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quinta-feira, março 28, 2024
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“Tratar uma narrativa tão rica como inverdade é acabar com a arte”, diz escultor do Minhocão

Em meio às águas, ele brota tão assustador que contorce as expressões do rosto de um ribeirinho.  As escamas de tonalidade verde reluzem, mas não mais que os dentes, inteiramente à mostra. Da canoa, o pescador levanta um remo na tentativa de se proteger e na esperança de estar em um sonho.

A cena acima, apesar de aterrorizante, foi eternizada pelas mãos do escultor Jonas Corrêa e ganhou ares contemplativos. Exposta há mais de 15 anos no Shopping 3 Américas, a escultura é uma homenagem à cultura local e ao imaginário popular.

No Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, é válido rememorar as vivências culturais que levaram o artista à lenda urbana do Minhocão do Pari – uma das mais populares em Cuiabá.

De acordo com Jonas, a tradição do minhocão é parte de um imaginário que existe em praticamente toda a América do Sul. Trata-se, basicamente, da mesma lenda indígena que tem nomes, formas ou nuances distintos em cada região do mapa.

“Como artista, penso que avaliar uma narrativa tão rica como inverdade é acabar com a arte, acabar com a cultura, acabar com tudo. Foi uma história que me intrigou. Eu sempre gostei de mitologia grega, por que não dedicar uma obra ao imaginário local?”, disse Jonas, ao explicar a obra.

De acordo com o escultor, a peça foi inspirada em um homem de Santo Antônio de Leverger, que era absolutamente fascinado pela lenda do minhocão.

Diante da força de uma narrativa que ultrapassou gerações e territórios, Jonas decidiu eternizá-la por meio da arte, como forma de valorizar a cultura oral – que, no caso do Minhocão do Pari, faz referência a Cuiabá. A obra também é uma homenagem às vivências cotidianas na capital mato-grossense.

“Quando eu frequentava a região do Porto para pegar argila, os ribeirinhos comentavam que o minhocão “fuçava” a beira do rio Cuiabá e deixava a matéria macia. Alguns anos depois, espontaneamente, tive a oportunidade de reproduzir a minha versão do minhocão – uma peça grande, com água e peixes”, disse o artista.

De forma bem humorada, Jonas conta que muitas pessoas comentam o fato da peça ter dentes esculpidos – o que, para muitos, não faz sentido. A resposta do escultor, no entanto, estava pronta antes mesmo da exposição da obra: “Mas, por um acaso, você já viu um minhocão para saber se ele tem dentes?”, diverte-se o artista.

Atualmente exposta na Praça de Alimentação do Shopping 3 Américas, a escultura do Minhocão do Pari já é marca registrada do mall. No mês de julho deste ano, a peça passou por uma restauração e manutenção, que acontece a cada três anos.

BEM DE PERTO – Em 2018, o 3 Américas também reforçou o posicionamento “Bem de Perto”, que prioriza ações socioculturais, filantrópicas e cidadãs. A proposta expressa de forma objetiva a relação de proximidade estabelecida entre o Shopping e o público e tem a missão de estreitar o elo com os clientes.

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