Pressionado pelo cenário eleitoral e alta do dólar, agronegócio nacional deverá ultrapassar os Estados Unidos em colheita de soja pela primeira vez
Apesar do cenário instável na economia e na política, o agronegócio brasileiro tem perspectiva de uma nova safra recorde no ciclo 2018/2019. Levantamento preliminar da Expedição Safra aponta que a colheita de soja no país deve alcançar 125 milhões de toneladas em uma área de 36 milhões de hectares, número superior ao previsto para safra dos Estados Unidos. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país norte americano deve colher 116 milhões de toneladas. Dessa maneira, pela primeira vez o Brasil superaria os norte-americanos nessa cultura.
“O agronegócio norte-americano está estagnado em áreas produtivas. O Brasil tem esse potencial de crescimento e ainda pode aumentar sua produção com a Integração lavoura-pecuária, desenvolvendo o setor de proteína animal e a agricultura no mesmo espaço”, avalia o explica o gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira. Outro indicativo dessa tendência é o Valor Bruto da Produção (VBP) norte-americano. Em 2013 o lucro no campo foi de US$ 120 bilhões, sendo que a previsão da USDA para 2018 está avaliada em US$ 59,5 bilhões.
No Brasil, a equipe de técnicos e jornalistas da Expedição Safra irá percorrer, até abril de 2019, 12 estados, responsáveis por cerca de 90% da produção nacional agrícola. A Expedição realizará, em parceria com o Conselho Federal de Agronomia (Confea), seminários regionais para debater os desafios da cadeia produtiva. “Consideramos essa parceria importante para mostramos a importância dos profissionais da engenharia, agronomia e geociências neste setor, que mobiliza não apenas o campo, mas também diversos setores como crédito, logística, infraestrutura e tecnologia”, explica o presidente do Confea, Joel Krüger.
As informações sobre as variáveis que impactam no rendimento produtivo são vitais para o sucesso do agronegócio no país. “Um exemplo é o Paraná. O estado tem 305 mil estabelecimentos rurais, sendo que 85% dessas localidades tem menos de 50 hectares. Sem o trabalho conjunto da Expedição, dos extensionistas rurais e do poder público, esses produtores não vão conseguir ter acesso a essas informações, prejudicando o rendimento agrícola”, disserta o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Richard Golba.
Informação conectada
Para ampliar o acesso do produtor às informações sobre a produção no país, a Expedição Safra 2018/2019 irá divulgar conteúdo em diversas mídias. No Facebook e no Instagram, será possível acompanhar o diário de bordo dos roteiros, com atualizações feitas pela equipe de técnicos e jornalistas. Esses materiais também serão compartilhados pelo Whatsapp, em formato de áudio e vídeo, conectando o agricultor em tempo real com as tendências do setor. “O agronegócio é muito dinâmico. Nesses doze anos de Expedição, observamos o surgimento do Matopiba, como nova fronteira agrícola nacional, além do avanço da produção de milho no Mato Grosso, hoje maior produtor dessa cultura no país, mas que há 15 anos atrás não realizava esse plantio”, contextualiza Ferreira.
O primeiro roteiro a ser percorrido pela Expedição será na Região Sul do Brasil, ainda no mês de outubro. O projeto ainda prevê visitas em outros países referência na produção agrícola, como Paraguai, Argentina, Uruguai e Estados Unidos.
Sobre a Expedição Safra
A Expedição Safra faz um levantamento técnico-jornalístico da produção de grãos da América do Sul à América do Norte. O projeto percorre 12 estados brasileiros nas etapas de plantio e colheita. Para ampliar a discussão sobre mercado, desde a temporada 2010/11 a equipe realiza roteiros extraordinários, com incursões à Alemanha, Holanda, Bélgica, França, China, Índia, Israel, Rússia e ao Canal do Panamá. A Expedição Safra é uma iniciativa do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e é apresentada pelo Sistema Confea-Crea, com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, Sementes e Fertilizantes Castrolanda, Agrotec, Alta, Solaris e Expo Londrina. O apoio logístico é do Groupe Renault.
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Jorge de Sousa | Bruna Robassa