Projeção indica que o campo conservador teria até 38 cadeiras, caso os votos fossem consolidados — e Bolsonaro promete entrar de cabeça na disputa.
Uma radiografia política que percorre todos os 26 estados e o Distrito Federal revelou um cenário eletrizante para as eleições de 2026. Se o pleito fosse hoje, a direita e seus aliados da centro-direita dominariam o Senado Federal com folga, conquistando a maioria das 54 vagas em jogo. O levantamento, baseado em 27 pesquisas recentes de institutos como Real Time Big Data, Paraná Pesquisas, Futura Inteligência e Veritá, mostra uma tendência clara: o eleitorado brasileiro caminha novamente para um Congresso de perfil conservador.
A análise, amplamente divulgada mergulhou nos números de cada unidade da federação e apresentou uma projeção ousada — a direita pura, somada à centro-direita, poderia chegar a 30 cadeiras, e, com o apoio de Jair Bolsonaro, saltar para 38. Isso configuraria um domínio absoluto do Senado, com impacto direto nas votações estratégicas da próxima década.
Norte: Conservadores avançam com força
Na região Norte, o domínio bolsonarista é evidente. No Amapá, Raíssa Furlan (Podemos) lidera com 29%, seguida por Randolfe Rodrigues (21%). Já em Roraima, a disputa é pulverizada, mas os nomes ligados à direita — como Antônio Denarium (PP) e Messias de Jesus (PL) — aparecem entre os favoritos.
No Acre, o governador Gladson Cameli (PP) abre larga vantagem, com 45,7%, reforçando a hegemonia conservadora na região. Em Tocantins, Vanderlei Barbosa (Republicanos) também lidera, enquanto no Pará o governador Helder Barbalho (MDB) desponta com 48%, consolidando o campo de centro-esquerda em meio a um oceano de candidaturas de direita.
Nordeste: Equilíbrio tenso e polarização acentuada
O Nordeste mostra um tabuleiro político mais dividido. Rui Costa (PT) e Jaques Wagner (PT) mantêm o domínio petista na Bahia, com índices acima dos 40%. No Maranhão, Weverton Rocha (PDT) e Roberto Rocha (Republicanos) polarizam a disputa, enquanto no Ceará e no Piauí o embate entre nomes bolsonaristas e lulistas promete ser acirrado até o fim.
Em Alagoas, Renan Calheiros (MDB) segue forte, mas enfrenta concorrência de figuras que orbitam entre a direita e o centro, como Alfredo Gaspar (União Brasil) e Arthur Lira (PP). Pernambuco e Sergipe, por sua vez, mantêm o tom de indefinição — Humberto Costa (PT) e Miguel Coelho (PP) empatam tecnicamente, revelando que a batalha eleitoral nordestina ainda está longe do fim.
Centro-Oeste: Base bolsonarista consolidada
O coração político do bolsonarismo bate forte no Centro-Oeste. No Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) aparece à frente, seguido de Bia Kicis (PL) — uma das vozes mais influentes da direita no Congresso.
Em Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil) lidera com folga, enquanto Janaína Riva (MDB) e José Medeiros (PL) figuram entre os mais citados. Já no Mato Grosso do Sul, a disputa promete ser uma das mais intensas: Reinaldo Azambuja (PL), Capitão Contar (PL) e Nelsinho Trad (PSD) dividem o eleitorado conservador.
Em Goiás, o cenário é igualmente favorável à direita. Gustavo Gayer (PL) desponta com 34,5%, seguido por Gracinha Caiado (União Brasil), reforçando a força da base bolsonarista no estado.
Sudeste: Gigantes duelam pelo Senado
A região mais populosa do país apresenta o embate mais emblemático. Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) aparece na frente, com 37,8%, seguido de Eduardo Bolsonaro (PL), que registra 32,4%. O duelo entre o ministro petista e o filho do ex-presidente promete ser um dos confrontos mais emblemáticos das eleições de 2026.
No Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PL) lidera com 29%, seguido de perto pelo governador Cláudio Castro (PL), o que mostra que o clã Bolsonaro ainda mantém fôlego e capilaridade eleitoral. Já em Minas Gerais, Marília Campos (PT) e Carlos Viana (Podemos) travam uma disputa apertada, com leve vantagem para o campo progressista.
No Espírito Santo, o ex-governador Renato Casagrande (PSB) lidera com 31%, seguido de Paulo Hartung (PSD) — um nome de centro com boa aceitação popular.
Sul: Reduto consolidado do conservadorismo
No Sul, a hegemonia da direita é quase absoluta. No Paraná, Ratinho Júnior (PSD) dispara com 49% das intenções de voto, e no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD) mantém vantagem, mas nomes bolsonaristas como Marcel Van Hattem (Novo) e Marcel Felippe Barros (PL) despontam como alternativas competitivas.
Em Santa Catarina, o cenário chega a ser inusitado: Carlos Bolsonaro (PL) e Caroline de Toni (PL) aparecem na liderança, consolidando o estado como o principal bastião do bolsonarismo no país.
A força da direita: Projeção de domínio no Senado
Somando os resultados, a pesquisa indica que a direita conquistaria 18 vagas diretamente, enquanto a centro-direita teria 12. O centro político ficaria com 5, e a esquerda e centro-esquerda somariam 19 cadeiras juntas.
No entanto, ao considerar a possibilidade de união do campo conservador e apoio direto de Jair Bolsonaro, a projeção cresce ainda mais: a direita poderia chegar a 38 cadeiras no Senado. Segundo o estudo, bastaria evitar a pulverização dos votos e concentrar o apoio em nomes competitivos.
Entre os destaques da “onda conservadora”, aparecem José Medeiros (PL-MT), Capitão Contar (MS), Rodrigo Valadares (SE) e Marcel Van Hattem (RS). Para os analistas, esses candidatos simbolizam a força de um eleitorado fiel e articulado, que tende a comparecer em peso às urnas.
Alta rejeição, mas poder de mobilização
O levantamento aponta ainda um dado curioso: embora a direita tenha alta rejeição (27%), é também o campo com maior capacidade de mobilizar votos na reta final das campanhas. Em contrapartida, a esquerda apresenta média de 19% de intenção de voto inicial e também enfrenta forte resistência, mas costuma reagir com campanhas mais agressivas e estratégicas.
Já os nomes de centro, mesmo partindo de bases menores (15%), carregam o trunfo da baixa rejeição, podendo surpreender em estados polarizados. “Os candidatos centristas são pragmáticos e transitam com facilidade entre os dois polos, o que pode ser decisivo em disputas apertadas”, avaliou a análise.
Conclusão: O mapa político de 2026 já se desenha
Se as eleições fossem hoje, o Brasil assistiria à formação de um Senado amplamente dominado por vozes conservadoras. A direita, impulsionada pela força simbólica do bolsonarismo, tende a crescer e a reconquistar o protagonismo político perdido após 2022.
A esquerda, embora enfraquecida em alguns redutos, ainda mantém bases sólidas no Nordeste e em grandes centros urbanos. Mas, segundo a projeção, a próxima disputa pelo Senado será uma das mais ideológicas e polarizadas da história recente — um verdadeiro termômetro para medir o humor político do país e antecipar o futuro das forças que disputarão o Planalto em 2026.























