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domingo, maio 19, 2024
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Políticas públicas e jovens

Em 2002 pela primeira vez na minha ainda jovem trajetória em busca de espaço e um futuro, tive a oportunidade de ser parte de um programa social do governo de Fernando Henrique Cardoso, denominado Agente Jovem.

Em síntese, o programa visava capacitar jovens com origens sociais periféricas para o mercado de trabalho, bem como propor condições para que eles chegassem ao Ensino Superior.

Eu vivenciei o programa por aproximadamente dois anos; quando saí de lá fui morar em uma cidade maior e evidentemente os ensinamentos daquelas aulas, bem como as experiências de estágios, capacitaram-me para buscar uma vaga no vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso. Já na UFMT as coisas não eram boas, posto que trabalhar o dia inteiro e manter a volumosa bibliografia do curso de Ciências Sociais em dias eram missão quase que impossível.

Mais uma vez apareceu outra política pública do governo federal em minha vida; dessa vez ingressei nas vivências do programa Conexões de Saberes que tinha por objetivo ações inovadoras que ampliassem a troca de saberes entre as comunidades populares e a universidade, dando protagonismo
aos universitários no âmbito das universidades públicas brasileiras, contribuindo para a inclusão social de jovens em situação de vulnerabilidade social.

Permaneci no Conexões de Saberes por praticamente toda minha primeira formação acadêmica; eu chegava no Campus da gloriosa Universidade Federal em Cuiabá-MT por volta das 09:00 horas e tinha suporte financeiro para permanecer lá até as 23:00 horas, com direito a duas refeições, acesso a
laboratórios, práticas esportivas, cursos de línguas estrangeiras e interações diversas.

Talvez minha experiência na UFMT tenha sido o tempo de maior crescimento intelectual que vivi; em 2010 eu terminei meus créditos acadêmicos e saí de lá com um diploma de Bacharel em Ciências Sociais e um segundo diploma universitário de licenciatura em Sociologia; de imediato tive condições e segui carreira policial na poderosa Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, graças ao suporte e apoio estudantil que as políticas públicas me proporcionaram.

Sobre a minha realidade social, da perspectiva como eu vejo o mundo, a partir das minhas vivências, seja no Brasil ou fora dele, eu posso afirmar com convicção, que políticas públicas efetivas salvam vidas e forjam novas realidades sociais.

Sobre a atualidade, ver a universidade pública sob ataques e desmonte, ao meu juízo parece uma blasfêmia, um retrocesso institucional.

A nova geração de políticos precisa urgentemente retomar agendas sociais transformadoras; sim o único caminho que salva vidas marginalizadas é o conhecimento e é dever constitucional do Estado promover o acesso dos desafortunados a educação de qualidade.

Hoje eu estou no décimo semestre do curso de direito de uma universidade pública no Mato Grosso, e sim, afirmo, sem aquela política pública
que me alcançou há 20 anos, talvez eu não teria conseguido.

O Brasil precisa voltar a ser uma nação onde o governo trabalhe para todos, com olhar muito especial para quem tem fome de comida e sede por conhecimento, essa ferramenta que liberta, transforma e empodera.

Joel Mesquita é sociólogo e escrivão de Polícia Civil.

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