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Base do governo

ENTREVISTA DA SEMANA | NOVO SENADOR (EXCLUSIVO)

Pai do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Irajá Lacerda, o novo senador defendeu uma maior atenção à agricultura familiar com uma integração, também maior, ao agronegócio. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

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“A gente entra no momento que o país precisa de conciliação nacional”, diz José Lacerda

 

De acordo com o segundo suplente do mandato do senador Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, ele tomou posse na última quarta-feira, 1º de outubro, para integrar a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Por Humberto Azevedo

 

Empossado na última quarta-feira, 1º de outubro, para exercer o mandato pertencente ao atual ministro da Agricultura e Pecuária, senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT), até o próximo dia 29 de janeiro de 2026, o ex-deputado estadual e empresário, José Lacerda (PSD-MT), afirmou que a assume a vaga – que até então era exercida pela senadora Margareth Buzetti (PP-MT), que se licenciou na última terça, 30 de setembro, para desenvolver atividades partidárias – “entra no momento que o país precisa de conciliação nacional”.

 

De acordo com Lacerda, ele tomou posse para integrar a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sua chegada em Brasília acontece 45 dias após Buzetti se desfiliar do PSD e retornar aos Progressistas (PP) – partido em que foi eleita primeira suplente de Fávaro, em 2018. Nos bastidores, comenta-se que Buzetti aceitou o convite do presidente nacional do PP – senador Ciro Nogueira (PI) – para ser candidata ao Senado, em 2026, pela federação União Progressista, ao lado do atual governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil).

 

Ex-secretário de Meio Ambiente do governo mato-grossense na gestão do ex-governador Silval Barbosa (MDB), entre 2010 e 2014, José Lacerda assumiu o mandato sem fazer pronunciamento – onde apenas realizou o juramento prometendo “guardar a Constituição Federal e as leis do país (…) e sustentar a União, a integridade e a independência do Brasil” para “desempenhar fiel e lealmente o mandato de senador”. Segundo ele, será um “mandato curto, mas importante”.

 

“A gente entra no momento que o país precisa de conciliação nacional. Eu acho que todos os poderes precisam sentar na mesa e achar um caminho para o país. (…) Eu venho de um estado que tem um exemplo de crescimento que em 1977, com a lei complementar 31, ele tinha naquela época um PIB de 0,4%. 50 anos depois tem um PIB de 5,8%. (…) Então, significa que o Brasil tem exemplos de que se tiver um trabalho integrado entre a iniciativa privada, com o poder público e com todos os poderes, é possível avançar mais além do que o Brasil já está”, afirmou.

 

“O Brasil é um país de uma riqueza incalculável. E essa riqueza precisa se transformar em benefício para a sociedade e para a maioria [da população], principalmente para aqueles que menos têm. (…) Nós estamos aqui como base do governo e vamos exercer o nosso mandato como base do governo. (…) Então, a ideia é identificar primeiro os projetos que estão tramitando e os projetos de interesse também do meu estado, que como parlamentar, como senador da República do meu estado de Mato Grosso, a terra onde eu nasci, eu preciso defendê-lo também dentro da questão do pacto federativo”, reforçou.

 

PAUTAS MUNICIPALISTAS

 

Mas, apesar de integrar a base do governo Lula, Lacerda deixou claro seu compromisso com as pautas municipalistas. “Porque não é possível que as verbas se concentrem na União, [com] os estados e municípios tendo mais dificuldade. Então, eu acho que está na hora também de fazer uma discussão nesse sentido, porque eu como cidadão não vivo na União, eu vivo no município. A minha vida é lá no município, os problemas estão lá no município”, continuou.

 

Outra bandeira que o novo senador mato-grossense pretende empenhar é o da industrialização, vinculado ao programa federal Nova Indústria do Brasil (NIB). O segundo suplente do ministro Fávaro destacou que é preciso que o seu estado, Mato Grosso, avance nesta pauta também.

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“Mato Grosso, hoje é um estado estabilizado economicamente, mas é um estado que tem uma riqueza muito grande, mas [que] ainda não se industrializou. Nós precisamos, com o potencial que tem, transformar, industrializar o estado de Mato Grosso, para que ele seja um estado bem exemplar para o Brasil, porque produção tem, riqueza tem, um subsolo com uma riqueza extraordinária, um solo extraordinário e uma gente que trabalha”, complementou.

 

ENTREVISTA

 

Abaixo, segue a íntegra de entrevista que o novo senador de Mato Grosso, José Lacerda, concedeu com exclusividade para a reportagem do grupo RDM.

 

RDM: Senador José Lacerda, o senhor está tomando posse hoje, vai ficar até dia 29 de janeiro. O senhor é o segundo suplente do senador licenciado Fávaro, ministro da Agricultura. Qual a sua expectativa desse seu curto período à frente do mandato? 

O novo senador é também pai de Irajá Lacerda Jr., secretário-executivo do Ministério da Agricultura e Pecuária e vice-ministro de Fávaro. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

José Lacerda: É um mandato curto, mas importante. É muito importante. A gente entra no momento que o país precisa de conciliação nacional. Eu acho que todos os poderes precisam sentar na mesa e achar um caminho para o país. É um país extremamente rico. Eu venho de um estado que tem um exemplo de crescimento que em 1977, com a lei complementar 31, ele tinha naquela época um PIB de 0,4%. 50 anos depois tem um PIB de 5,8%. Então, significa que o Brasil tem exemplos de que se tiver um trabalho integrado entre a iniciativa privada, com o poder público e com todos os poderes, das instituições, é possível avançar mais além do que o Brasil já está. O Brasil é um país de uma riqueza incalculável. E essa riqueza precisa se transformar em benefício para a sociedade e para a maioria [da população], principalmente para aqueles que menos têm. Eu acho que essa é a questão que faz parte, inclusive, da conciliação nacional, que seria [uma participação maior da] riqueza [em ações do país, do Estado] extremamente importante, fundamental, porque miséria não se divide, fome não se compartilha, então, a necessidade de ter uma revisão neste momento que o país já tem um crescimento muito importante com todos os avanços tecnológicos, eu acho que é o caminho da conciliação nacional.

 

RDM: E quais são as prioridades desse seu período à frente do mandato neste período?

Líder do PSD no Senado, o baiano Otto Alencar dá boas-vindas ao novo senador José Lacerda, do PSD de Mato Grosso. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

José Lacerda: Bom, eu estou chegando hoje aqui na Casa. Eu preciso primeiro tomar conhecimento de todos os projetos que já tramitam. Nós estamos aqui como base do governo e vamos exercer o nosso mandato como base do governo. Então, a ideia é identificar primeiro os projetos que estão tramitando e os projetos de interesse também do meu estado, que como parlamentar, como senador da República do meu estado de Mato Grosso, a terra onde eu nasci, eu preciso defendê-lo também dentro da questão do pacto federativo, porque não é possível que as verbas se concentrem na União, [com] os estados e municípios tendo mais dificuldade. Então, eu acho que está na hora também de fazer uma discussão nesse sentido, porque eu como cidadão não vivo na União, eu vivo no município. A minha vida é lá no município, os problemas estão lá no município. Então, o prefeito não pode ficar de pires na mão, os parlamentares tanto da área municipal como da área estadual, governadores, apesar de que vamos pegar o estado de Mato Grosso, hoje é um estado estabilizado economicamente, mas é um estado que tem uma riqueza muito grande, mas [que] ainda não se industrializou. Nós precisamos, com o potencial que tem, transformar, industrializar o estado de Mato Grosso, para que ele seja um estado bem exemplar para o Brasil, porque produção tem, riqueza tem, um subsolo com uma riqueza extraordinária, um solo extraordinário e uma gente que trabalha. A Embrapa [Empresa brasileira de pesquisa agropecuária] fez um trabalho espetacular, e isso é o desenvolvimento do cerrado, por exemplo, nosso, é exatamente [graças a] uma empresa brasileira como a Embrapa, o trabalho que ela prestou à nação.

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RDM: O Mato Grosso é um estado basicamente que é produtor de grãos, o principal produtor de grãos, de soja, que é a nossa principal commodity hoje internacional, e um dos problemas centrais, não só do Mato Grosso, do Brasil, mas Mato Grosso enfrenta isso, é a questão de logística, e uma das questões para enfrentar isso seria avançar no transporte ferroviário, não?

O senador Humberto Costa (PT-PE), que presidiu a sessão do Senado durante a posse do novo senador mato-grossense, cumprimenta o colega José Lacerda. (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

José Lacerda: Sim, o transporte ferroviário, retomar as hidrovias no Brasil, o modelo intermodal, o sistema intermodal de transporte é fundamental, principalmente porque cada modelo de transporte tem uma finalidade, e por isso que o intermodal é importante, as ferrovias são importantes, e a outra questão também é a integração dos países vizinhos. Nós não podemos continuar num Brasil e numa América do Sul, onde a fronteira continua sendo uma área de risco. A fronteira tem que ser área de integração. Nós estamos trabalhando uma ligação bioceânica Atlântico-Pacífico, passando por Mato Grosso e pela Bolívia, é a única passando por Mato Grosso e pela Bolívia, porque as outras não passam nem por Mato Grosso, e o país vizinho a Bolívia fica também fora desse eixo. Então, isso é importante, as ferrovias, as hidrovias, as aerovias, as rodovias, o sistema de cabotagem. Então, eu acho que isso tudo é um conjunto que o país tem que aproveitar para transportar a riqueza que tem.

 

RDM: E como resolver esse gargalo que o país tem com relação a infraestrutura de logística?

José Lacerda defende que os gargalos em infraestrutura logística existentes no país só serão superados quando a área for colocada como prioridade do Estado. (Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado)

José Lacerda: Simples, precisa ser prioridade do Estado. O país tem recurso, o país tem recurso. Se o Estado transformar como uma questão prioritária, a própria iniciativa privada contribui. Nós temos exemplos em Mato Grosso, onde nós criamos associações no estado, em que essas associações assumiram um trecho de uma estrada, eles mesmos fazem o asfalto como se fosse uma PPP [Parceria-Público-Privada], cobram uma tarifa, mas tem o asfalto, porque o quanto é que a infraestrutura e a energia são caras? São aquelas que você não tem, não é a que tem, é aquela que você não tem. E nós precisamos na área da agricultura familiar também, que é um ponto importante para o Brasil, porque grande parte, vamos pegar, 70% da comida na mesa da sociedade brasileira vem da agricultura familiar, mas ela também está marginalizada. Então, há necessidade de melhorar esse trabalho para a agricultura familiar.

 

RDM: O agro é um só…

José Lacerda: É, o agro é um só, não existe agricultura familiar e o agronegócio. Ambos são produtores de alimentos, só muda a dimensão da quantidade e da produção. São seres humanos brasileiros iguais, como determina o artigo quinto da Constituição. Ambos estão enquadrados no artigo 170 da Constituição, têm todos os direitos e todas as garantias constitucionais. Então, nós precisamos que o Estado brasileiro respeite essas garantias constitucionais. Quando eu digo Estado, eu não digo governo. Estado é União, estados, e municípios. É o conjunto. O que falta é priorizar um projeto de planejamento mais estratégico para ver qual é a prioridade nacional para que em pouco tempo isso retorne como um plus de desenvolvimento econômico do país.

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