Rio Cuiabá, peixe, homem e hidrelétrica
Por Ademir Galitzki
Primeiro vem a voz embargada e logo depois vem choro, que não deu para segurar as lágrimas com muitas emoções. Foi assim que eu assisti uma reportagem no qual um senhor estava dando uma entrevista na Câmara Municipal de Santo Antônio do Leverger. Notava-se que as lágrimas eram verdadeiras de um pescador desesperado dizendo que se este Projeto de Lei do Transporte Zero chegasse a ser aprovado, ele e mais 5 mil pessoas, entre pescadores e seus familiares irão passar fome na cidade que fica a mais de 30 km de Cuiabá.
Para preservar e proteger as bacias, como: pacu, pintado,cachara, dourado, matrinxã entre outros peixes do rio, é preciso que não joguem as 40 toneladas de lixo e 450 milhões de esgoto podrificados e mal cheirosos no rio. É esse líquido assassino que deságua no rio e acaba parando na barriga dos peixes.
Esses dias eu fui na Orla do Porto e presenciei uma cena no qual tinha centenas de peixes agonizando como se estivessem pedindo socorro fazendo o tradicional gesto com a boca por falta de oxigênio. Agora eu pergunto: onde estão os órgãos fiscalizadores Governo Municipal e Estadual, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), etc? Já houve várias reuniões entre vários órgãos como: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério Público Estadual (MPE) e Juizado Ambiental, etc. Mas sem solução até hoje.
As cooperativas das dragas, que são chamados de dragueiros, nada tem feito para proteger dos dejetos coletados em nossos rios. Existem mais de 22 pontos de dragagem no rio Cuiabá, e não estou aqui dizendo que não se pode fazer o processamento de trabalho da draga no rio, pois sem o trabalho dela, não há areia para as construções civis e outras atividades que utilizam o produto.
O Rio Cuiabá tem 981 km e junto com o Rio Coxipó Açú e o Rio Vermelho, banha as cidades próximas de Mato Grosso, Mato Grosso, ajudando a fornecer alimentos, água e lazer para mais de um milhão de habitantes. Criando essa lei de combater a pesca predatória por um período de 5 anos, pescadores irão receber salários por três anos e qualificação. Passando esse período, eles deixam de receber os salários e irão fazer curso de guia turístico para atender os turistas.
Então vamos aos fatos e aí que a coisa pega. Você acha que um pescador que foi criado dentro de uma canoa e dentro do Rio Cuiabá com as mãos calejadas devido ao contato com as linhas de pesca e do remo. Com 60, 70 e até com mais de 80 anos, terá disposição ou ânimo de fazer curso? 54% da conscientização da pesca fica no Rio Cuiabá e o principal ponto de desova é o comitê da bacia hidrográfica do Rio Cuiabá, alerta que o rio em questão não suporta mais retirada de areia de seu leito. Tem que ter um estudo e autorização prévia para retirar a areia de nossos rios. (O aprofundamento demasiado está provocando vários) O aprofundamento demasiado está provocando vários danos ao meio ambiente.
Outro fator preocupante são as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHS), que estão querendo instalar em nosso Rio Cuiabá. Um total de 6 usinas hidrelétricas, mesmo com as transposições de peixes e elevadores, ainda não resolveria o problema, isto seria paliativo, temos exemplos sem acordo em outras regiões do Brasil. Esse projeto é uma descaracterização e degradação a olho nu, sendo um dos principais problemas do Rio Cuiabá, que não tem cachoeiras, o que é muito importante para os peixes desovarem.
Com a instalação dessa Usina, quem sofrerá além dos peixes é o nosso Pantanal, que afetaria a fauna e a água do Rio Cuiabá. Já na seca e com menos água no rio, afetaria também na temperatura da cidade. O calor que faz em nossa capital já é triste, imagina subindo a temperatura por causa do nível baixo do rio. Isso seria um desespero de muitos cuiabanos.
Voltando aos peixes, os donos de restaurante não gostam de servir peixes criados em cativeiros. Pois os (próprios) próprios clientes preferem degustar peixes de rio e deixando o peixe criado em tanque para segundo plano.
Esta é a minha opinião, desejo e sentimento com a palavra às autoridades.