Santa Catarina acorda com um cenário onde quem governa precisa ir além da retórica: anunciar é fácil; transformar é difícil.
Hoje, vemos movimento nas articulações políticas (com nome novo aparecendo no tabuleiro estadual), disputas judiciais que tocam os maiores municípios do Estado, e avanços — ainda que em caráter experimental — em mobilidade urbana na capital.
É tempo de observar não apenas o que se promete, mas o que se planta.
Política estadual: Rueda mira Schiochet como vice e move o tabuleiro
O nome do deputado Fábio Schiochet ganhou protagonismo após o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, atribuir-lhe a missão de compor como vice-governador nas eleições de 2026.
Schiochet ganhou carta branca para negociar tanto com o PL quanto com o PSD, o que pode reconfigurar alianças previstas — especialmente em relação ao senador Esperidião Amin (Progressistas).
Se a manobra for bem-sucedida, abre-se espaço para disputas inesperadas e rearranjos nos palanques estaduais.
Economia & finanças: Joinville vs Itajaí — disputa judicial do ICMS
Joinville move ação judicial contra Itajaí, Guaramirim e Biguaçu questionando a partilha do ICMS sobre combustíveis.
O ponto central: valores tributários declarados nos municípios onde as bases da Petrobras ficam e o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que alimenta o ICMS municipal. Joinville reivindica uma fatia de aproximadamente R$ 279 milhões para 2025–2026 — recursos hoje concentrados nos municípios citados.
A decisão judicial, no entanto, rejeitou o pedido por vício de instrumento (mandado de segurança), não entrando no mérito. Isso mantém acesa a disputa legal e política.
Mobilidade urbana: corredor exclusivo para ônibus na SC-401 será testado
Com vistas à próxima temporada de verão, o governo estadual confirmou que irá testar um corredor de ônibus na SC-401, trecho entre João Paulo e Santo Antônio de Lisboa.
A proposta é que, numa via com cerca de 10 km de extensão, sejam permitidos veículos de transporte coletivo, de saúde, emergência e operações de carga pesada — inicialmente em caráter experimental.
Se o corredor for bem operacionalizado, poderá ser um trunfo para desafogar trânsito, estimular o transporte público e reordenar fluxos urbanos. Mas o êxito dependerá de frota, fiscalização e integração às demais vias e terminais.
Mobilidade local: Florianópolis pede reestruturações urgentes
Além da SC-401, a Capital respira pressão no trânsito e nas expectativas de mudanças estruturais.
O lançamento do projeto de corredor veio em ambiente de forte demanda de mobilidade e será um termômetro da capacidade de gestão conjunta entre Estado e Município.
EM RESUMO:
Santa Catarina hoje parece ajustar o ritmo entre pressões econômicas, ambições políticas e intervenções urbanas — algumas ousadas, outras estratégicas.
A missão para quem governa: equilibrar projetos de longo prazo com desempenho no presente, lembrando que cada truque jurídico, cada faixa exclusiva e cada negociação política ecoa para além dos palácios.
No tabuleiro catarinense, o jogo já começou: quem permanecer de peça passiva pode ficar sem vez.













