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quinta-feira, maio 9, 2024
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Programa ‘Luz para Todos’: Onde na Europa?

Por Ademir Galiztki

Assisti a um programa na TV agro no primeiro domingo de agosto de 2023 e deparei-me com cenas que jamais deveriam ser mostradas em um programa de tal natureza. São imagens de partir o coração, até para os mais insensíveis dos seres humanos. É deprimente ver pessoas sofrendo e esperando por promessas dos governos, ainda de 2003 até os dias de hoje, em 2023 (acredite-se). Além de não terem energia, muitos não conseguem ter o tão precioso líquido que é a água, pois para ter água é necessário ter energia elétrica. Foi desolador quando a repórter perguntou a uma moradora do interior do Piauí, estado mostrado na reportagem, se ela já tinha assistido a alguma novela na TV. A resposta foi negativa. A única vez que ela viu algo na televisão foi há 20 anos, em outra reportagem do mesmo programa, onde ela reclamava da falta de energia. Ela viu essa reportagem na casa de uma vizinha.

Como leitor, é difícil compreender como há tanto dinheiro desviado, mal aplicado ou simplesmente mal distribuído, enquanto o governo gasta mais de 42 mil reais em um sofá, uma quantia suficiente para comprar uma cama. Por favor, ajude-me nessa desconcertante situação social, nessa prática de promessas sem fim, onde os políticos e governantes só parecem querer o nosso voto a cada quatro anos, sem fazerem nada pelo povo mais necessitado. O povo já não aguenta passar por tanto sofrimento, tanta humilhação. Enquanto os bem-vestidos fazem quatro refeições todos os dias, o povo passa fome e não pode sequer guardar um iogurte ou conservar o pouco leite tirado de uma vaca magra. Em muitos casos, eles bebem de poças de água suja e barrenta e se alimentam apenas de cactos devido à seca do nordeste brasileiro.

Na matéria que vi neste programa sobre o estado do Piauí, após 20 anos, entrevistaram as mesmas pessoas (acredite-se). Essas mesmas pessoas ainda estão na mesma casa, sem a energia prometida, como sempre, só promessas e enganação. É muito triste ver tanta gente passando privações, sofrendo, sem perspectiva de uma vida melhor, além da falta de condições devido à aridez das terras nordestinas e à escassez de chuvas, conhecida no semiárido nordestino.

Todos sabemos o sofrimento do povo do nordeste brasileiro por falta de energia para construir e manter as bombas de poços artesianos. Sabemos que no nordeste brasileiro, as pessoas guardam a água escassa das poucas chuvas em cisternas, mas essa água nunca é suficiente, já que as chuvas são escassas na maioria dos estados nordestinos. No entanto, a nossa preocupação hoje é a falta de energia, a luz para todos, um projeto do governo federal que não sai do papel, lançado há mais de 20 ou 30 anos, parecendo mais uma história fantasiosa. Por que será que o povo do nosso querido nordeste precisa ser tão penalizado, sofrendo o descaso de dezenas de governos que já passaram e nada fizeram para amenizar o sofrimento dessas pessoas?

Esse povo é honesto e trabalhador, merece total respeito, atenção e carinho. Se fornecer energia é automaticamente fornecer água através de poços artesianos, e se instalar pequenos açudes para armazenar água pode garantir alimento, então, tenha certeza de que esse povo sofrido vai produzir o alimento tão necessário para sobreviver. Não adianta produzir sem o precioso líquido, a água. Uma história que vi no nordeste brasileiro: o governo federal construiu 40 poços artesianos para suprir a falta de água em uma determinada região. No entanto, alguns prefeitos, detentores desses poços, os entupiram e eliminaram, pois o governo federal deixaria de repassar verbas para a região se houvesse água suficiente para suprir essas necessidades.

Onde vamos parar com governantes desse tipo? Acabar com o fornecimento de água simplesmente porque o governo federal deixaria de enviar dinheiro para aquela região? Isso acabaria com o sofrimento por falta de água. Muitos desses políticos ainda estão na região em busca de votos preciosos. E nós ainda somos obrigados a votar, sem abastecimento, sem instalação da tão esperada rede de energia. Espera-se para os meses de agosto, setembro, outubro e novembro uma das mais severas secas dos últimos tempos, secando ainda mais a pouca água dos poços e açudes, água suja e barrenta que precisa ser dividida com os animais. Com a falta de energia e poços artesianos, os poucos açudes secam e o sofrimento aumenta. No desespero, muitos pais de família deixam suas esposas com 4, 5 ou até 8 filhos à mercê da sorte e vão em busca de emprego em São Paulo. Muitas vezes, o marido não retorna ao nordeste brasileiro para rever sua família, perpetuando a migração que dá o título de cidade mais nordestina a São Paulo, onde muitos nordestinos trabalham, principalmente na construção civil.

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