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quinta-feira, maio 9, 2024
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“Sou apaixonado por Sorriso, sou apaixonado por Mato Grosso e sou apaixonado pelo Brasil”

Prefeito de Sorriso, Ari Lafin, conta nesta entrevista sobre como é administrar a “Capital do Agronegócio”, fala de eleições e seu futuro político

Por Gabriel Duenhas e João Negrão

O prefeito Ari Genésio Lafin nasceu em Santa Rosa, no Paraná, em 29 de outubro de 1972, chegou em Sorriso quando ainda era distrito de Nobres, com 13 anos de idade em 1985. A cidade foi emancipada um ano depois, em 1986.

Ari Genésio Lafin é filho de Artur Lafin e Alcôndia Lafin, irmão de Maria Aparecida Lafin, casado com Jucélia Gonçalves Ferro e pai de Gabriel Lafin. Ele começou a trabalhar muito cedo, já em Sorriso, de office boy. É formado em contabilidade e cursa Marketing e Propaganda pela Universidade Centro-Sul de Maringá.

O prefeito administra uma das cidades mais importantes do agronegócio brasileiro, e uma das mais importantes de Mato Grosso. Sorriso é considerado a Capital Nacional do Agronegócio, com a grande produção de soja, milho e algodão, destacando-se também na agricultura familiar.

Nesta entrevista, Lafin faz um balanço de sua gestão, fala de seus investimentos em políticas públicas na cidade, em especial a Educação (tema em que abre um parêntese para falar das prevenções da prefeitura contra ataques em escolas) e Saúde. Menciona ainda a retomada do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental do Alto do Teles Pires, comenta sobre agronegócio e agricultura familiar, e fala de eleições e seu futuro político.

Gabriel Duenhas – O senhor está no segundo mandato. Qual balanço faz dos quatro primeiros anos e destes quase dois anos e meio de mandato?

Ari Lafin – Quando assumimos em 2017, foi um ano no qual busquei estudar e entender a complexidade do poder Executivo. Fui vereador no município por três mandatos, oito anos como legislador, fui convidado na época pelo ex-prefeito para ser secretário de Governo, onde tive a uma oportunidade muito grande de aprender, estudando também todos os métodos de aplicação da LDO, da LOA, do próprio PPA. Claro que o poder Legislativo nos ensina, mas a prática no Executivo é muito diferente. Então, em 2017 foi um ano que busquei entender toda complexidade do poder Executivo local, buscando aplicar o plano plurianual que foi aprovado pela Câmara em 2017; em 2018 iniciamos a aplicação de ações que estávamos projetando através desses estudos, que eu posso afirmar, o que me deu um diagnóstico em 2017 muito claro que Sorriso, a Capital do Agronegócio até então tinha apenas o título. Porém, a industrialização era o principal fator que eu teria como desafio na gestão nos primeiros quatro anos, além da manutenção da cidade, obras de escolas, creches, postos de saúde, isso faz parte. Mas o desafio da gestão Ari e Gerson nos primeiros quatro anos foi fazer com que pudéssemos também industrializar nosso município.

Lucas do Rio Verde que é uma cidade muito próxima e já tinha iniciado esse processo através da gestão de Otaviano Pivetta, que hoje é vice-governador do Estado; e Sinop a 80 km, já era reconhecida como a Capital do Norte mato-grossense, atraindo para lá faculdades de Medicina, centros especializados na área hospitalar, e nós estávamos no meio dessas cidades sem ter o foco voltado à industrialização. Iniciamos então em 2018 um trabalho para apresentar o município aos empresários locais e oferecer a outras capitais do Brasil. Começamos de lá pra cá a ter o fator industrial como uma das nossas marcas, fazendo com que o que se produz em nosso município possa chegar também através da geração de empregos a outras pessoas. A riqueza de Sorriso pode ser distribuída também através da industrialização que é um dos fatores que foi uma marca muito importante nos primeiros anos. Nós saímos da quinta economia em 2017 e chegamos em 2022 com a terceira economia do estado de Mato Grosso, passando a cidade de Várzea Grande e de Sinop, através do valor agregado do ICMS que está sendo agora arrecadado para o governo do Estado através da indústria que chegou também em nosso município e que nós, defendendo tudo aquilo que estamos produzindo. Precisamos agregar, dando oportunidade de geração de empregos e obviamente o comércio se torna muito mais forte, advogados podem ter mais clientes, médicos podem ter mais pacientes, dentistas, frentistas, borracheiro, a economia vai cada vez mais se fortalecendo. Além de buscarmos fazer de Sorriso a Capital do Agronegócio, buscamos também uma cidade interessante para a geração de empregos, através da indústria.

João Negrão – O resultado dessa industrialização, na verdade está com viés voltado para a agroindustrialização. Como está esse resultado em termos de arrecadação e de desenvolvimento das forças produtivas da cidade?

Ari Lafin – Um exemplo muito claro é a transformação da nossa soja. Nós temos uma empresa aqui, conhecida e reconhecida, que é a Caramuru. Ela extrai oito produtos da soja: o farelo é altamente produtivo para ração de animais; o farelo fino, que é um produto mais refinado, é exportado para Noruega, para produção de salmão; a lecitina é encaminhada à Suíça para fazer chocolates; o álcool da soja é um exemplo de que, quando a gente agrega valor no que produz, geramos emprego e renda. A Caramuru, em 2017, gerava 400 empregos. Hoje, com o aumento da sua planta interna, ela deve gerar aproximadamente 1.100 empregos diretos. Nós também damos a condição de fazer com que todos possam ganhar dinheiro na cidade, porque quando é levado em trens ou em caminhões – aqui ainda não chegou o trem, aqui ainda é caminhão -, ficando um valor agregado ao produtor rural, que merece, porque foi o desbravador dessas terras, mais do que nunca. Agora para fazer com que os impostos possam ser aumentados para com o Governo do Estado através do ICMS e para que mais pessoas possam ganhar o pão de cada dia, e esta, ficar distribuída dentro do município, onde a indústria é a grande discussão do momento.

Eu acredito que, não só pra Sorriso, a indústria é um fator que deve ser discutido em todo Brasil para que possamos fortalecer a distribuição de renda em todo nosso território nacional. Mato Grosso está muito focado nesse tema e aqui em Sorriso temos esta pauta como a principal do nosso governo: industrializar e capacitar a mão de obra que também tem sido um desafio, através dos cursos profissionalizantes lançados pela Secretaria de Assistência Social. Nós lançamos 800 vagas no SENAI pagos pelo município para ofertar capacitação aos nossos cidadãos de forma gratuita.

Gabriel Duenhas – Comente sobre o desenvolvimento tecnológico no bojo dessa industrialização.

Ari Lafin – Aqui temos uma área de 80 hectares destinada à implantação do nosso parque tecnológico, porque acreditamos que termos o título da Capital do Agro precisamos ser referência também na área da tecnologia e estamos buscando fazer com que até o ano que vem possamos inaugurar o nosso parque tecnológico, fazendo com que a gente possa ser uma referência também, como São Paulo, Piracicaba, São José dos Campos, Cascavel, Londrina. Estamos buscando alguns exemplos externos para poder aplicar aqui também.

Aliado a isso, também estamos trabalhando com muita força para apresentar tudo aquilo que produzimos no município. Além da tecnologia, nossa responsabilidade ambiental é um dos temas que o Brasil e o mundo nos cobram. Estamos preparados pra deixar bem claro que aqui produzimos com bastante responsabilidade ambiental. Alguns temas que serão inseridos na nossa gestão de agora até 2024 é o fator tecnológico através do nosso parque tecnológico e o fator também ambiental que o Sindicato Rural aqui do município é um grande parceiro nosso, os produtores rurais também. Queremos deixar bem claro ao mundo que buscamos, e que nós aplicamos a agricultura aqui com muita responsabilidade também na questão ambiental.

João Negrão – O agronegócio tem sua incontestável importância, mas o prefeito também tem uma preocupação com a agricultura familiar que tem seu papel de relevância no município.

Ari Lafin – A Capital do Agronegócio é reconhecida pela alta produtividade com os produtores rurais de média e alta capacidade de produção. Também tem em nosso município a força da agricultura familiar e no ano passado, com o apoio da Câmara Municipal de Vereadores, criamos a Secretaria de Agricultura Familiar no município de Sorriso por entender que o nosso produtor rural já recebe um grande apoio da nossa Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente que cuida das causas de média e alta complexidade – e através da Secretaria de Transportes damos todo apoio ao agricultor para retirada da soja e do milho, com estradas boas, pontes e infraestrutura que está chegando também agora através do governo do Estado. Mas entendemos que a Capital do Agronegócio tem que dar o exemplo também do pequeno produtor rural e aqui estamos trabalhando com assistência técnica no campo, máquinas e uma equipe que diariamente leva apoio ao Cinturão Verde e também ao assentamento.

Nós temos o assentamento Jonas Pinheiro com 220 famílias e o projeto casulo com 20 famílias. Temos projetos implantados da agricultura familiar, onde está produzindo hortaliças e frutas que atende a nossa merenda escolar, o município compra toda a produção da nossa agricultura familiar, até porque a lei é bem clara: até 30% o município deve comprar da agricultura familiar local e nós estamos potencializando, hoje já conseguimos comprar para merenda, banana, maracujá, entre outras frutas que são produzidas aqui, em produção.

A agricultura familiar do município de Sorriso dá um importante selo para os médios e grandes produtores rurais, pois só no ano passado nós produzimos toneladas de mel. Isso é importante porque, onde produzimos soja, milho e algodão e que hoje somos muito combatidos por alguns – é natural que isso seja um questionamento mundo afora, de como são produzidos esses produtos que chegam na Europa, na China, enfim, todos os países, inclusive no próprio mercado interno brasileiro. A notícia boa é que, onde se produz mel e aí tem abelha, o ar é limpo e somos o segundo maior produtor de peixe de água doce do Estado, através da produção em açudes. Isso mostra que também as nossas águas são limpas.

Hoje a agricultura familiar em Sorriso tem o nosso apoio e estamos muito ligados. Defendemos o pequeno, o médio e o grande, com políticas voltadas à sustentabilidade alimentar e à sustentabilidade ambiental. Eu acredito que estamos no caminho: trabalhar e apoiar todos. O assentamento aqui é modelo para o Brasil em todos os sentidos. Lá tem escola, tem saúde e damos todo o apoio aqueles assentados que estão lá.

Gabriel Duenhas – Fale sobre as políticas públicas do município, Saúde, Educação e Assistência Social. Recentemente, escolas em diversos estados foram alvos de ataques criminosos. Quais as ações a prefeitura tomou e vem tomando com relação ao tema?

Ari Lafin – Iniciamos os trabalhos logo após os fatos acontecidos em São Paulo com a professora e infelizmente com o que aconteceu em Blumenau em Santa Catarina. Reunimos as equipes técnicas da Polícia Militar, Polícia Civil, a nossa secretária de Educação, convidamos a Câmara de Vereadores, o Ministério Público e formamos um grande time. Criamos um comitê permanente de discussão de aplicabilidade de ações voltadas a segurança nas escolas, sob o comando do tenente-coronel Botelho, que é diretor da Escola Tiradentes, que é uma escola militar do Governo do Estado.

Estamos trabalhando com essa comissão quase diariamente e de imediato implantamos nas escolas vigias para entrada e saída de alunos e no decorrer do dia, ele percorre todo o pátio da escola observando qual tipo de movimento possa estar acontecendo, inclusive externamente, nas ruas adjacentes informando imediatamente o diretor da escola, e aciona a patrulha da Polícia Militar ou da Guarda Municipal que receberam reforços extras em nosso município.

Além disso, estamos adquirindo equipamentos de identificação de metais para que esses vigias possam abordar adultos, alunos, e são orientados a não trazer nenhum tipo de equipamento que não seja o material escolar para a escola e para sala de aula.

Estamos observando também, através dos próprios professores que estão muito próximos de seus alunos, os comportamentos psicológicos alterados e automaticamente a nossa Secretaria de Saúde está com uma equipe de psicólogos pra dar esse apoio também a este fator aluno e pais. Daí automaticamente se analisa algum fator de alteração comportamental, é feito um trabalho muito sigiloso pra não expor o aluno e oferecemos tratamento psicológico para ele, identificamos também como é sua origem em casa, se ele é criado pelo pai, pela mãe, pelos avós, todo acompanhamento para ver qual é o problema, às vezes na alteração comportamental. Agora, mais do que nunca, temos que observar isso, pois existem crianças que são muito calmas, outras são mais agitadas e algumas acabam até partindo para algum tipo de agressão na escola. Temos que entender o porque isso está acontecendo. Talvez falte algum tipo de apoio.

Todas as escolas estão com vídeo monitoramento 24 horas na Secretaria de Segurança do município. São algumas ações que já aplicamos e esse é um assunto que não sairá mais das grades curriculares.

Vamos manter esse trabalho, treinando diretores para qualquer tipo de movimento estranho nas escolas, os vigias continuarão trabalhando, vamos fazer mais reuniões com a PM, trazendo os pais pra dentro das escolas, buscando entender o que acontece ali naquele ambiente escolar diariamente e outras ideias que estão surgindo vamos aplicar com o tempo.

Medidas emergenciais já foram tomadas e outras de médio e longo prazo a comissão irá decidir. Precisamos formar força e cuidar também do comportamento dessas crianças, porque o bullying não pode ser tratado como algo que não existe. Infelizmente o bullying existe e precisamos combater com muita inteligência, e nas redes sociais quando qualquer movimento é lançado, não podemos ignorar. A Polícia Civil está com uma equipe investigando aqui em Sorriso e em menos de 24 horas estão abordando crianças, jovens e adolescentes dentro das suas casas com seus pais para saber por que esse tipo de brincadeira está sendo lançada.

Gabriel Duenhas – Passamos por uma pandemia de coronavírus que vitimou mais de 700 mil vidas, desse modo, gostaria de saber sobre a questão da saúde, educação e assistência social do município de Sorriso.

Ari Lafin – A saúde foi um grande desafio para o mundo. Em 2020 quando veio a pandemia foi uma tortura para todos, perda de vidas, desconexão de informações, teve momentos em que eu não sabia o que fazer. Também criamos um grande comitê na época, reunia-se praticamente duas vezes por dia para discutir temas importantes de enfrentamento, com as equipes clínicas, sempre respeitando os médicos, mas, também não deixando de ouvir a sociedade organizada, através do movimento financeiro da economia que era uma grande preocupação de todos e naquele momento. Enfrentamos dando toda estrutura, montamos um hospital de campanha, contratamos 10 UTIs com recursos do município e com apoio do Ministério Público, fizemos um TAC por 6 meses dentro da própria UPA, contratamos médicos especializados. Quando Manaus discutia cilindros, nós tínhamos a base de oxigênio 50 mil litros toda semana, chegava uma carreta da White Martins para abastecer, mas tudo isso porque nós nos preocupamos quando a pandemia estava chegando no Brasil e que muitos tratavam como uma mentira anunciada na Europa e infelizmente entrou no país pelo litoral. Praticamente por 15 ou 20 dias até essa doença chegar com força aqui, mas eu falei: vamos nos preparar. Graças ao bom Deus que nós estávamos com a estrutura preparada e começamos a enfrentar a doença. O paciente chegava com tosse, nós fazíamos o Raios X para ver o grau de infecção do pulmão e a mancha. O paciente com 5% ia para casa com medicamento, mas era monitorado 24 horas; o paciente com 10 a 15% de mancha no pulmão nós já colocávamos no ambulatório com medicamentos, até venosos, para combater a doença. Infelizmente, perdemos vidas aqui também, mas conseguimos diminuir muito a fatalidade pelo fator do enfrentamento técnico e imediato. Trabalhamos unidos, as forças da Câmara, Dirigentes Lojistas, setores da indústria, do agro, mantendo protocolos de portas abertas em nosso município, mas com ventilação, restaurantes com 50% de capacidade, nos reinventamos.

Hoje temos 28 unidades básicas de saúde que cobrem o nosso município com atendimento da ponta, que é a entrada da saúde. Temos 100% da saúde básica com cobertura, inclusive com unidades nos distritos de Boa Esperança, Caravágio, Primavera e no Assentamento Jonas Pinheiro para atender as 20 famílias assentadas com médico nas unidades. A nossa unidade de pronto atendimento (UPA) está atendendo uma média de 650 pessoas por dia.

Além disso, temos uma UPA na região Leste, que é uma região muito grande habitacional de 25 mil pessoas. Também abrimos atendimento 24 horas na região da Rota do Sol, que é a região Sul do nosso município, para descongestionar o impacto da unidade de pronto atendimento que inclusive estamos aumentando a capacidade. O prédio está sendo remodelado de 15 leitos de estabilização até que abre a regulação pros hospitais regionais pra 36 leitos até em julho.

Estamos dando uma capacidade maior em nossa UPA e distribuição de remédio em casa para idosos acamados e a quem tem diabetes. Temos um sistema que leva o remédio na casa do cidadão e uma farmácia 24 horas ao lado da UPA, o cidadão atendido 03:00 da manhã, no feriado, sábado, domingo, ele sai da UPA com a receita e consegue a qualquer horário do dia retirar o seu remédio na farmácia.

A gente tem que vencer sempre obstáculo, pois a política é muito dinâmica. Um acidente de trânsito, por exemplo: o cidadão quebra um fêmur, ele dá entrada na UPA, nós estabilizamos o paciente até que abra a regulação no Hospital Regional, porque, é assim que está funcionando. O Hospital Regional em Sorriso atende 15 municípios. Mas nós estamos trabalhando a saúde com bastante atenção, muito treinamento e agentes de saúde cobrindo toda a cidade no dia a dia para ajudar no combate à dengue, zika vírus, chicungunha, porque a saúde é um trabalho muito complexo que tem que começar lá na base, para tentar evitar o máximo possível a média e alta complexidade.

A Educação do nosso município atende todos os alunos do berçário ao sexto ano. A nossa dificuldade neste momento, o nosso déficit, está sendo em creches porque o crescimento da nossa cidade hoje é de 20 pontos percentuais ao ano. São 70 vagas por mês que são procuradas para novos alunos. A cidade está recebendo uma demanda muito grande de pessoas de fora, e, claro, também das crianças que nascem aqui.

Nossas escolas estão atendendo, não há nenhuma falta de vaga para alunos do ensino médio, nós estamos estudando a licitação para cinco novas creches para buscar fazer com que a gente tenha uma fila menor na lista de espera.

O nosso desafio, através da Secretaria de Educação, são os analfabetos adultos. Sorriso deve ter aproximadamente 1.200 analfabetos. Estamos buscando através de um programa com o Governo do Estado trazer para a sala de aula, para dar o mínimo para eles do ensino, ler e escrever. Essa taxa de analfabetos me preocupa. Acredito que todos os municípios, assim como o nosso, precisam combater principalmente essa situação do analfabetismo. São realidades que a gente está buscando encarar com todos os que estão a nossa disposição, mas, estamos lançando programas para poder fazer com que a gente possa equilibrar isso aqui em nosso município.

Nossas escolas inclusive, com robótica também, a tecnologia nas escolas contém laboratórios de informática com internet de fibra, porque de nada adianta um laboratório se a criança não consegue se conectar. Os professores conseguem dar aula com conexão de fibra nas escolas, computadores bons, algumas estão com a robótica implantada, e a tendência de agora em diante é isso, além, do ensino tradicional, é provocar a fazer com que todas as crianças jovens e adolescentes, principalmente dos bairros mais humildes, possam ter acesso a tecnologia.

João Negrão – O Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental do Alto do Teles Pires foi retomado. Como foi esse processo? Quem é o atual presidente do consórcio?

Ari Lafin – O presidente é o Miguel Vaz, de Lucas do Rio Verde. O consórcio foi retomado há dois anos, pois nós temos um Consórcio de Saúde aqui que é o modelo dos 15 municípios e tem feito a diferença na vida das pessoas através da compra de medicamentos. Pelo consórcio a gente consegue baixar preço na licitação e compra inclusive de cirurgias.

Quando nós unimos em 15 municípios, nos tornamos muito mais fortes e acabamos comprando cirurgias com preços muito menores através de mutirões. O Consórcio de Saúde já é um modelo e nós reativamos o Consórcio de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Alto Teles Pires (Cidesa) para junto com os prefeitos pudéssemos discutir os problemas da região. Eu assumi em (2021-2022), buscamos como principal tema a unidade e esforço de todos os prefeitos com comissões de trabalho.

O grande sucesso do Cidesa, a BR-163. Em 2021 eu, então presidente do consórcio, juntamente com os prefeitos, fizemos uma proposta, criamos uma carta de intenção para o Ministério de Infraestrutura em Brasília e para o Governador do Estado de Mato Grosso que nós tínhamos a intenção de assumir a gestão da BR-163 de Sonora a Sinop. Todos falaram: “Mas como assim, prefeito? Que loucura é essa?” Eu falei: “Olha, em Mato Grosso, nós já temos modelos de PPPs caipiras que deram certo. Por exemplo, a MT-242, de Sorriso a Boa Esperança, ligando Nova Ubiratã. Ela é administrada por uma associação de agricultores.

A MT-242, de Sorriso à Ipiranga, é administrada por um consórcio também de agricultores, que na época formaram associações e quando foram lançadas as licitações desses dois trechos os próprios agricultores se organizaram e ganharam as concessões. Se nós temos esse modelo em Mato Grosso porque é que nós, com o Cidesa, com CNPJ próprio, por sermos uma instituição sem fins lucrativos, queremos entrar para duplicar e manter. Que tal essa ideia?” Os prefeitos acataram. Quando nós lançamos essa ideia, fomos inclusive entrevistados na mídia do estado de Mato Grosso e eu falei: “Olha, nós estamos abertos a esse debate”. E nos indagaram: “Mas, prefeito, isso não é uma loucura?” Eu respondi: “Até pode ser, mas se nós não nos movimentarmos, a Odebrecht vai ficar até o final e não vai dar resposta nenhuma”.

O governador do estado do Mato Grosso nos chamou na época, e falou” “Explica melhor a ideia de vocês. Prefeitos, vou fazer um acordo, eu vou tratar isso através de uma estatal, só precisamos tratar isso de forma muito inteligente, sem barulho político, porque eu vou ter que fazer consultas no Tribunal de Contas da União, no Ministério de Infraestrutura e eu acredito que a MT PAR pode ser a grande jogada disso. O que os senhores acham?”. Respondemos: “Governador, sem problema algum, nós não temos vaidade”. E de lá nós ficamos quase seis meses e dando anuência a tudo que o Governo do Estado vinha construindo de forma silenciosa sem muito barulho para que tudo desse certo, cartas de apoio do consórcio saíram, a OAB foi importantíssima nesse processo, porque a OAB já vinha nesse debate há muitos anos, as Câmaras Municipais e vereadores, os sindicatos rurais, a Aprosoja, todos nós nos unimos para dar apoio a essa ideia do governador do estado de Mato Grosso.

O consórcio só aí já mostrou que valeu a pena a retomada das grandes discussões. Em dezembro eu entreguei o consórcio ao Miguel que era o meu vice e o Leandro de Nova Mutum agora é o vice do Miguel e eu estou dentro pra colaborar. Eu acredito que dois anos é interessante a gente colaborar, depois a alternância do poder nos consórcios mostram que nós não precisamos perpetuar. Nós podemos usar da nossa experiência a cada dois anos, depois colaborar com os outros prefeitos. Quando todos falam a mesma língua, o resultado aparece.

Gabriel Duenhas – Em 2024 teremos eleições municipais, o senhor foi reeleito em 2020, portanto, não poderá concorrer novamente à prefeitura. Gostaria de saber se apoiará algum candidato, e qual será o futuro político do prefeito de Sorriso?

Ari Lafin – Estou ouvindo todos aqueles que têm suas vontades políticas, principalmente os aliados. Eu tenho hoje o nosso secretário de Administração, doutor Estevam Hungaro Kal Filho, que está filiado ao PSDB, foi coordenador das minhas duas campanhas, um grande amigo advogado que colocou o seu nome como pré-candidato para uma análise popular sem problema algum. A democracia nos dá o direito para aqueles que tenham a sua vontade de poder lançar o nome.

O vice-prefeito Gerson Bicego, meu aliado também, meu grande companheiro da primeira eleição e da segunda, extremamente leal, está colocando seu nome à disposição pelo PL. O secretário de Governo Hilton Polesello, que nesse momento procura um partido político, já foi candidato a vice-prefeito com Rossato em 2016, quando então ganhamos as eleições de Rossato e Polesello. Hoje está no governo, foi ex-vereador e é uma pessoa muito séria, está pedindo a oportunidade de por seu nome a disposição. Leandro Damiani, candidato a deputado estadual e suplente do PSDB, é um dos nomes que estão sendo cogitados também. Acácio Ambrozini foi candidato pelo Republicanos a federal, e fez uma boa votação e deverá colocar o seu nome também pelo Republicanos.

Esses são alguns nomes que estão se pré disponibilizando a uma candidatura a prefeito no ano que vem. O que é que eu estou deixando claro a todos eles? Coloquem o nome, busquem a opinião pública e no ano que vem teremos que fazer pesquisas, que darão o norte da capacidade eleitoral desses nomes citados por mim até então. Vou conversar com outras pessoas, inclusive existem empresários aqui de Sorriso que eu ouvi falar que têm vontade. Vou ouvir essa vontade e acredito que as pessoas têm que ter a coragem de colocar o nome.

Quando em lancei em 2016 para enfrentar o ex-prefeito Rossato, um homem muito sério, muito forte, inclusive um empresário muito renomado, eu era um vendedor de gráfica, tinha uma gráfica, eu vendia adesivos impressos e placas. Em 2015 iniciei o meu trabalho na sociedade colocando meu nome, meu partido PSDB me deu essa condição e eu comecei. Acho legal que aqueles que têm a coragem de me procurar e colocar o nome a disposição. Com muita maturidade no ano que vem em maio, a gente vai definir o candidato e o vice através de números. Vou analisar números, sim, porém também vou analisar o comportamento de lealdade. Preciso que pelo menos eu seja respeitado, porque eu vou para rua, vou dar condição de eleição.

Hoje nós temos uma aceitação de 86% da opinião pública, através de pesquisas. É uma gestão que está em alta e que o próprio pesquisado diz que o candidato que eu apoiar será eleito. Eu vou levar em consideração as pesquisas? Sim, mas também levarei em consideração de agora até o ano que vem o comportamento desses pré-candidatos, no mínimo depois de um respeito para comigo. Porque ajudar alguém chegar ao comando de uma cidade e depois não gerar a expectativa ou nem ouvir a minha opinião, isso vai trazer um prejuízo muito grande para mim. O comportamento dessas personalidades lançadas será algo que eu também vou analisar com muito critério até o ano que vem.

Pretendo entregar Sorriso em 31 de dezembro de 2024 com serviços de qualidade para a população e pretendo sair muito bem avaliado primeiramente da minha cidade. Se eu conseguir manter o nível de aceitação hoje de 86%, é óbvio que eu estarei preparado para um cenário na esfera estadual ou federal. Em 2025 eu vou fazer análises do meu currículo de oito anos à frente do município e procurar conversar com lideranças em Cuiabá, porque a política mato-grossense deve ser sempre debatida com lideranças que já estão no comando, o próprio governador, os deputados estaduais, não só o Avallone do meu partido, como os dos demais. Quero conversar com Jayme Campos, com Carlos Bezerra; quero conversar com várias lideranças para entender melhor. Vou estudar o cenário e me colocarei a disposição com certeza em 2026. Posso dizer que Mato Grosso provavelmente terá um candidato a algum cargo com currículo muito bom, eu estarei capacitado a ajudar Mato Grosso em alguma esfera. Agora nesse momento eu não conseguiria dizer. Nós precisamos debater, porque o que eu sempre digo e repito, que a democracia e os partidos devem oferecer candidatos para população. Dar condições de ter mais candidatos preparados para Mato Grosso, com grandes debates. É o meu pensamento, não é ataque ao adversário. Vou me apresentar em 2026 com um bom currículo, com boas propostas sem atacar ninguém, me colocando à disposição, como em 2016, eu não ataquei o ex-prefeito Rossato. Eu tinha até dificuldade, porque muitos eleitores pediram assim. Não, eu estou sendo uma opção a mais para Sorriso, porque eu tinha, por incrível que pareça, um respeito grande pelo ex-prefeito, mas eu queria ser alternativa para Sorriso com outras propostas.

Serei um soldado por Mato Grosso. Sou apaixonado por Sorriso, sou apaixonado por Mato Grosso e sou apaixonado pelo Brasil. Acredito que precisamos de grandes lideranças, menos ataques e mais propostas, porque atirar pedra é fácil, quero ver quem tem perna e corpo para carregar pedra todos os dias. Acho que é esse o grande debate que nós precisamos para o Brasil.

 

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