Por Ademir Galiztki
O Brasil é o quinto maior produtor de couro bovino do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Rússia, Índia e Argentina. Atualmente, somos quase 200 países no mundo, segundo a FAO. Em termos de rebanho, somos o segundo maior, e os maiores fornecedores de couro são Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rondônia e Rio Grande do Sul. O maior curtume do Brasil está em Lindolfo Collor, no Rio Grande do Sul, operando há mais de 50 anos.
Em termos de arrecadação, São Paulo e Rio Grande do Sul têm potencialmente melhores resultados do que MT e RJ. Os principais compradores de nossos couros são China, Itália, Vietnã, Taiwan, Tailândia e Estados Unidos.
Segredos para curtir o couro: lave-o com sabão natural para eliminar o sangue e outras impurezas. Se desejar, aplique um pouco de sal para desidratar. Em seguida, seque bem o couro por alguns dias em um ambiente seco e arejado antes de iniciar o processo de curtimento. Um material muito utilizado para esse fim é a rotação de W, que confere uma coloração rosada clara ao couro. O curtimento visa tornar o couro mais durável, resistente, rústico e livre do ataque de microrganismos e enzimas. Isso também o torna elástico, resistente a rasgos e rupturas, e aumenta a estabilidade.
Na história, os grandes animais eram abatidos primeiramente para alimentos; o couro era utilizado para vestimentas, cobertores e calçados bastante rústicos. Antigamente, o couro era essencial devido às variações extremas de temperatura, desde o calor intenso até o frio próximo a zero. Conta-se que, sem esses couros, muitas pessoas teriam morrido devido ao frio intenso, não conseguindo dormir adequadamente por precisarem ficar próximas ao fogo durante a maior parte do tempo e ainda trabalhar durante o dia para sustentar suas famílias.
Se o couro não passa pelo processo de curtimento, ele tende a endurecer quando molhado e apodrecer após secar. A história do couro remonta a mais de 500 anos. Cabras, ovelhas, carneiros e cordeiros também tiveram seus couros utilizados como pergaminho muito antes da criação do papel. Principalmente em regiões frias, o couro proporcionava maior resistência e era mais branco que o papel.
Assim como o papel, que era feito a partir da planta de mesmo nome (papiro), o couro permitia a fabricação de milhares de objetos artesanais, roupas, sapatos, cintos, bolsas, chapéus, luvas, estofamentos de carros e barcos, tambores, almofadas, pufes, entre outros. A flexibilidade do couro era mantida estrategicamente com cascas e raízes de árvores para torná-lo mais resistente e durável, resultando em um negócio muito rentável.
Os motociclistas são grandes divulgadores do couro, seja em suas vestimentas ou como acessórios para enfeitar suas motos. Atualmente, o couro faz história por sua importância na economia brasileira e no comércio internacional. Se bem curtido, o couro é altamente resistente, flexível e elástico, superando qualquer material sintético. Com o tempo, o couro envelhecido torna-se ainda mais confortável para o uso em vestimentas ou para diversos fins.
Os curtumes têm grande importância para os gaúchos, carregando consigo essa rica história do couro e contribuindo significativamente para a economia brasileira. No mundo, são mais de 2,5 bilhões de peças de couro produzidas anualmente, totalizando mais de 80 bilhões de dólares.
Quando você desfilar
por aí com uma peça de couro – seja uma bota, sapato, jaqueta, cinto, pulseira de relógio -, saiba que isso faz parte de uma história repleta de riqueza, trabalho árduo e sacrifícios desde os tempos dos nômades. Conhece a música “Couro de Boi”? Ela conta a história de um filho pedindo ao pai para deixar a casa e lhe dar um couro de boi para se cobrir. O neto, vendo a situação, pede metade do couro para um dia também cuidar do pai.
A história do couro de boi é rica e antiga, representando uma parte significativa da história humana. Aqui, a família natureza está na veia.