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sexta-feira, maio 10, 2024
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Delator diz que pagou R$ 800 mil em “retornos” para advogado

Em colaboração premiada, médico afirmou que houve superfaturamento nos pagamentos.

por Mídia News

A Operação Cartão-Postal, deflagrada nesta quinta-feira (19) para investigar um esquema de desvios na Saúde de Sinop, só foi possível graças à colaboração premiada do médico e empresário Luiz Vagner Silveira Golembiouski. Ele revelou o pagamento de mais de R$ 870 mil de “retorno financeiro”  ao advogado Hugo Castilho por conta de um contrato superfaturado de prestação de serviços médicos na cidade.

A informação consta na decisão do juiz João Bosco Soares da Silva, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), que autorizou a operação

Luiz Vagner, que é dono da empresa Med Clin Serviços Médicos Ltda, firmou um acordo de delação e prestou depoimentos à Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) e ao Ministério Público Estadual.

Ele admitiu que integrou uma organização criminosa no fim do ano passado e repassou, entre os meses de novembro de 2022 e janeiro de 2023, o montante de R$ 877 mil a Hugo Castilho, um dos donos do Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP) e que foi preso nesta quinta.

O IGPP é uma organização social responsável por gerenciar as unidades de Saúde de Sinop. Além de Hugo, o instituto tinha como sócio o advogado Jefferson Geraldo Teixeira.

Segundo Luiz Vagner, a Med Clin firmou contratado com a IGPP em outubro do ano passado para fornecer um corpo de médicos plantonistas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), policlínica e Corpo de Bombeiros de Sinop.

Pelo serviço, a Med Clin receberia R$ 1,3 milhão mensais do IGPP, que por sua vez recebia recursos da Prefeitura.

“A devolução”

Luiz Vagner revelou que os contratos firmados entre Med Clin e IGPP seriam inflados, ou seja, havia superfaturamento.

“Isso está explícito para todo mundo (…). Recebe-se R$ 1.700,00 (por plantão) e paga R$ 1.200,00 (para o médico), tem R$ 500,00 aí que está desaparecido, tá em algum meio. Uma OS [organização social] não pode ter lucro”, disse Luiz Vagner, referindo-se ao status jurídico do IGPP.

O primeiro pagamento realizado pela IGPP à Med Clin ocorreu em novembro do ano passado no montante de R$ 1,3 milhão. Conforme Luiz Vagner, após os pagamentos dos médicos e impostos (R$ 1,015 milhão), sobraram entre R$ 335 mil e R$ 340 mil.

Foi quando Hugo Castilho lhe procurou e teria exigido a “devolução” de R$ 200 mil. No dia posterior à cobrança, no entanto, Luiz Vagner contou que a cobrança do “retorno” havia aumentado para R$ 277 mil. Caso não houvesse o pagamento, a MedClin perderia imediatamente o contrato com o IGPP em Sinop.

Luiz Vieira disse que por medo de perder o contrato aceitou fazer as devoluções, que eram realizadas por meio de Pix (transferências diretas) e TED, em valores menores que R$ 50 mil. Em novembro, o montante devolvido para contas indicadas por Hugo foi de R$ 293.092; em dezembro ficou em R$ 292,2 mil e janeiro R$ 291,8 mil.

O delator afirmou que rompeu com Hugo após o grupo tentar se instalar em Cuiabá.

Luiz Vieira ainda delatou um esquema no aluguel de ambulâncias para o município.

 

 

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