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Bastidores do poder

Coluna de notas apuradas diretamente dos corredores da Câmara dos Deputados, Ministérios, Palácio do Planalto, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal e demais tribunais superiores.

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Novo cenário

Prisão de Bolsonaro e fuga de aliados marcam o fim de uma era de polarização no Brasil, enquanto 41% do eleitorado busca uma alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo. (Foto: Lula Marques / Agência Brasil)

Várias fontes do “centrão” e até mesmo do bolsonarismo, ouvidos pela reportagem desta coluna, apontaram para um novo cenário político reconfigurado pela prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e pelo êxodo (fuga da justiça) de aliados para o exterior. este cenário apontado se une a nova pesquisa “Genial/Quaest”, que revela que 41% dos eleitores buscam alternativas fora da dicotomia Lula-Bolsonaro, demonstrando esgotamento do modelo de polarização que dominou a última década. A sinalização é de fadiga com a guerra política. Enquanto o bolsonarismo se enfraquece com as fugas de figuras como os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ), Carla Zambelli (PL-SP), que se encontra presa na Itália e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Lula mantém sua base estável mas sem crescimento, o que abre espaço para o surgimento de novas lideranças. Tanto parlamentares do “centrão”, como a pesquisa mostram que o eleitorado manifesta uma clara divisão entre quem busca um gestor competente (24%) e quem prefere um outsider anti-sistema (17%).

 

 

 

Prisão consolidada

A sessão virtual extraordinária segue até as 20 horas, mas todos os ministros já votaram pela manutenção da prisão. Assim, Bolsonaro permanece detido na superintendência da PF em Brasília. (Foto: Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

Em decisão unânime, a primeira turma do STF manteve nesta segunda-feira, 24 de novembro, a prisão preventiva do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes no último sábado, 22, após a Polícia Federal (PF) pedir a conversão da prisão domiciliar em preventiva depois que identificou no sistema que o ex-presidente tentou violar intencionalmente sua tornozeleira eletrônica. Além de Moraes, votaram pela manutenção da prisão os ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. No mês passado, o ministro Luiz Fux deixou a primeira turma para ingressar na segunda turma em substituição a vaga deixada aberta pelo ministro Luís Barroso, que se aposentou. Na decisão, Moraes fundamentou que o “desrespeito reiterado” às medidas cautelares, o risco de fuga diante da iminência do trânsito em julgado de sua condenação, e a convocação de atos pró-Bolsonaro, poderiam gerar aglomeração e ameaçar a ordem pública.

 

 

Reunião do PL

A base bolsonarista se reúne pára traçar planos de mobilização da base bolsonarista no Congresso e nas ruas. (Foto: Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

Para definir a estratégia que o PL tomará com a prisão do ex-presidente, o dirigente da legenda, o ex-deputado Valdemar Costa Neto convocou com urgência uma reunião para a tarde desta segunda-feira, 24, na sede do partido em Brasília para definir os rumos que a bancada e militância bolsonarista deverá adotar. O encontro, restrito à imprensa, contou com a presença de 54 parlamentares, além de aliados do ex-presidente. Compareceram à reunião 45 deputados, cerca de metade da bancada da Câmara, e quatro senadores como Izalci Lucas (PL-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Marcos Rogério (PL-RO) e Wellington Fagundes (PL-MT). Entre os aliados, que não são parlamentares, destacou-se ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins. O objetivo é alinhar uma resposta unificada à crise, com a defesa de Bolsonaro e a estratégia eleitoral para 2026.

 

 

Novo evangélico no STF

Parlamentares do “centrão” temem que Messias consolide uma “bancada governista” na Suprema Corte hostil aos interesses do Congresso, restringindo sua autonomia orçamentária. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil)

A escolha do presidente Lula por Jorge Messias, atual Advogado-Geral da União (AGU), para a vaga do ministro aposentado Luís Roberto Barroso no STF, apesar da nota oficial emitida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em que afirma que a Casa cumprirá o rito constitucional da sabatina “com absoluta normalidade”, mostra que a indicação enfrenta uma resistência silenciosa do chamado “centrão” no Congresso. Embora caciques dos partidos que integram o bloco tenham prometido apoio à nomeação no Senado, lideranças expressam temor que Messias venha fortalecer no Supremo a ala que ameaça as emendas parlamentares. O receio surge principalmente porque o ministro Flávio Dino, também indicado por Lula, já atua como relator de ações que questionam o orçamento secreto.

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Novo evangélico no STF 2

Enquanto o Senado promete analisar a indicação “com absoluta normalidade” como prometeu Alcolumbre, a nomeação de Messias nasce sob o espectro de uma tensão institucional entre os Poderes. (Foto: Brenno Carvalho / O Globo)

A escolha de Lula por Messias, que contou com amplo apoio nos setores jurídicos, policiais e religiosos por ele ser membro da Igreja Batista, enfrenta resistência, sobretudo, com o temor que se fundamenta em casos concretos, como a auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou que o deputado Raimundo Costa (Podemos-BA) destinou R$ 17,2 milhões de suas emendas parlamentares à federação de pescadores que ele próprio presidiu. O referido repasse possui indícios de superfaturamento em contratos com uma empresa ligada à um ex-assessor de Costa. O relatório, que será enviado ao STF sob relatoria do ministro Flávio Dino, expõe as fragilidades na execução de emendas parlamentares e conflitos de interesses. Líderes do centrão receiam que Messias fortaleça no Supremo justamente a ala que busca maior controle sobre tais repasses, ameaçando estas práticas tidas como consolidadas no Congresso.

 

 

 

 

Guerra nas Alagoas

O caso revela como o controle sobre as emendas permanece sendo o centro da guerra política no Congresso. (Montagem sobre foto: Lula Marques / Agência Brasil)

Em mais um capítulo da disputa sobre às emendas parlamentares ao orçamento, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) derrotou o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao obter da Mesa do Congresso a confirmação de que é ilegal a individualização de emendas coletivas. A decisão impede que a bancada de Alagoas distribua R$ 300 milhões em cotas individuais, como defendia Lira com apoio do deputado Paulão (PT-AL). O embate expõe a fratura na liderança política alagoana, com Paulão rompendo publicamente com Calheiros – seu tradicional aliado – e se alinhando a Lira. Em nota, sete dos oitos deputados federais de Alagoas afirmavam seguir acordo formal entre STF, Legislativo e Executivo, mas Renan alegou “impedimentos legais” e “irregularidades evidentes”. A derrota de Lira e Paulão reforça a posição do ministro Flávio Dino no STF, que tem sido contrário a mecanismos que permitam o retorno de práticas similares ao “orçamento secreto”.

 

 

Alta na arrecadação

Arrecadação federal tem melhor outubro desde 2000, com alta real de 0,92%. O desempenho confirma a recuperação da atividade econômica, mesmo com base de comparação elevada por eventos atípicos em 2024. (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

A Receita Federal arrecadou R$ 261,9 bilhões em outubro de 2025, um crescimento real de 0,92% sobre o mesmo mês de 2024. No acumulado de janeiro a outubro, a arrecadação chegou a R$ 2,367 trilhões, com alta de 3,20% – o melhor desempenho para o período desde 2000. As receitas administradas pela Receita, que somaram R$ 246,9 bilhões no mês, tiveram crescimento mais expressivo: 4,74% em outubro e 4,17% no ano. O resultado foi puxado por tributos como o Imposto sobre Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre capital, que subiu 28,01% no mês, e o IOF, que avançou 38,80%, influenciado por mudanças legais recentes. A receita previdenciária acumulada cresceu 3,13%, refletindo a expansão da massa salarial. Já o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) teve alta de 2,75%, com destaque para o setor de serviços.

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Vale do Silício brasileiro

Senador Nelsinho Trad, que já articulou a retirada da sobretaxa de 10% sobre celulose pelos EUA, alerta para impactos do boom da celulose em MS e defende que o desenvolvimento econômico deve vir acompanhado de planejamento para evitar que o crescimento aconteça  com desigualdades duradouras. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) chamou a atenção para uma audiência pública que será realizada no Senado, nesta terça-feira, 25, para discutir os profundos impactos do Vale da Celulose – polo industrial que concentra R$ 75 bilhões em investimentos privados no leste de Mato Grosso do Sul. A região, formada por 12 municípios, tornou-se um dos principais pólos nacionais de celulose, atraindo gigantes como Suzano, Eldorado Brasil, Arauco e Bracell. O crescimento acelerado – que multiplicou por 16 o PIB de Três Lagoas (MS) em pouco mais de uma década – trouxe desafios urgentes: explosão no preço de imóveis, sobrecarga em hospitais e escolas, e fluxos migratórios que em algumas cidades igualam o número de novos trabalhadores ao de moradores locais. A audiência contará com prefeitos, ministérios da Saúde, Educação e Integração, além de órgãos estaduais e entidades do setor. 

 

 

 

Adidos em Cuiabá

Ministério da Agricultura e Pecuária promove em Cuiabá rodada inédita entre adidos agrícolas e setor produtivo de Mato Grosso. (Foto: Divulgação / Secom-MAPA)

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) realizou nesta segunda-feira, 24, em Cuiabá, uma rodada técnica inédita entre os 40 adidos agrícolas brasileiros em atuação no exterior, incluindo os 14 novos representantes que assumirão os cargos em janeiro, com lideranças do setor produtivo de Mato Grosso (MT). O evento, que coincidiu com a inauguração do novo escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) na capital mato-grossense, buscou ampliar oportunidades de exportação por meio do diálogo direto. Em formato dinâmico, produtores, cooperativas e indústrias tiveram reuniões de 15 minutos com os adidos. O objetivo foi trocar informações sobre tendências globais, barreiras sanitárias e tarifárias, e identificar novos nichos para os produtos mato-grossenses. O ministro Carlos Fávaro destacou a importância da iniciativa para “facilitar negócios e conectar produtores com oportunidades no exterior”.

 

 

Investimentos estrangeiros

Alckmin reúne secretários estaduais para alavancar investimentos e exportações. Em 2024, os investimentos estrangeiros diretos somaram R$ 383,23 bi, e as exportações até o momento em 2025, bateram recorde com R$ 1,56 trilhão no acumulado até outubro. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil)

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, reuniu-se nesta segunda-feira, 24, com secretários estaduais de Desenvolvimento no Palácio do Planalto para impulsionar a atração de investimentos estrangeiros e a promoção comercial. O encontro focou em integrar os estados a duas ferramentas federais, que serão lançadas em fevereiro de 2026 para centralizar e desburocratizar processos, e o “Monitor de Investimentos”, plataforma já em operação que divulga projetos de infraestrutura. No encontro, foram apresentados os planos de promoção da cultura exportadora de sete estados: Pará, Pernambuco, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Amapá e Espírito Santo, dentro da Política Nacional que busca interiorizar e diversificar as exportações. Na agenda, também foi discutido o andamento de projetos com a linha de crédito de R$ 59,29 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), destinada a investimentos em comércio exterior, infraestrutura e inovação. 

 

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