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sexta-feira, maio 17, 2024
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Referendo na Ucrânia termina com ampla maioria a favor da anexação de territórios pela Rússia

A esmagadora maioria dos participantes dos referendos ilegais convocados nos territórios controlados pela Rússia no leste e no sul da Ucrânia votaram a favor da anexação — um resultado condenado por Kiev mas que o presidente russo, Vladimir Putin, pode formalizar nos próximos dias.

“Os resultados do referendo são óbvios. Sua legitimidade não levanta dúvidas. Milhões de habitantes de Donbass e dos territórios ocupados fizeram sua escolha”, disse Andrey Turchak, secretário-geral do partido do Kremlin, Rússia Unida, que supervisionou a votação em Donbass.

A votação, que durou cinco dias por razões de segurança, ocorreu sem um cessar-fogo, de modo que os combates continuaram entre o Exército ucraniano, as tropas russas e as milícias separatistas aliadas.

A Ucrânia, que considera que a “farsa” eleitoral nas regiões orientais de Donetsk e Lugansk e nas regiões meridionais de Kherson e Zaporizhzhia não tem valor legal, advertiu que os cidadãos que participaram da organização dos referendos seriam acusados ​​de traição.

As potências ocidentais, que já anunciaram que não reconhecerão os resultados, ameaçaram o Kremlin com uma nova rodada de sanções, como aconteceu com a anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014.

De acordo com os primeiros resultados da votação, mais de 98% dos eleitores apoiaram a incorporação das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk à Federação Russa.

“Como no distante 2014, saímos às ruas e mostramos nossa unidade. Sem conhecer os resultados, tenho certeza de que a maioria era a favor da adesão à Rússia”, disse Leonid Pasechnik, líder da autoproclamada República Popular de Lugansk.

Cerca de 92,74% dos eleitores da região de Zaporizhzhia, banhada pelo Mar de Azov, apoiaram a anexação russa, de acordo com a apuração de mais de 92% dos votos. No caso de Kherson, na fronteira com a Crimeia, após a apuração de 75% dos votos, mais de 86% votaram sim.

O referendo também foi realizado em território russo, onde foram montadas urnas para que os refugiados (ou deportados, segundo Kiev) pudessem exercer o direito de voto.

“Deve ser entendido que os países ocidentais nunca e em nenhum caso reconhecerão os resultados dessas consultas, independentemente de estarmos aqui e monitorarmos suas condições”, disse Maxim Grigoriev, chefe do conselho coordenador da Câmara Pública russa para controlar a votação.

O pleito de hoje, último dia de referendo, começou ao som do hino russo nos colégios eleitorais, enquanto a bandeira da Rússia podia ser vista em locais públicos.

Os separatistas destacaram que a participação eleitoral superou todas as expectativas, embora Kiev tenha denunciado a coação dos habitantes da região, a manipulação do censo e a perseguição dos fiéis ao governo central.

No caso da região de Donetsk, os ucranianos que vivem na parte controlada pelas tropas ucranianas, ou seja, 45% do território, não votaram. O mesmo aconteceu com uma pequena faixa em Kherson e cerca de um terço de Zaporizhzhia.

Moscou e pró-russos acusaram Kiev de tentar torpedear o referendo, disparando dezenas de projéteis nos territórios ocupados, forçando o adiamento da votação e causando o fechamento de alguns colégios eleitorais em Lugansk.

Anexação relâmpago

Assim que a votação terminou, os líderes separatistas disseram estar prontos para viajar a Moscou, encontrar-se com Putin e iniciar o processo legal de “incorporação”. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, estava convencido de que o processo “será bastante rápido”, uma vez que tanto os deputados quanto o Poder Executivo “já estão prontos”.

O Ministério da Defesa do Reino Unido informou nesta terça-feira que Putin poderia consumar a anexação na próxima sexta (30), mas a presidente do Senado, Valentina Matviyenko, deu a entender que Moscou não tem tanta pressa.

“Acredito que entre amanhã e depois, nos próximos dias, os resultados do referendo estarão prontos. Estamos prontos, por enquanto não vejo necessidade de realizar reuniões extraordinárias. A reunião está prevista para 4 de outubro”, declarou.

De qualquer forma, ela acrescentou, “respeitaremos a vontade dos habitantes das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Zaporizhzhia e Kherson. Se sua vontade for fazer parte da Rússia, nós a apoiaremos”.

No caso da Crimeia, o referendo ocorreu em 16 de março de 2014, e dois dias depois Putin anunciou sua anexação, que foi formalizada em 21 de março, durante uma cerimônia solene no Kremlin com os líderes da península e do porto de Sebastopol.

Após o controverso referendo, a Crimeia declarou formalmente sua independência, que durou 30 horas, uma proclamação que os separatistas de Kherson e Zaporizhzhia descartaram como desnecessária.

A esse respeito, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, assegurou que os referendos separatistas “não terão nenhuma influência” sobre os objetivos militares de Kiev, que continuará a campanha para desocupar o território nacional.

Fonte: R7

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