Mato Grosso, o CAT Sorriso comemora mais de 20 anos promovendo a técnica que revolucionou a agricultura e ajudou a frear o avanço das mudanças climáticas.
Uma pesquisa inédita realizada nos biomas Cerrado e Mata Atlântica revelou um dado surpreendente sobre o Sistema de Plantio Direto (SPD), quando aplicado corretamente, restaura o carbono orgânico do solo, tornando-se um poderoso aliado no combate às mudanças climáticas. A descoberta foi celebrada nesta quinta-feira (23), Dia Nacional do Plantio Direto, e reforça o papel do Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso), que há mais de duas décadas dissemina práticas agrícolas sustentáveis e transformou a paisagem do médio-norte mato-grossense.
Segundo o estudo coordenado pelo professor João Carlos de Moraes Sá, o “Juca Sá”, em parceria com o Ministério da Agricultura e o programa europeu Euroclima+, o SPD não apenas recupera o solo degradado, mas em algumas áreas supera o carbono encontrado em florestas nativas. Em 16 fazendas analisadas, o nível de carbono sob SPD foi maior que o da vegetação original, chegando a até 1 metro de profundidade. “É um resultado fabuloso, inédito. Mostra que é possível produzir e, ao mesmo tempo, regenerar o meio ambiente”, comemorou o pesquisador.
Em Mato Grosso, quatro propriedades nos municípios de Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde fizeram parte do levantamento e comprovaram que o sistema é uma das chaves para a agricultura de baixo carbono. A pesquisa revelou que cada hectare cultivado sob SPD equivale à preservação de até um hectare de floresta em pé, o que significa que é possível ampliar a produção de grãos sem derrubar uma única árvore. “Se aplicarmos o sistema em áreas degradadas, poderemos dobrar a produção nacional sem avançar sobre novas terras”, destacou Juca Sá.
Criado há 23 anos, o CAT Sorriso é referência nacional em agricultura conservacionista. Desde o início, o grupo de produtores liderado por Darcy Ferrarin apostou no SPD como caminho para unir produtividade e preservação. “Quando cheguei a Mato Grosso, a maioria ainda revolvia o solo com arados e grades. Hoje, mais de 90% das áreas de Sorriso adotam o sistema e o resultado está aí: solos férteis, produtivos e vivos”, relata Ferrarin. A coordenadora Cristina Delicato reforça que o trabalho contínuo do CAT tem fortalecido a integração entre produtores, pesquisadores e o setor público. “É um legado que mostra que produzir e conservar é possível — e urgente”, conclui.















