Autocontrole Agropecuário

O Ministério da Agricultura publicou nesta sexta-feira, 14 de novembro, a Portaria 861 de 2025, que regulamenta o Sistema de Autocontrole Agropecuário – modernizando a defesa sanitária brasileira. A medida, articulada pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional, permite que empresas credenciadas possam prestar apoio técnico nas inspeções tanto de animais vivos, quanto de carcaças, sob supervisão do Serviço de Inspeção Federal. O modelo, aprovado após quase quatro anos de tramitação, agiliza linhas de abate, reduz gargalos e fortalece a rastreabilidade, sem retirar o poder de polícia do Estado. De acordo com o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, a inovação traz mais segurança jurídica, eficiência e consolida o padrão sanitário do Brasil perante o mercado internacional.
Euforia, mas calma

As exportações do agronegócio bateram recorde em outubro, alcançando R$ 81,63 bilhões – a maior marca para o mês na série histórica. A alta de 8,5% frente a outubro de 2024 foi impulsionada pelo aumento no volume embarcado de commodities como soja, carnes, café e milho. Contudo, esse dinamismo externo contrasta com um cenário de retração no crédito rural. Dados de julho a outubro de 2025 mostram que os recursos efetivamente concedidos aos produtores caíram 7%, totalizando R$ 187,81 bilhões, e o número de contratos despencou 29%. O destaque positivo no financiamento foi o crescimento de 31% nas Cédulas de Produto Rural (CPR), que atingiram R$ 86,2 bilhões. Enquanto as vendas externas seguem robustas, o crédito interno revela um ambiente mais restritivo para o setor.
Agro na COP-30

Durante a 30ª edição da Conferência sobre mudança no clima das Nações Unidas (COP-30) em Belém, a agropecuária do Brasil destacou uma série de iniciativas que posicionam o setor como parte da solução para a crise climática. Em painéis temáticos, o Ministério da Agricultura e Pecuária apresentou o programa “Caminho Verde Brasil”, que visa recuperar 40 milhões de hectares de pastagens em dez anos, com crédito incentivado e compromisso de desmatamento zero. Foi lançado ainda um guia inédito com a experiência brasileira na gestão de dejetos animais para reduzir as emissões de metano, fruto de mais de 15 anos de trabalho no “Plano ABC+”. A bioeconomia da Amazônia também ganhou espaço, com destaque para o bambu como ativo ambiental e a “Plataforma Agro Brasil + Sustentável”, que reúne dados para comprovar a origem sustentável dos produtos.
Agro na COP-30 2

Durante a primeira semana da COP-30, o MAPA fortaleceu ainda alianças globais para descarbonizar o setor. Em reuniões bilaterais com a Austrália e a Organização Internacional do Café (OIC), representantes da pasta ministerial apresentaram programas como os programas “Caminho Verde Brasil” e o “Plano ABC+”, com foco em métricas para carbono no solo e financiamento sustentável. Paralelamente, o ministério lançou também um curso à distância (EAD) gratuito sobre agricultura de baixa emissão e destacou o papel das cooperativas na transição verde. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Agro, apresentado no painel “O Futuro da Carne Sustentável”, projetou que a pecuária brasileira pode reduzir em 92% a intensidade de emissões até o ano de 2050 com adoção de tecnologias.
Compromisso climático

Nesta primeira semana de COP-30, o governo brasileiro lançou um conjunto de iniciativas para fortalecer a governança climática e o financiamento sustentável. O destaque ficou por conta da “Carta Compromisso pela Integridade da Informação Climática”, endossada por mais de 130 organizações para combater desinformação e greenwashing – que são ações enganosas de proteção ambiental. O governo divulgou ainda seu segundo relatório de alocação e impacto de títulos soberanos sustentáveis, detalhando a aplicação de R$ 16,7 bilhões em projetos socioambientais, com 60% dos recursos da primeira emissão destinados a áreas ambientais. Foi anunciado também o quarto leilão do Programa Eco Invest, com foco na Amazônia, utilizando financiamento misto para bioeconomia e infraestrutura sustentável.
COP da Amazônia

Durante esta primeira semana da COP-30 em Belém, o governo de Rondônia lançou o “Plano Futura – Rondônia Rumo ao Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo”, estabelecendo 11 pilares estratégicos para unir crescimento econômico e preservação ambiental. O governador Marcos Rocha (União Brasil) destacou iniciativas como energia limpa, industrialização verde e agricultura sustentável, posicionando o estado como referência em economia verde na Amazônia. Entre os projetos concretos apresentados estão o “Rondônia Carbon” para geração de créditos, recuperação de mais de 1400 nascentes e o “Auxílio Emergencial Climático” para famílias afetadas por eventos extremos. Paralelamente, o estado reforçou sua atuação em governança fundiária, com a regularização de 12.236 áreas que beneficiam 7220 famílias, instrumento considerado essencial para combater o desmatamento.
Cerrado na COP

Durante a COP-30, o governador do estado de Mato Grosso do Sul (MS), Eduardo Riedel (PP), posicionou o seu estado como um modelo de integração entre crescimento econômico e preservação ambiental. Segundo ele, MS anunciou a implantação de três mega usinas solares, um investimento de R$ 5,12 bilhões que, juntas, terão capacidade para suprir 63% do consumo energético estadual e colocarão o estado entre os dez maiores geradores do Brasil. O projeto reforça a meta central do estado de se tornar carbono neutro até o ano de 2030. Paralelamente, o governador Riedel destacou iniciativas como o “Pacto Pantanal”, que concentra R$ 1,4 bilhão em ações de preservação, e os programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que transformam a conservação em ativo econômico. Riedel também defendeu a modernização do licenciamento ambiental, com maior protagonismo dos estados para agilizar empreendimentos sem abrir mão da preservação.
Transição energética

Ainda durante a COP-30 em Belém, o Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta pública o “Referencial Básico para Mineração Brasileira Sustentável”, documento que estabelece diretrizes para uma mineração alinhada aos princípios da governança socioambiental (ESG). O marco integra os eixos ambientais como gestão hídrica, economia circular, diálogo com comunidades, trabalho digno e transparência na aplicação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Pela primeira vez, a política mineral brasileira dedica um capítulo específico à mineração artesanal e de pequena escala, propondo a eliminação do mercúrio e o fomento ao cooperativismo. O referencial também se articula com os objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Destaque na OCDE

Dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam uma expressiva recuperação da confiança dos brasileiros nas instituições públicas. Conforme o levantamento, divulgado na última segunda-feira, 10 de novembro, a confiança no governo federal saltou de 26% em 2022 para 38% em 2025, superando a média da América Latina e Caribe, que é de 35%, e se aproximando da média dos países que integram a OCDE, que é de 39%. O sistema eleitoral brasileiro se consolidou como o mais confiável da região, com 48% de aprovação. A OCDE atribui o avanço a fatores como a ampliação da participação social, a transparência na gestão e a melhoria perceptível nos serviços públicos. O relatório mostra que o país reverteu a trajetória de perda de credibilidade institucional observada em 2022 e iniciou um ciclo de fortalecimento da capacidade de planejar, coordenar e executar políticas públicas.
SpaceSail vs Starlink

A empresa chinesa SpaceSail desembarcou no Brasil em parceria com a Telecomunicações Brasileiras SA (Telebras), para iniciar uma disputa direta com a Starlink de Elon Musk pelo mercado de internet via satélite. Com investimento inicial de R$ 4,8 bilhões, a empresa planeja lançar 648 satélites de órbita baixa ainda em 2025 e chegar a 15 mil até 2030. O Brasil é o primeiro país fora da Ásia, base da empresa, a receber os investimentos. A ideia é que os satélites da empresa se tornem um hub (núcleo de conexão central) onde será irradiado o sinal para outros países sul-americanos. A iniciativa integra a estratégia chinesa de soberania digital e promete levar conexão ultrarrápida a áreas remotas como na Amazônia Legal e no sertão nordestino. Atualmente, a Starlink domina o mercado brasileiro com sete mil satélites. A expectativa é que a SpaceSail contará com forte apoio estatal chinês para colocar o Brasil no centro da nova corrida espacial por conectividade.




















