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quinta-feira, abril 18, 2024
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Preconceito e falta de informação travam empreendedorismo feminino

Elas estudam mais e por mais tempo, mas isso não é o fator determinante na hora de conquistar uma vaga no mercado de trabalho ou um salário digno. O cenário pode ser ainda pior quando se trata do empreendedorismo formal. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam uma disparidade salarial de mais de 25% entre homens e mulheres em Mato Grosso.

Outro dado apontado pelo estudo de 2018 é que as mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Na faixa etária dos 25 a 44 anos de idade, 21,5% delas têm graduação, contra 15,6% dos homens. Em 97% dos países do mundo elas superam 50% nos cursos universitários.

Diante dos dados, fica difícil explicar a discrepância entre o preparo das mulheres brasileiras e a realidade a que são submetidas. O tema foi debatido durante o workshop ‘Empoderamento Empresarial Feminino’, realizado na noite desta quinta-feira (01), no Centro de Eventos do Senai Cuiabá. O evento reuniu lideranças femininas mato-grossenses e a representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Thaís Dumêt Faria. Elas falaram sobre os desafios e barreiras para o empreendedorismo entre as mulheres.

“Queremos romper com os estereótipos criados de que a mulher não pode fazer algo fora ou que o empreendedorismo feminino tem que ser uma coisa caseira, por conta dos filhos. Existe um número grande de mulheres empreendendo e muitas outras trabalhadoras que querem ascender na carreira profissional, mulheres que têm feito muitos cursos, mas ainda precisam de oportunidades”, pontua Thaís.

Empreendedorismo

No que se refere ao empreendedorismo, o Sebrae aponta que as mulheres ocupam a sétima maior proporção entre os empreendedores iniciais. Mesmo assim, a conversão delas em donas do negócio é 40% menor. Dois terços dos negócios montados por elas permanecem na informalidade.

De acordo com o estudo ‘Empreendedoras e seus negócios de 2018’, da Rede Mulher Empreendedora (RME), 86% das empreendedoras mulheres não se planejam antes de iniciar um negócio, ou seja, empreendem por necessidade — e 46% recebem até 5 mil por mês. “A falta de capital inicial, o baixo conhecimento em gestão e administração, e o medo de arriscar fazem com que elas não saiam da informalidade”, explica a gerente da Agência das Nações Unidas para o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Adriana Carvalho.

Segundo ela, os problemas são os mesmos nos seis países que integram o estudo (Argentina, Chile, Costa Rica, Jamaica e Uruguai). São eles: acesso ao crédito, gestão estratégica e financeira dos negócios, rede de relacionamento e as desafios socioculturais como a dupla ou tripla jornada de trabalho.

Pesquisa Mato Grosso

A pesquisa preliminar, realizada pela Fatec Senai MT com 30 mulheres de destaque do empreendedorismo, mostrou que 66,6% delas ainda desconhecem os programas de financiamento voltado para mulheres. A metade (50%) não se sente representada na política e 55% julgaram o preconceito como uma das principais barreiras para o crescimento das empresas lideradas por mulheres.

“Já provamos inúmeras vezes a nossa competência e capacidade de atuação nas mais diversas áreas do conhecimento humano. Conquistamos postos de trabalho em ambientes predominantemente masculinos. No entanto, ainda temos que lidar com diferenças salariais gritantes, assédio, insegurança, dificuldade de crédito, falta de isonomia, duplas ou triplas jornadas e tantas outras questões que não condizem com o momento histórico”, afirma a diretora do Senai MT e superintendente do Sesi MT, Lélia Brun.

Para mudar essa realidade, o Senai tem atuado na disponibilização de diversos cursos de formação para elas. Em três anos, a instituição formou mais de quatro mil mulheres em cursos de empreendedorismo, a maioria com idade entre 18 e 30 anos. Com o fortalecimento da parceria com a OIT, esse número deve crescer ainda mais.

A empresária Margareth Buzetti, de 59 anos, é um dos exemplos de mulheres que ainda são exceção à regra. Há 32 anos ela chefia uma indústria de recapagem, recauchutagem, duplagem e vulcanização de pneus de caminhões e máquinas pesadas, a Buzetti Pneus/Drebor. Atualmente, preside a Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (Aedic).

Como pioneira no modelo de negócio, ela conta que buscava observar funções que pudessem ser desempenhadas por mulheres na empresa e foi assim que contratou as primeiras funcionárias. “Observei uma função específica de escareação, que é um conserto do pneu, e eu pensei – por que nós não trazemos mulheres para esse setor? Foi um sucesso. Os trabalhos que precisam de muita habilidade e precisão, eu confio para as mulheres”.

Saiba mais

O projeto começou há quase um ano em seis países da América Latina, e Mato Grosso foi o estado Brasileiro escolhido por conta do número de empreendedoras mulheres, superior a 50%. No entanto, a qualidade dos negócios ainda é muito inferior em termos de formalização, renda e estrutura do que as empresas dirigidas por homens.

Fonte: Fiemt

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