MATO GROSSO

De olho...

Bastidores do poder

Coluna de notas apuradas diretamente dos corredores da Câmara dos Deputados, Ministérios, Palácio do Planalto, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal e demais tribunais superiores.

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Semana quase vazia

As manobras de Motta mostram um presidente da Câmara usando a pauta de segurança como bandeira popular, enquanto gerencia no bastidor os interesses de sua base de apoio, equilibrando-se entre as demandas do Planalto e as do “centrão”. (Foto: Kayo Magalhães / Agência Câmara)

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), navega em um mar de pressões contraditórias, evidenciando o jogo do poder no Congresso. De um lado, ele trava a votação do chamado “PL do devedor Contumaz”, aprovado com urgência há semanas, mas que ainda aguarda a designação de um relator. O projeto, que pode injetar bilhões nos cofres públicos e combater fraudes fiscais, é uma prioridade do Planalto. A lentidão atende a setores do “centrão”, como o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), um dos mentores políticos de Motta, e que é vista como moeda de troca para obter apoio do governo em outras frentes, inclusive eleitorais. Paralelamente, Motta acelera a votação do “PL antifacção” como pauta única para esta semana. No entanto, o texto que já sofreu inúmeras alterações que enfraquecem a versão original do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), atende demandas de governadores de direita.

 

 

 

Sessões semipresenciais

As votações no Senado, que acontecerão com sessões semipresenciais, o que deixará a Casa da Federação quase vazia, apreciarão também tratados de cooperação com países como Cazaquistão e Eslovênia. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

O Senado Federal inicia a semana de 17 a 21 de novembro com uma agenda que combina homenagens, votações de impacto setorial e a análise de acordos internacionais, antes da paralisação pelo feriado de 20 de novembro, dia da “Consciência Negra” em que é lembrado os 330 anos da morte de Zumbi dos Palmares – que foi tema, inclusive, nesta segunda-feira, 17 de novembro, de uma sessão especial em que será feita ainda a entrega da “Comenda” que homenageia o ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor, político e ativista Abdias Nascimento, falecido em 2011 aos 97 anos. No plano deliberativo, a pauta da semana inclui projetos significativos, como a votação do Programa de incentivos para a indústria química (PRESIQ) marcada para quarta-feira, 19. Na terça, 18, estão previstas a votação de matérias como o projeto que institui um regime especial de regularização patrimonial (Rearp) e a proposta que garante a atuação de assistentes sociais em hospitais públicos.

 

 

Câmara x Senado

O movimento do Senado ocorre justamente quando a Câmara, presidida por Motta, causa imbróglios vistos por senadores como desnecessários. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

Enquanto a Câmara dos Deputados patina sob o comando de Hugo Motta, o Senado avança com uma agenda econômica que mostra a diferença de contraste que é uma Casa presidida por um parlamentar inexperiente, e a outra por uma “raposa política” como o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Na terça, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) votará um importante projeto que aumenta a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) para fintechs e dobra a taxação sobre apostas esportivas, além de criar um programa de regularização para contribuintes de baixa renda. A proposta, do senador Renan Calheiros (MDB-AL), complementa a reforma tributária e segue com relatoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM). A CAE apreciará também um projeto que eleva o faturamento dos microempresários individuais (MEI) para R$ 140 mil, criando o “Super MEI”.

 

 

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COP-30

Brasil lança “agenda prática” na COP-30 enquanto promove inclusão no comércio exterior. (Foto: Cadu Gomes / Secom-VPR)

Em meio a 30ª edição da Conferência sobre mudança no clima (COP-30) em Belém, o vice-presidente Geraldo Alckmin liderou uma agenda de anúncios concretos que traduziram o discurso climático em ações mensuráveis. No mesmo dia em que defendeu no plenário principal que “o tempo das promessas já passou”, Alckmin lançou a consulta pública da “Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial”, que envolve setores como cimento e aço. A plataforma “Recircula”, para rastrear resíduos plásticos, e o programa “Coopera+Amazônia” completaram iniciativas que aliam desenvolvimento e sustentabilidade. Paralelamente, o Ministério do Desenvolvimento da Indúistria, Comércio e Serviços (MDICS) lançou em Brasília o eixo de empregabilidade do programa “Raízes Comex”, que incentiva empresas a contratarem profissionais negros qualificados em comércio exterior.

 

 

Agro na COP-30

Fávaro também participará de painéis sobre “Uma Só Saúde” e comércio agrícola sustentável com a OCDE, além de realizar reuniões bilaterais com diversos países. (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro – senador licenciado pelo PSD de Mato Grosso (MT), desembarcou em Belém para participar da COP-30 com uma agenda focada em posicionar o agronegócio brasileiro como parte da solução climática. Entre os principais compromissos, destaca-se o lançamento do programa “Caminho Verde Brasil” na quarta-feira, 19 de novembro, na área oficial da conferência. No dia anterior, na terça, 18, Fávaro apresentará na AgriZone – espaço dedicado à agricultura sustentável – um projeto de cooperação técnica que a Empresa brasileira de pesquisa agropecuária (Embrapa) vem promovendo com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA, sigla em inglês) para diagnóstico de pastagens degradadas. A iniciativa busca combater um dos principais desafios ambientais do setor pecuário.

 

 

Agro na COP-30 2

Fávaro defende o agro brasileiro como modelo de sustentabilidade na COP-30. (Foto: Percio Campos / Secom-MAPA)

Ao visitar a AgriZone – espaço estratégico do agronegócio na COP-30 instalado na sede da Embrapa Amazônia Oriental – o ministro Fávaro defendeu o agronegócio brasileiro como modelo global de conciliação entre produção e preservação. Com gabinete instalado no local, Fávaro afirmou que o Brasil “não precisa avançar sobre florestas” para crescer, citando programas de recuperação de pastagens degradadas como o “Caminho Verde Brasil”. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, reforçou que a produtividade agrícola aumentou 580% em 50 anos com apenas 140% de expansão de área. Dados apresentados pelo secretário Luís Rua destacaram a redução de 45% no desmatamento da Amazônia, vinculando a abertura de 500 novos mercados à sustentabilidade. Com respeito à ciência, política comercial e diplomacia, os dirigentes do governo ligado ao agro querem desfazer o que chamam de “visão equivocada” do setor, que faz parte da solução climática.

 

 

Sem 10%

Nelsinho Trad afirma que a decisão do governo dos EUA em retirar 10% das tarifas cobradas sobre as exportações brasileiras para aquele país é resultado do esforço diplomático conjunto entre o Senado e o Ministério das Relações Exteriores (MRE). (Foto: Divulgação / Agência Senado)

A retirada de produtos agrícolas brasileiros – como café, carne bovina e bananas – das tarifas recíprocas dos Estados Unidos (de 10%) representa uma vitória concreta da diplomacia econômica brasileira. O anúncio foi feito pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão Temporária Externa para Relações Brasil-EUA (CTEUA), que destacou o esforço coordenado entre parlamento e executivo. A estratégia incluiu uma missão suprapartidária de oito senadores a Washington, onde apresentaram a republicanos e democratas análises sobre os prejuízos mútuos das tarifas. Trad ressaltou a atuação decisiva do vice-presidente Geraldo Alckmin e do chanceler Mauro Vieira nas negociações, criando a sinergia necessária para a revisão americana. A retirada da cobrança de 10% beneficia diretamente produtores, exportadores e a geração de empregos no agronegócio brasileiro, comemorou Trad.

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Sem rusgas

Trad celebra também a superação da crise diplomática entre Brasil e Paraguai e a retomada da agenda bilateral, que inclui projetos de infraestrutura, energia, segurança, educação e cooperação estratégica entre os países. (Foto: Divulgação / Assessoria)

O senador Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado comemorou também a decisão dos governos do Brasil e do Paraguai, que põe fim oficialmente à crise diplomática desencadeada pelas ações da Agência brasileira de Inteligência (Abin) contra autoridades paraguaias. Em reunião em Assunção nesta segunda-feira, 17, os chanceleres Mauro Vieira e Rubén Ramírez Lezcano emitiram um comunicado conjunto declarando superado o episódio, após a entrega de um relatório confidencial com explicações sobre as operações de inteligência. Como resultado direto da reconciliação, as negociações do “Anexo C” de Itaipu foram retomadas para a primeira quinzena de dezembro. Trad havia alertado publicamente sobre os riscos de uma ruptura, defendendo que “não dá para separar Brasil do Paraguai”.

 

 

Regulação de criptoativos

Receita Federal adota padrão global para controle de criptoativos, que  fortalece a cooperação tributária global, mas não altera as regras de tributação sobre criptoativos. (Foto: Divulgação / Secom-Receita)

A Receita Federal publicou nesta segunda, 17, nova regulamentação que alinha o Brasil ao padrão internacional de controle de criptoativos promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com objetivo de intensificar o combate à evasão fiscal e lavagem de dinheiro. A Instrução Normativa 2291 de 2025 implementa o “Crypto-Asset Reporting Framework” (CARF, sigla em português), já implementado por mais de 70 países. A principal mudança atinge as corretoras internacionais que operam no Brasil, agora obrigadas a reportar transações, equiparando-se às casas de câmbio. O novo sistema, batizado “DeCripto”, entrará em vigor em julho de 2026, mantendo para usuários individuais o limite de R$ 35 mil para declaração de operações sem intermediação. A partir de janeiro, as plataformas deverão implementar procedimentos antilavagem e de transparência.

 

 

Captura de carbono

Brasil busca assumir a liderança na transição energética durante e a minuta foi elaborada com participação de órgãos governamentais e do setor produtivo, com objetivo de avançar na regulamentação de tecnologias de captura de carbono. (Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil)

Em meio à COP-30 em Belém, o Ministério de Minas e Energia lançou nesta segunda-feira, 17, uma consulta pública para regulamentar as atividades de captura e armazenamento de carbono no país. A proposta de decreto abrange três tecnologias estratégicas: captura e armazenamento (CCS), captura, utilização e armazenamento (CCUS) e bioenergia com captura (BECCS). Para o ministro Alexandre Silveira, a medida foi classificada como “um passo histórico” para a descarbonização industrial brasileira. O marco legal visa estabelecer regras claras para operações com gás carbônico (CO₂), atraindo investimentos em setores de difícil descarbonização como aço, cimento e fertilizantes. O texto define requisitos técnicos, ambientais e de segurança, além de parâmetros de monitoramento e rastreabilidade. 

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