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sábado, abril 20, 2024
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Fala de Paulo Guedes é confissão de que perdeu a guerra para o dólar

Após bater sucessivos recordes, o dólar renovou as máximas históricas novamente na última sexta-feira. Especialistas do mercado financeiro apontam que a fala de Paulo Guedes, Ministro da Economia, sobre o a moeda americana pressionou os mercados, que já estavam turbulentos com o cenário externo. As declarações são vistas pelos como indicação de que o Banco Central deve seguir para um regime de flutuação suja no câmbio, com poucas intervenções diretas, salvo casos onde a inflação é prejudicada. Além disso, os mercados globais aguardam mais cortes nos juros brasileiros. Dessa forma, a redução na paridade dos juros do Brasil e EUA, levaria fluxos de capital, antes investidos aqui, para outras economias com juros mais altos ou que demonstrasse mais segurança, pressionando o preço da moeda americana para cima.

Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, explica que a fala é uma sinalização para os mercados. “Ao afirmar que não está preocupado com o câmbio em alta, ele mandou um recado claro para o mercado, de que o Banco Central não intervirá diretamente”, diz. Segundo o Diretor de Câmbio, reduções na taxa de juros brasileira diminuem a atratividade dos títulos do governo brasileiro para investidores estrangeiros. “O sinal de Guedes reforça a percepção do mercado de que o Banco Central irá cortar a Selic novamente, ainda em dezembro, o que reduz cada vez mais a remuneração para ativos estrangeiros de capital especulativo aqui no Brasil.  Com os juros brasileiros mais próximos dos EUA, que, segundo Jerome Powell, não devem sofrer cortes, há uma tendência de os investidores buscarem por mais segurança”, completa.

Para Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, a questão principal são as incertezas geradas pela fala do Ministro da Economia. “A fala de Paulo Guedes gerou dúvida nos mercados. O dólar alto veio para ficar, mas qual é o teto? O mercado tem por premissa sempre testar a paciência e as atitudes do Banco Central. É o que fez hoje, abriu pressionando a moeda para cima o que forçou o Banco Central a atuar quando o dólar chegou a R$ 4,27”, comenta. O Estrategista-Chefe afirma que a atuação também não teve efeitos positivos. “O mercado respondeu bem aos estímulos e caiu até R$ 4,24, porém acabou retornando para R$ 4,27. Acabou repercutindo de forma ruim, então essa movimentação de alta que tivemos foi encima disso, o mercado reagindo mal às dúvidas na economia”, completa.

André Alírio, Economista e Operador de Renda-Fixa da Nova Futura Investimentos, explica que o regime cambial brasileiro está passando por mudanças, o que pode gerar problemas até que exista um entendimento completo das novas políticas. “Não só Guedes, mas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou que o regime cambial brasileiro será de flutuação suja. Ambas não foram positivas, pois em um mercado tão volátil, não é papel do Banco Central gerar mais instabilidade”, ressalta. André Alírio também chama atenção para o resultado do balanço de pagamentos brasileiro, que indica redução nos investimentos estrangeiros realizados aqui. “No balanço de pagamentos a nossa conta corrente teve um resultado negativo maior do que o do IED (Investimento Externo Direto), ou seja, o dinheiro que está entrando como investimento não está cobrindo o nosso déficit em conta corrente. Coisa que já acontecia no Brasil ao longo de décadas, e é preocupante para o governo”, finaliza.

Fonte: Gueratto Press

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