Liderada pelo senador sul-mato-grossense Nelsinho Trad, parlamentares que reúnem o líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner, e a ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina, busca fortalecer o diálogo bilateral entre os dois países.
Por Humberto Azevedo
A comitiva de senadores, que reúne parlamentares do PL ao PT, que viajou aos Estados Unidos da América (EUA) para tentar reverter tarifas prometidas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, já realizou as primeiras reuniões com parlamentares e integrantes do governo daquele país para abrir um “diálogo estratégico”.
Liderada pelo senador sul-mato-grossense Nelsinho Trad (PSD-MS), parlamentares que vão do líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), à ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (PP-MS), busca fortalecer o diálogo bilateral entre os dois países. A primeira atividade foi um café da manhã de trabalho na residência da embaixadora Maria Luiza Viotti, em Washington, nesta segunda-feira, 28 de julho.
A agenda institucional busca fortalecer o diálogo bilateral em meio ao anúncio de tarifas adicionais por parte do governo Trump e reafirmar o compromisso do Brasil com a cooperação estratégica entre os dois países. Participaram do encontro todos os sete senadores que integram a delegação brasileira, representantes do Itamaraty, representantes da embaixada e o ex-diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o embaixador Roberto Azevêdo.
Viotti relatou que o diálogo com os EUA começou em março, com videoconferência entre o vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, que levou à criação de um grupo de trabalho técnico bilateral. Segundo a embaixadora, o Brasil apresentou dados demonstrando que a média efetiva das tarifas brasileiras de importação é de apenas 2,7%, o que desmente a imagem de protecionismo que circulava em Washington.
Apesar do avanço nas negociações, no dia 9 de julho o ex-presidente Donald Trump anunciou tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros. A embaixadora também informou que há ações judiciais em andamento nos Estados Unidos questionando a legalidade das sobretaxas. Uma delas, movida pela Johana Foods, que importa suco de laranja do Brasil, solicita a suspensão da nova tarifa, e precisa de decisão judicial até 1º de agosto. Outra ação, mais ampla, conta com apoio de parlamentares e empresas e pode criar um precedente mais robusto.
“Foi com grande surpresa que recebemos a carta. O diálogo vinha fluindo, nossas considerações estavam sendo levadas em conta. Ainda assim, seguimos à disposição para dialogar”, afirmou Viotti. “Sempre há recurso”, alertou Viotti, lembrando que até decisões favoráveis podem ser suspensas por apelação da defesa americana.
Além de Nelsinho Trad, Jaques Wagner e Tereza Cristina, integram a comitiva o senadores Carlos Viana (Podemos‑MG), Esperidião Amin (PP‑SC), Fernando Farias (MDB‑AL), Marcos Pontes (PL‑SP) – ex-ministro de Ciência e Tecnologia na gestão Bolsonaro – e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT‑SE).
PARCERIA
Para o senador Nelsinho Trad, a missão parlamentar tem papel institucional claro: abrir espaço para a escuta política e diplomática. “O Brasil quer construir, não confrontar. Estamos aqui para preservar uma relação de 200 anos que é sólida e mutuamente vantajosa”, destacou o senador.
O ex-diretor da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, reforçou que o momento atual deve ser encarado como uma janela estratégica. “O que está acontecendo agora está forçando o governo, o empresariado e a sociedade brasileira a repensarem como fazer negócios e como se aproximar mais dos Estados Unidos. Não podemos desperdiçar essa mobilização”, afirmou. Azevêdo alertou ainda para os riscos de erros de percepção que frequentemente alimentam crises comerciais. “Noventa por cento das situações de crise das quais participei eram isso: percepção equivocada. Não podemos embarcar nisso de novo.”
A delegação conta com apoio de assessores parlamentares, representantes da ApexBrasil e diplomatas brasileiros. Também participaram do encontro os ministros Fernando Sena, Kassius Pontes e Maurício Correia, e os diplomatas Luis Guadagnin e Celeste Badaró.
A missão segue até quarta-feira, 30 de julho, com reuniões no Congresso dos EUA e com lideranças empresariais e institucionais ligadas ao Brazil‑U.S. Business Council e à Americas Society / Council of the Américas.
No sábado, 26 de julho, os senadores participaram de um encontro que deu início aos trabalhos presenciais da delegação e teve como objetivo atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser abordados nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.
“O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil”, afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão.
Já Rogério Carvalho destaca atuação de comitiva de senadores que está nos EUA para negociar tarifaço imposto ao Brasil. Segundo o líder do PT no Senado, as primeiras reuniões serviram para demonstrar aos colegas parlamentares estadunidenses os impactos negativos nas relações comerciais dos países, caso as tarifas prometidas por Trump sejam implementadas.
“Continuaremos trabalhando por um Brasil soberano, próspero e respeitado no cenário internacional. Em missão oficial em Washington, ao lado de parlamentares brasileiros, reafirmamos o compromisso com a defesa dos interesses do nosso país e da soberania nacional. Estamos nos Estados Unidos para dialogar com autoridades, construir pontes e combater medidas unilaterais que prejudicam a economia brasileira. O Brasil precisa ser respeitado internacionalmente — e isso começa por uma diplomacia firme, responsável e comprometida com o nosso povo. Seguiremos atentos e atuantes em defesa do Brasil, da nossa economia, da nossa indústria, dos nossos trabalhadores e do nosso desenvolvimento”, afirmou o líder petista no Senado.
“Na oportunidade, reafirmamos nosso compromisso com a defesa da soberania nacional e da nossa economia. É importante reconhecer que esse tipo de medida já foi adotado contra outros parceiros históricos, como Canadá, México e União Europeia. Por isso, é fundamental que o Brasil atue com serenidade, resiliência e firmeza”, comentou Carvalho.
“Neste domingo, inclusive, tivemos nossa primeira reunião com os parlamentares que estão nessa missão para tratar de tudo que viemos fazer aqui, em Washington. Portanto, entendemos que o caminho é o diálogo construtivo, a diplomacia ativa e a união de forças em torno dos interesses do nosso povo, da indústria nacional e dos empregos brasileiros”, reforçou o líder petista.
“Nossa ida aos Estados Unidos é para defender o Brasil com respeito, seriedade e cabeça erguida. Não aceitaremos desrespeito com quem trabalha, produz e sustenta esse país com esforço e impostos. Negociamos como líderes, não como coadjuvantes. Construímos pontes com coragem e derrubamos muros com a verdade. É assim que se honra o Brasil, na prática, com presença e com propósito”, finalizou Rogério Carvalho.
Com informações de assessorias.

























