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sábado, maio 11, 2024
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Após homicídio de candidato presidencial, Equador está em estado de emergência

RTP Notícias

 

O presidente do Equador, o conservador Guillermo Lasso, decretou na noite de quarta-feira o estado de emergência no país durante 60 dias, após o homicídio do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Foram ainda decretados três dias de luto nacional.

O assassinato do candidato presidencial, à saída de um evento da campanha eleitoral, chocou o país sul-americano, onde a crescente violência relacionada com as drogas é uma grande preocupação para os eleitores.

Nas redes sociais, circulam vários vídeos que mostram Villavicencio rodeado de apoiantes a ser escoltado por seguranças até um veículo que o aguardava, quando soaram os tiros.

Fernando Villavicencio era um forte crítico da corrupção e do crime organizado.
Enquanto jornalista, foi um detrator declarado do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017). O assassinato provocou a ira dos seus apoiantes.O crime acontece a 11 dias das eleições presidenciais.

Villavicencio tinha sido condenado a 18 meses de prisão por difamação e críticas feitas contra o ex-chefe de Estado, mas fugiu para um território indígena no Equador, tendo mais tarde recebido asilo no Peru, antes de regressar ao seu país depois de Correa ter deixado o cargo. Atualmente deslocava-se com proteção policial face às ameaças de que tinha sido alvo.

Segundo informações não oficiais, há relatos de 30 tiros, tendo o candidato presidencial sido baleado na cabeça. Há ainda o registo de mais nove feridos. De acordo com as autoridades, o suspeito do ataque também morreu.

Entre os nove feridos conta-se uma candidata a deputada e dois agentes policiais, adiantou o Ministério Público, que, juntamente com a polícia, está a recolher provas no local do crime e no centro médico para onde as vítimas foram transportadas.

O ministro do Interior, Juan Zapata, garantiu que o ataque foi realizado por assassinos contratados.

O atentado ocorreu após um comício realizado por Villavicencio num coliseu de uma zona central e movimentada da capital, onde um atirador desconhecido disparou contra o candidato a ocupar o lugar presidencial do Equador nas eleições gerais extraordinárias marcadas para 20 de agosto.

O partido de Villavicencio, Movimiento Construye, havia afirmado na quarta-feira que tinham sido realizadas recentemente discussões sobre a suspensão da campanha devido à violência política, incluindo o assassinato em julho do presidente da Câmara de Manta.

Villavicencio opôs-se a essa suspensão, considerando que se tratava de um ato de cobardia.

Na terça-feira, o candidato tinha apresentado um relatório à Procuradoria-Geral da República sobre um negócio petrolífero, mas não foram divulgados mais pormenores do seu relatório. 

Villavicencio, de 59 anos, tinha 7,5 por cento de apoio nas sondagens, o que o coloca em quinto lugar entre oito candidatos.
Dias antes de ser assassinado, Villavicencio afirmara na televisão pública ter recebido várias ameaças de morte que alegadamente provinham do líder do gang Choneros, também conhecido por Fito, que o mandava parar de mencionar o seu nome.

Além de Villavicencio, são candidatos às eleições presidenciais o ambientalista Yaku Pérez, a antiga deputada Luisa González, o especialista em segurança Jan Topic, o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, o político Daniel Hervas, o empresário Daniel Noboa e o independente Bolívar Armijos. 
A luta contra a criminalidade é uma das principais promessas dos candidatos que aspiram a suceder ao conservador Guillermo Lasso como presidente nas eleições extraordinárias.
Em mensagem à nação após uma reunião do Gabinete de Segurança do Estado, Guillermo Lasso afirmou que vai manter a data das eleições gerais extraordinárias, agendadas para 20 de agosto, mas que serão destacados militares pelo país para assegurar a segurança dos eleitores.
As reações dos restantes candidatos
Os demais candidatos presidenciais manifestaram consternação e indignação pelo homicídio de Fernando Villavicencio e anunciaram a suspensão das ações de campanha.A candidata Luisa Gonzalez, que concorre pelo partido de Rafael Correa e lidera com 29,3 por cento de apoio, expressou horror, mas não suspendeu a campanha.

O candidato indígena Yaku Pérez e o candidato da lei e da ordem, Jan Topic, suspenderam as suas campanhas, enquanto o empresário Otto Sonnenholzner implorou ao Governo que tomasse medidas.

Otto Sonnenholzner tweetou: “As nossas mais profundas condolências e solidariedade para com os entes queridos de Fernando Villavicencio. Que Deus o guarde na sua glória. O nosso país está a ficar fora de controlo”.

Já Jan Topic, outro dos candidatos à Presidência, frisou: “Hoje, mais do que nunca, reitera-se a necessidade de atuar com firmeza contra o crime. Que Deus o tenha na sua glória”.

Poucos minutos após a confirmação da morte do jornalista e antigo deputado, o presidente do Equador expressou também consternação pelo homicídio de Villavicencio e prometeu que o crime não ficará impune.

O assassinato ocorreu no meio de um aumento da criminalidade violenta no pequeno país sul-americano, com bandos rivais de traficantes de droga a perpetrarem massacres nas prisões e com as taxas de homicídio a duplicarem entre 2020 e 2022.

“Indignado e consternado com o assassínio do candidato presidencial Fernando Villavicencio. A minha solidariedade e condolências à esposa e filhas. Pela sua memória e pela sua luta, asseguro-vos que este crime não ficará impune”, escreveu Lasso nas redes sociais.

“O crime organizado foi muito longe, mas vai-lhe cair todo o peso da lei”, declarou o chefe de Estado, que convocou as eleições antecipadas no meio de um processo de impugnação. Atribuiu o aumento da violência nas ruas e nas prisões às lutas internas criminosas para controlar as rotas do tráfico de droga utilizadas pelos cartéis mexicanos, a máfia albanesa e outros.As preocupações com a segurança, juntamente com o emprego e a migração, são questões importantes na disputa presidencial.

Também Rafael Correa, que esteve no poder entre 2007 e 2017, reagiu ao assassinato do seu detrator. “O Equador tornou-se um Estado falhado”, escreveu o ex-chefe de Estado, que vive atualmente na Bélgica, na plataforma social X, anteriormente conhecida como Twitter.

“Esperemos que aqueles que tentam semear mais ódio com esta nova tragédia compreendam que só continuarão a destruir-nos”.

México, Honduras, Colômbia e Espanha foram os primeiros países a condenar o atentado. 

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