Iniciativa que liga diretamente o Porto de Santana (AP) à região da Grande Baía de Guangdong, amplia oportunidades; Quinto dia da comitiva na China amplia ainda parcerias estratégicas com foco em inovação, logística e bioeconomia.
Por Humberto Azevedo
No quinto dia da missão oficial do governo federal, liderada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, cumpriu agenda nesta sexta-feira, 15 de agosto, com autoridades locais e visitas a pontos estratégicos da província de Guangdong, com o objetivo de ampliar a cooperação regional, fortalecer relações comerciais e identificar oportunidades para o desenvolvimento sustentável no Brasil.
E um dos resultados mais significantes do fortalecimento das relações bilaterais entre Brasil e China foi a criação da rota marítima direta entre a região da Grande Baía de Guangdong e o Porto de Santana das Docas, no Amapá, que atualmente funciona de forma experimental. O ministro ressaltou que o governo brasileiro acompanha com atenção os avanços da China em políticas territoriais e considera essencial o diálogo com governos subnacionais que lideram processos de transformação econômica e social.
Pela manhã, a comitiva participou de reunião com o vice-governador da província de Guangdong, na cidade de Guangzhou. O encontro abordou a estratégia de desenvolvimento regional da Grande Baía de Guangdong — que integra as cidades de Guangzhou, Zhuhai e Shenzhen —, referência mundial em inovação, logística e conectividade.
A experiência chinesa pode inspirar projetos estruturantes para impulsionar a competitividade e a integração regional no Brasil. Em seguida, a delegação seguiu para o Porto de Gaolan onde serão discutidas iniciativas voltadas ao fortalecimento da rota marítima Gaolan–Santana, no Amapá, ampliando o intercâmbio comercial e logístico entre o Brasil e a China.
No final da tarde, o ministro cumpriu agenda em Zhuhai, onde foi recebido por autoridades municipais. A programação prevê a apresentação de projetos e oportunidades de cooperação nas áreas de bioeconomia, inovação e tecnologia, com foco no fortalecimento das relações comerciais entre Zhuhai e o Brasil, especialmente o estado do Amapá.
A missão da comitiva tem como propósito ampliar parcerias estratégicas em setores prioritários para o desenvolvimento regional, incluindo segurança hídrica, infraestrutura, meio ambiente, logística, inovação e fortalecimento da capacidade de prevenção e resposta a desastres no Brasil.
INTEGRAÇÃO INÉDITA

Considerando o impacto da rota marítima que integra a Amazônia com a Ásia, essa iniciativa para a inclusão brasileira nas cadeias globais de valor, o ministro Waldez Góes se reuniu com o vice-governador da província de Guangdong, Zhang Hu.
O encontro teve como foco apresentar oportunidades de comércio dos produtos da bioeconomia da Amazônia, especialmente do Amapá, que desempenham papel fundamental na valorização das práticas de manejo agrícola das populações tradicionais.
Reconhecida como a maior potência econômica da China, a província de Guangdong lidera o Produto Interno Bruto (PIB) daquele país e é um dos principais motores do crescimento e inovação do país. Além disso, concentra o maior número de empresas com atuação no Brasil, incluindo setores como o automobilístico, o industrial e o de tecnologia da informação e comunicação (TIC).
Na ocasião, Góes afirmou que a experiência da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau pode inspirar parcerias voltadas à bioindústria, transição energética, infraestrutura sustentável, desenvolvimento urbano e cooperação educacional e científica.
“É muito importante estreitarmos essa cooperação e fortalecermos o desenvolvimento regional do Brasil e da China. Devemos utilizar todas as possibilidades de cooperação no comércio para ampliar essa lista, indo além da soja, do café e da carne, com produtos que também despertam o interesse dos chineses, como açaí, cacau, mel, chá, champanhe, vinho e café”, exemplificou o ministro.
Em resposta às propostas brasileiras, o vice-governador da Província de Guangdong, Zhang Hu, afirmou que o governo local está disposto a ampliar as cooperações bilaterais e fortalecer a integração logística entre Brasil e China por meio da rota marítima entre a Baía de Guangdong e o Porto de Santana.
“Essa rota ainda está em fase experimental, mas Guangdong está disposta a fortalecer a conexão portuária e marítima do lado do Brasil, otimizando o layout das rotas e elevando a existência logística”, declarou.
“O Brasil e a China estão vivendo, depois de décadas, um dos melhores momentos de cooperação. São mais de cinquenta instrumentos de cooperação, nas mais diferentes áreas, construídos pelo presidente Lula e pelo presidente Xi Jinping”, resumiu.
Um dos órgãos que apoiam o governo brasileiro e as empresas nacionais que promovem a integração com empreendedores chineses de tecnologia, inovação e inteligência artificial é a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que abriu um escritório em Shenzhen em julho. A cidade está localizada na província de Guangdong.
COMUNIDADE BRASIL-CHINA

A formação conjunta da “Comunidade Brasil–China de Futuro Compartilhado para um Mundo Mais Justo” e um “Planeta Mais Sustentável”, representa um avanço relevante na construção de uma agenda internacional estratégica visando os próximos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Para implementar essa estratégia de cooperação, a Casa Civil da Presidência da República e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC) estabeleceram a criação de sinergias entre a iniciativa chinesa Cinturão e Rota, e programas de desenvolvimento brasileiros, incluindo o Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana.
Com informações de assessoria.
























