforço para se tornar jogador de futebol, Edenilson ressalta a importância de manter os estudos e saber conciliar as duas coisas.

 

“Para os alunos que querem ser alguém no futuro, é importante estudar bastante, porque estudar vale a pena. É por isso que a maioria dos pais insiste para que os filhos estudem, porque estudar sempre é bom. Mesmo que você não goste, é necessário estudar para não prejudicar seu futuro”, destaca Edenilson.

 

Professor já deu aula para diversos alunos. (Foto: arquivo pessoal)

A aluna Maria Luiza Pedroso, de 16 anos, foi do primeiro ano C, período matutino, em 2024, e esse foi seu primeiro ano na escola. Em 2025, ela passará para o segundo ano do ensino médio. Maria, que tem o sonho de cursar Medicina ou Cinema, começou sua preparação e, em 2024, prestou o Enem como treineira. Ela tem apenas elogios à escola, especialmente ao método de ensino e aos professores altamente capacitados. Assim, ela espera que, em 2025, a escola continue com os projetos como as Olimpíadas, o Show de Talentos e a Feira do Conhecimento.

 

“Quando vim para cá, minha matemática melhorou tanto que comecei a gostar da matéria! Os professores daqui são maravilhosos e têm uma forma incrível de ensinar. O diretor também é muito acolhedor, assim como a coordenação. A minha expectativa é que este ano seja ainda melhor do que foi o ano passado. Eu acredito que vai ter vários projetos legais, além de aulas ainda mais interessantes”, pontua Maria.

 

Atualmente, a Escola Liceu Cuiabano também mantém o legado de seu uniforme, que tem o mesmo modelo há mais de 20 anos, sendo uma marca da escola e fazendo parte da memória e da identidade da instituição, preservada ao longo do tempo, como explica o diretor Lucas.

 

“Há uma forte resistência por parte dos alunos e professores devido à identidade histórica que o uniforme atual representa. Fizemos diversas solicitações à Secretaria de Educação (Seduc) para manter o uniforme tradicional”, explica Lucas.

 

Com a chegada do início do ano letivo, começam os planejamentos nas escolas. Diante disso, Lucas já está desenvolvendo vários projetos que serão compartilhados com os professores e alunos, além de dar continuidade aos demais projetos existentes, expandindo suas ações.

 

“O principal objetivo da escola é ampliar os projetos que já foram realizados, como as Olimpíadas. Queremos torná-las maiores, assim como a Festa Junina e o Show de Talentos. O projeto Criar Arte também será ampliado, assim como a sala de criação de conteúdo digital. Nosso objetivo é expandir todos esses projetos com a intenção de tornar a escola vocacionada para os estudos de arte e cultura. Todos esses projetos voltados à produção audiovisual, artística e cultural serão estimulados, para que, até o final do próximo ano, possamos tê-los bem estruturados e organizados”, cita.

 

“Em 2026, entraremos com o pedido de mudança de currículo, para termos professores de teatro, música e artes plásticas, por exemplo. Assim, mudaremos o currículo da escola. Além disso, temos a Banda de Fanfarra, que já está funcionando a todo vapor, e nosso objetivo é expandi-la. Tenho a intenção de incluir uma aula de instrumentos tradicionais indígenas e quilombolas para diferenciar nossa fanfarra das demais, além de marcar a identidade cultural cuiabana. É inegável que os povos indígenas e quilombolas foram fundamentais para a construção deste estado. Portanto, temos o desejo de resgatar essa cultura e destacá-la, pois ela é parte essencial da nossa história”, finaliza Lucas.

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