BRASÍLIA

R$ 178 bi em financiamento

Ao completar dez anos, Banco dos BRICS é homenageado por promover modelo financeiro “mais justo”

Lula, ex-presidenta Dilma, ministro Fernando Haddad e demais autoridades dos países do BRICS durante reunião anual do NDB, no Rio de Janeiro. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

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A presidenta da instituição denominada de NDB, Dilma Rousseff, classificou o Banco do BRICS como fundamental para reformar as instituições financeiras mundiais.

 

Por Humberto Azevedo

 

Desde sua criação, o Banco do BRICS – Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) aprovou quase R$ 178 bilhões (U$ 32,8 bilhões) em financiamentos em projetos em países como o África do Sul, Bangladesh, Brasil, China, Egito, Índia e Rússia o Banco dos BRICS, como é conhecido, foi homenageado nesta sexta-feira, 4 de julho, ao completar dez anos de existência, por promover um modelo financeiro “mais justo”.

 

Entre os destaques do NDB estão iniciativas como a expansão de redes de energia renovável na Índia, o desenvolvimento de infraestrutura ferroviária na África do Sul e o fortalecimento de sistemas de abastecimento de água no Nordeste brasileiro. O impacto da atuação nas economias emergentes permite a expansão de membros, que pode ampliar a base de capital do banco, hoje avaliada em R$ 542 bilhões (U$ 100 bilhões), e atrair mais investimentos globais.

 

A solenidade de comemoração dos dez anos do NDB aconteceu na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ) como parte integrante do encontro de cúpula dos chefes de Estado dos países membros e parceiros do BRICS, que acontecem na próxima semana entre os dias 4 e 5 de julho. Presente no evento, a presidenta do NDB, Dilma Rousseff, classificou o Banco do BRICS como fundamental para reformar as instituições financeiras mundiais.

 

Segundo ela, também ex-presidenta do Brasil, o NDB foi criado pelos membros fundadores do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como uma alternativa às tradicionais instituições multilaterais e uma resposta à necessidade de financiamento de longo prazo para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países que integram o agrupamento, bem como outras nações emergentes.

 

“A crise financeira de 2008 revelou as fragilidades do sistema financeiro global e gerou questionamentos sobre o FMI e o Banco Mundial. Nesse contexto, o BRICS emergiu como um grupo relevante na reestruturação da ordem econômica global. Defendendo maior representatividade dos países em desenvolvimento, o agrupamento criou iniciativas como o NDB para promover alternativas ao financiamento global”, destacou Dilma. 

 

“A criação do Novo Banco de Desenvolvimento, mais do que um simples marco institucional, foi algo maior, uma declaração política de intenções e de práticas. (…) Nós estamos apenas começando. Em nossa primeira década, o NDB lançou as bases. Na próxima década, devemos consolidar nosso papel de liderança para o desenvolvimento equitativo, sustentável e autônomo em um mundo multipolar. O que significa desenvolver ainda mais uma instituição que não seja apenas financeiramente sólida, mas que também seja politicamente relevante e transformadora”, complementou Dilma Rousseff.

 

EMERGENTES

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva que também participou da abertura do seminário sobre os dez anos do NDB, destacou a importância do Banco do BRICS para avançar na reforma de instituições financeiras – assunto este que está em negociação para constar na Declaração Final do BRICS deste ano. Lula discursou na solenidade, que reuniu ainda representantes de diversos bancos internacionais, além de ministros e autoridades estrangeiras e nacionais.

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“O NDB nasceu aqui no Brasil, na Cúpula de Fortaleza, em 2014. A decisão de criá-lo foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes. É fruto do desejo compartilhado de superar o profundo déficit de financiamento para o desenvolvimento sustentável. Em vez de aprofundar disparidades, o Novo Banco de Desenvolvimento assenta sua governança na igualdade de voz e voto. No lugar de oferecer programas que impõem condicionalidades, o NDB financia projetos alinhados a prioridades nacionais. Hoje, o NDB contribui de forma crescente na promoção de uma transição justa e soberana”, ressaltou o presidente brasileiro.

 

Lula também destacou a parceria do NDB no lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, durante a presidência brasileira do G20 (que reúne as vinte maiores economias do planeta), realizada no Brasil em 2024, além da importância do NDB para o debate internacional de reforma de instituições financeiras internacionais, que é tópico de debate do eixo de Finanças do BRICS. 

 

“A falta de reformas efetivas das instituições financeiras tradicionais limita, há décadas, o volume e os tipos de crédito oferecidos pelos nossos bancos multilaterais. (…) Nosso banco é mais do que um grande banco para a saída emergente. Ele é a comprovação de que uma arquitetura financeira reformada e um novo modelo de desenvolvimento mais justo é possível”, frisou o presidente brasileiro.

 

APRENDIZADO

 

Presidente Lula, a presidenta do NDB (Banco dos BRICS), Dilma Rousseff, celebram dez anos do NDB em cerimönia no RJ, às vésperas da Cúpula do BRICS. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, também presente na solenidade, destacou que o  NDB obteve aprendizado com outras instituições financeiras e aprimorou o compromisso com a equidade. Demais ministros da área econômica dos outros países do bloco como África do Sul, Índia e Rússia também marcaram presença no evento. A reunião técnica de finanças do BRICS aconteceu na tarde desta sexta. 

 

“Ao celebrarmos os 10 anos do NDB, reafirmamos nossa convicção de que é possível construir um modelo de cooperação sensível às necessidades dos nossos países. Que a próxima década seja marcada por ainda mais ambição, mais parcerias transformadoras e mais impacto positivo para gerações presentes e futuras” resumiu. 

 

FINANCIAMENTO AMBIENTAL

 

Parte da Declaração Final do BRICS, o financiamento climático foi enfatizado na discussão atual do NDB e do agrupamento. O presidente brasileiro reforçou o desafio de alcançar R$ 7 trilhões (US$ 1,3 trilhão) para promover o financiamento com a finalidade de manter as florestas em pé no mundo e que é tema da 30ª edição da Conferência sobre mudança no clima das Nações Unidas (COP-30), que acontecerá em Belém (PA) nos dias 10 a 21 de novembro. 

 

“O compromisso do NDB de direcionar 40% de seus financiamentos para projetos de desenvolvimento sustentável está alinhado com a Declaração sobre o Financiamento Climático, que adotaremos na Cúpula do BRICS. Essa é uma iniciativa que serve de estímulo e mobilização de recursos na reta final, que nos levará à COP30, em Belém, no coração da Amazônia”, acrescentou o presidente.

 

“A Conferência de Sevilla, encerrada há poucos dias, deixou claro que os recursos para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ainda não estão disponíveis na velocidade e na quantidade necessária. Em vez de aprofundar as disparidades, o Novo Banco de Desenvolvimento assenta a sua governança na igualdade “, apontou Lula.

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A presidenta do NDB, Dilma Rousseff, também destacou a importância desse financiamento e garantiu esforço para avançar a agenda.

 

“O financiamento climático, mais do que uma mera promessa, deve ser um mecanismo concreto em prol da adaptação, transição energética e resiliência, principalmente nos países mais afetados por eventos climáticos extremos. O NDB precisa estar na vanguarda desse esforço, ampliando os investimentos em infraestrutura verde, energia limpa, transição energética e tecnologias inteligentes para o clima”, apontou ela.

 

“Hoje, o NDB contribui de forma crescente na promoção de uma transição justa e soberana. Desde sua criação, mais de 120 projetos de investimento no valor de US$ 40 bilhões de dólares foram aprovados para a energia limpa, eficiência energética, transporte, proteção ambiental, abastecimento de água e ferramentas. No Brasil, os recursos do NDB já financiaram mais de 20 projetos em diferentes setores de e regiões do país, totalizando mais de US$ 3,5 bilhões de dólares. Sua rápida ação, diante da catástrofe causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, confirma a sua agilidade frente à situação difícil”, complementou Lula.

 

Lula ressaltou ainda os investimentos do NDB no Brasil e o apoio dado ao país durante a crise climática no Rio Grande do Sul, em 2024.

 

“No Brasil, os recursos do Novo Banco já financiaram mais de 20 projetos em diferentes setores e regiões do país, totalizando mais de 3,5 bilhões de dólares. Sua rápida ação diante da catástrofe causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul confirma a sua agilidade frente a situações de crise. O compromisso do NDB de direcionar 40% de seus financiamentos para projetos em desenvolvimento sustentável está alinhado com a Declaração sobre Financiamento Climático que adotaremos na Cúpula do BRICS. Essa é uma iniciativa que serve de estímulo e mobilização de recursos na reta final que nos levará à COP30 em Belém, no coração da Amazônia”, elogiou.

 

NOVO PARADIGMA

 

Para Lula, o fortalecimento do uso de moedas locais tornou-se a característica marcante do NDB, que surge como uma instituição capaz de apresentar um novo paradigma de financiamento para diversas nações.

 

“Atualmente, 31% dos projetos do NDB são realizados nas moedas dos países membros. A implementação do novo mecanismo de garantias multilaterais do BRICS, resultado da presidência brasileira, terá impacto positivo na capacidade de mitigação de risco e mobilização de capital privado. Esse é um esforço essencial da institucionalidade financeira do Banco e expande sua área de atuação”, citou o presidente brasileiro.

 

TECNOLOGIAS

 

O presidente do Brasil destacou também o trabalho do NDB voltado para novas tecnologias em diversas áreas e disse que espera o apoio da instituição para a possibilidade de um futuro projeto de comunicação entre as nações do BRICS.

 

“O NDB vem destinando investimentos para a integração de novas tecnologias em setores como saúde, educação, transporte e infraestrutura. O Brasil espera que o Banco financie estudo de viabilidade para um cabo submarino ligando os países do BRICS, que contribuirá para nossa soberania e aumento da velocidade na troca de dados”.

 

Com informações de assessorias.

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