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terça-feira, abril 23, 2024
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Marina Silva diz que não se resolve ‘problema da violência distribuindo armas à população’

Foto: Eduardo Carmim

A candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta terça-feira (28) que não se resolve o problema da violência “distribuindo armas para a população”. Para ela, essa medida equivaleria a entregar o cidadão indefeso à própria sorte.

Marina debateu propostas de governo em sabatina promovida pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, realizada em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo.

O evento teve um bloco único de duas horas de duração em que a candidata respondeu a questionamentos dos entrevistadores e da plateia.

“Não se vai resolver o problema da violência distribuindo armas para a população. Aqueles discursos que parecem os mais arrojados, aqueles discursos que parecem os mais fortes, entre aspas, são os mais frágeis”, afirmou.

O tema do armamento é uma das plataforma de um dos rivais de Marina ao Palácio do Planalto, o candidato Jair Bolsonaro (PSL).

Para Marina, a medida seria transferir a segurança pública, que na opinião dela cabe ao Estado, para o cidadão.

“Você dizer que quer ser presidente da República para entregar a população à própria sorte? Dizendo que, se ela quiser resolver o problema da violência, que compre uma arma e se defenda? Para que então que se quer ser presidente da República? O Estado tem o monopólio da força e não se pode transferir para cidadão indefeso a possibilidade de se defender, defender a sua família, defender a sua empresa. Isso é justiça com as próprias mãos”, disse Marina.

Placas solares

Sobre a sua promessa de construir 1,5 milhão de casas com placas solares, Marina explicou que os recursos para isso viriam de investimentos hoje feitos em termoelétricas.

“Vamos ampliar a energia solar com 1,5 milhão de tetos solares, com placas solares. Nós temos investimentos que são feitos, por exemplo, em termoelétrica, a carvão, a diesel e a gás. Uma boa parte desses recursos pode ser deslocada para investimento numa matriz energética limpa, segura. É uma questão de prioridade de escolha”, afirmou.

Ainda sobre a questão do meio ambiente, Marina Silva foi questionada sobre como avalia a grande presença de ONGs atuando na Amazônia. De acordo ela, as entidades cumprem um papel diante da ausência do estado na região.

“Conheço uma Amazônia que, em muitos lugares, tem zero estado, zero médico, zero delegado, zero Ministério Público. Eu venho dessa Amazônia profunda. Em pleno século 21, você encontra uma Amazônia que não tem a presença do estado em nada. Vejo muita gente preocupada com essa história das ONGs. Quero um país onde estado não seja substituído nem por ONGs nem por empresas, mas que ele possa trabalhar com eles”.

Governabilidade

Crítica ao presidencialismo de coalização, Marina Silva disse que, se eleita, não considera que terá dificuldades para governar e avalia que conseguirá apoio suficiente do Congresso Nacional para aprovar matérias de interesse do governo.

“Que a maioria no Congresso se faça com base no programa. É assim que as democracias evoluídas fazem”, disse. E acrescentou: “Meu problema não é governar, é ganhar [a eleição]”.

Ela propôs que a política no país seja regida por um “presidencialismo de proposição”, com a formação de alianças em que a referência passa a ser o programa e as propostas. “Fazer alianças pontuais, isso é maturidade democrática”, ponderou.

A candidata acrescentou haver pessoas capacitadas em todas as legendas e que pretende dar espaço em seu governo a quadros de outros partidos. “Eu vou governar com os melhores de todos os partidos”, afirmou.

Reforma do estado

Marina Silva defendeu a redução do tamanho do estado, mas não detalhou onde faria cortes nem quais ministérios enxugaria. “Não vou dizer porque não e assim que se faz”, disse.

Reforma política

Acerca da reforma política, Marina Silva reiterou ser a favor do fim da reeleição para presidente da República e da ampliação do mandato presidencial de quatro para cinco anos de duração, a partir de 2022.

No caso do mandato de parlamentares, a candidata sugeriu que eles tenham a possibilidade de apenas uma reeleição. “Isso não é emprego, é serviço”, disse.

Ela também se mostrou favorável à criminalização do caixa 2 (dinheiro de campanha eleitoral não contabilizado oficialmente). Atualmente, a prática não é tipificada como crime, sendo enquadrada apenas na legislação eleitoral, com penas mais brandas. “Esses crimes devem ser punidos com rigor”, afirmou Marina.

Reforma do Judiciário

A candidata disse ser a favor de uma reforma no Judiciário, mas evitou detalhar como seria feita. Frisou apenas que os poderes são independentes e que levaria em conta o debate com o setor.

Ela não quis dizer se manterá a prerrogativa do presidente da República de fazer as indicações políticas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Respondeu que mesmo pessoas que foram indicadas politicamente conseguiram manter uma postura ética e citou o caso do ex-ministro Joaquim Barbosa. “Ainda não tenho proposta [para a Reforma do Judiciário] pronta e acabada”, disse.

Reforma trabalhista

Ela voltou a defender a necessidade da reforma trabalhista, mas reiterou que, se eleita, mudará pontos da lei atual. “Em relação à reforma trabalhista, vamos rever os pontos inaceitáveis da reforma. Ouço muita gente dizendo que é modernizar as relações de trabalho. Mas na reforma trabalhista tem pontos que são pré-modernos, como uma mulher [grávida] trabalhar em condições insalubres, uma pessoa ter apenas meia hora para se alimentar, trabalho intermitente, em que pode ficar meses sem ser chamado mas conta como se tivesse empregado”, diz.

Aborto

Marina Silva reiterou ser contrária ao aborto e que, se for para ampliar as situações hoje permitidas (como em caso de estupro, risco de vida da mãe e feto anencéfalo), que a população seja consultada por meio de plebiscito.

Ela afirmou, porém, que não defende que uma mulher vá para a cadeia e receba apoio psicológico. “Procuro ser coerente para que as pessoas votem sabendo em quem estão votando. Hoje, no Brasil, o discurso ‘camaleão’ é muito forte”, disse.

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