Cirurgia no Natal

De acordo com informações apuradas junto a parlamentares bolsonaristas, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) enfrenta uma gravidade no seu quadro clínico. Isso, segundo estas fontes, busca capitalizar sentimentos de empatia junto à população. Preso desde 24 de novembro na Superintendência da Polícia Federal (PF) de Brasília pela condenação a 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro será submetido a uma cirurgia de hérnia inguinal bilateral e a um bloqueio anestésico para conter soluços persistentes durante o feriado natalino. A intervenção, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, está marcada para esta quinta-feira, 25 de dezembro. A defesa pediu a internação para véspera em hospital privado, o DF Star, com acompanhamento da família, o que não foi oficialmente comunicado à Suprema Corte.
Sem entrevista

De acordo com informações apuradas junto a parlamentares bolsonaristas e também do “centrão”, o silêncio inusitado do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que cancelou uma entrevista aguardada para esta última terça-feira, 23 de dezembro, pelo mercado financeiro e pela classe política, é apontado como uma manobra estratégica familiar. O objetivo principal seria evitar qualquer ataque ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, alvo recente de polêmicas envolvendo o Banco Master, para não comprometer um possível benefício futuro, como a progressão para o regime domiciliar após sua cirurgia marcada para o feriado natalino. Esse cálculo político sobrepõe-se até mesmo à definição sobre a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), cuja alta rejeição preocupa aliados. O silêncio da família contrasta com o estilo comunicativo e errático que marcou a trajetória política do ex-presidente e do clã, que o levou ao poder.
Pressão sobre Moraes

A pressão sobre o ministro Alexandre de Moraes vem aumentando com a série de reportagens publicadas na imprensa que tentam ligá-lo ao escândalo do Banco Master. Em resposta, o magistrado divulgou duas notas oficiais para esclarecer reuniões mantidas com presidentes de grandes bancos e do Banco Central. Nelas, Moraes afirma que os encontros, realizados em agosto e setembro, foram para tratar exclusivamente dos impactos da aplicação da Lei Magnitsky no Brasil, que podia bloquear os seus serviços financeiros e bancários até a data de 12 de dezembro, quando os Estados Unidos (EUA) deixou de sancioná-lo na referida lei daquele país e validada pelo conjunto de países e acordos internacionais. O ministro nega com veemência que tenha sido abordado ou feito qualquer tipo de pressão sobre o processo de aquisição do Banco Regional de Brasília (BRB) pelo Banco Master.
Apoio a Moraes

De acordo com informações apuradas junto a fontes ligadas à Suprema Corte, a maioria dos ministros do STF avalia que a bateria de reportagens de jornais como O Globo e Folha de S. Paulo contra Alexandre de Moraes é “espuma sem fundamento”. Esse entendimento é amparado pela visão de inúmeros juristas que veem a tentativa de vincular o ministro ao escândalo do Banco Master mais como “páginas sensacionalistas” em busca de audiência do que um “fato sério”. Na avaliação predominante no STF, o objetivo real da campanha não é atacar Moraes em si, mas enfraquecer uma suposta aliança do Judiciário com o Executivo, visando desgastar politicamente o governo Lula III. A estratégia buscaria impedir uma reeleição no primeiro turno, explorando que a “narrativa” contra Moraes inflama a bancada bolsonarista no Congresso.
Questão paraibana

De acordo com informações apuradas junto a parlamentares do “centrão” e de fontes ligadas ao Planalto, a posse de Gustavo Damião, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), como novo ministro do Turismo sela a paz com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aliado de Feliciano. A manobra adia para julho de 2026 a definição sobre quais candidatos ao Senado na Paraíba receberão apoio do presidente Lula, congelando um cenário regional conflituoso. De um lado, o governador João Azevêdo (PSB) e o senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), que busca a reeleição, pressionam pelo apoio. Do outro, está o grupo de Motta e Feliciano, que apoia a candidatura do prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), pai do presidente da Câmara. A esse quadro soma-se o grupo do ex-ministro Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que articula a ida da irmã, a senadora Daniela Ribeiro (PP-PB) para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) por meio de indicação do governador, em troca de influência na composição da chapa nas eleições de 2026.
Questão paraibana 2

Para as mesmas fontes do “centrão” e também ligadas ao Planalto, a publicação de uma foto do pai de deputado Hugo Motta, prefeito de Patos, Nabor Wanderley, ao lado do presidente Lula durante a posse do novo ministro do Turismo, sinaliza uma movimentação complicada para o complexo arco de alianças nas eleições de 2026, na Paraíba. Nabor quer o apoio de Lula para uma das vagas ao Senado, apostando que o respaldo presencial será decisivo. Porém, a cena, que incluiu também o governador João Azevêdo (PSB) e o vice Lucas Ribeiro (PP) – sobrinho do deputado Aguinaldo Ribeiro, é vista como uma tentativa de aproximação após um ano de desgastes entre Motta e o Planalto, com Lucas Ribeiro cotado para suceder Azevêdo, que quer o Senado, e ele buscando a reeleição ao governo estadual. As mesmas fontes apontam que o registro pode não significar um “compromisso formal” de apoio, já que Lula não o replicou em suas redes.
Afago aos evangélicos

De acordo com informações apuradas junto a parlamentares do “centrão” e de fontes ligadas ao Planalto, a sanção do decreto que reconhece a cultura gospel como manifestação cultural reforça, nos bastidores, a aliança do governo com alas importantes dos setores religiosos evangélicos. O ato, assinado pelo presidente Lula no Palácio do Planalto, é visto como um gesto estratégico para minar a base de apoio que ainda alimenta o bolsonarismo, principal setor de resistência ao governo. Lula definiu a medida como um “ato simples, mas com força simbólica muito profunda”, destacando o “acolhimento ao povo evangélico”. A iniciativa busca reconquistar um segmento que foi aliado em seus mandatos anteriores, entre 2003 e 2010, mas que se tornou um “núcleo duro” de oposição.
Mensagem natalina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta quarta-feira, 24 de dezembro, véspera de Natal, às 20h30. Com duração de 6 minutos e 39 segundos, o discurso foi gravado durante a semana e será transmitido no horário nobre, conforme determina a Lei 14600 de 2023. O Planalto não divulgou previamente os temas da mensagem, mas de acordo com a apuração da reportagem da coluna, Lula dará destaque às conquistas do ano, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais e a redução de custos para a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O presidente deve também mencionar a revogação das tarifas impostas pelos EUA sobre os produtos brasileiros exportados àquele país.
Cortes nas universidades

A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 aprovada pelo Congresso cortou quase R$ 400 milhões os recursos discricionários em relação ao valor executado em 2025, sem considerar a inflação, as verbas das universidades federais para 2026. De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o montante cairá de R$ 6,82 bilhões para aproximadamente R$ 6,43 bilhões, afetando despesas básicas como água, energia, manutenção, segurança e limpeza. A entidade alerta que o corte agrava uma situação já crítica e compromete o pleno funcionamento do ensino, pesquisa e extensão. Um impacto direto será na assistência estudantil, com redução de cerca de R$ 100 milhões, ameaçando programas de moradia, alimentação e bolsas para estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, incluindo estudantes indígenas e quilombolas.
Colapsos irreversíveis

Segundo o relatório Geo Brasil 2025, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e de Mudança no Clima em conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU), os principais biomas do país estão à beira de colapsos irreversíveis. O estudo, que tem o cientista Carlos Nobre como um dos autores, alerta que a combinação de mudanças climáticas, desmatamento e degradação empurra os biomas da Amazônia, do Cerrado, da Caatinga, do Pantanal e do Pampa para pontos de não retorno. Na Amazônia, a estação seca já está até cinco semanas mais longa e parte da floresta se tornou fonte de carbono. O Cerrado aquece acima da média global, enquanto a Caatinga sofre com a expansão da aridez. O Pantanal registra redução drástica de áreas alagadas. A única exceção é a Mata Atlântica, que ainda não apresenta sinais de mudança irreversível.






















