20 C
Cuiabá
domingo, maio 19, 2024
spot_img

Pe Ernesto Camillo Barreto

O único educador mato-grossense a fazer parte do dicionário brasileiro de educadores do Brasil.

Tomei posse como membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT em 16/12/2017, escolhendo como Patrono o Padre Ernesto Camillo Barreto, um grande, senão um dos maiores Mestres da Cultura de Mato Grosso, responsável pela criação e direção do primeiro estabelecimento de ensino médio de Mato Grosso, o Seminário Episcopal da Conceição voltado para a preparação de jovens mato-grossenses para cursar o nível superior.

Ernesto Camillo Barreto nasceu aos 19 de fevereiro de 1826, natural da Província, hoje Estado da Bahia, como declara em seu testamento, nome que por longo prazo, trocou pelo de Frei Ernesto de São Joaquim Barreto, filho de Jerônimo Regis Barreto e Dona Anna Joaquina de Jesus Barreto e faleceu em Cuiabá a 26 de março de 1896, com 79 anos de idade.

Veio da capital da Bahia e chegou a Mato Grosso e Cuiabá, em uma viagem que demorou mais de nove meses, com a família que sustentava aos 7 de agosto de 1854, acompanhado da mãe e de um casal de irmãos, Alonso José Barreto, casado com Maria Brasileira Pires Barreto, filha de Joaquim P. da Silva, e Umbelina Carolina de Jesus Barreto, do qual Camillo Barreto era tutor, que mais tarde casou-se com Joaquim José Rodrigues Calhao, dando origem a família “Calhao”, em Cuiabá.

Alonso José Barreto era proprietário de loja de secos e molhados na Rua Augusta, n° 50, atual Rua Pedro Celestino, em Cuiabá, onde podia ser encontrado variado sortimento de vinhos, cerveja, licores, aguardente do reino, azeite doce, louça, chá, fogos da china, canelas, pimenta do reino, papel, livros em branco e etc.

Prisioneiro dos paraguaios, em Corumbá (MS), faleceu em Assunção, juntamente com o seu sogro – Capitão Joaquim Pires da Silva, pois eram prisioneiros dos paraguaios, sendo os seus restos mortais transladados, em 1871, para Cuiabá. Essa Rua já foi chamada de Rua de Cima (1777-1825) – Rua 27 de Dezembro – 1871 e Pedro Celestino (2005).

Em 1868, o Padre Ernesto Camillo Barreto foi eleito deputado provincial, pela província de Mato Grosso, seguindo para a Corte, no Rio de Janeiro, donde se não descuidou do Seminário Episcopal, conseguindo do Governo Imperial o auxílio de 20.000$000 para as obras, e trazendo em sua volta, em 1869, dois sacerdotes para preencher à vaga aberta da cadeira de Retórica, e o claro de Canto Gregoriano.

O Padre Ernesto Camillo Barreto teve tanto no âmbito da educação pública mato-grossense, como na política mato-grossense atuação sistemática e impecável como Inspetor Geral da Instrução Pública, cargo que ocupou por pouco tempo no ano de 1872, uma vez que se licenciou, por ter sido eleito como representante da Província de Mato Grosso para a Assembleia Geral, como Deputado Geral, (hoje correspondente ao cargo de Deputado Federal), com atuação, à época, na Corte, no Rio de Janeiro.

De acordo com informações da Câmara dos Deputados, o Padre Ernesto Camillo Barreto foi eleito Deputado Provincial pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso com mandato a partir de 1° de maio de 1869, -1872 e, reeleito para o período de 1872-1875, tomando posse em 15 de maio de 1869 e, em 1875, também, junto com Dr. José Maria da Silva Paranhos Júnior e Deputado Geral.

Um ano depois, o Pe. Ernesto Camillo Barreto retorna a Província de Mato Grosso e volta a ocupar a função de Inspetor Geral da Instrução Pública no período de 1873 a 1878.

O Internato São João Batista fundado em 1879, ―tradição no ensino mato-grossense‖, era mantido pelo padre Ernesto Camilo Barreto e funcionava também em regime de externato; inaugurado a 7 de janeiro deste ano às margens do Rio Pary era destinado aos ensinos primário e secundário para meninos.

No ano de 1864 mandou imprimir, às suas próprias custas, o Compêndio Elementar de Teologia Dogmática, obra pedagógica dedicada ao Papa Pio IX. Em 1865 elaborou e fez editar um Compêndio de Gramática e Língua Latina, em parceria com o Pe. Henriques de Carvalho Ferro. No ano de 1856 elaborou o primeiro estatuto do Seminário da Conceição, concluído dois anos depois.

Coordenou, no interior do Seminário Mato-grossense, as conferências mensais, in scripts, as quais eram proferidas ao longo desse ano, sob sua presidência e direção. Em 1858 participou ativamente dos trabalhos de lançamento da pedra fundamental do edifício do Seminário Episcopal da conceição.

Recebeu o título de Protonotário Apostólico, concedido pelo Papa Pio IX e que correspondia ao de oficial da Cúria Romana em terras brasileiras sendo, dos notários, um dos mais importantes. Apenas seis clérigos foram, no século passado, nomeados para esse cargo.

Foi Reitor do Seminário. Colaborou na organização do segundo Estatuto do Seminário Episcopal da Conceição, cujos trabalhos foram iniciados, no ano de 1864. Integrou o Batalhão dos Voluntários da Pátria, tendo sido nomeado Capelão-Alferes. Somente após o término do conflito armado (1870), é que o novo Estatuto entrou efetivamente em vigor.

Foi nomeado em 1863, com o mais alto posto de Instrução Pública, Inspetor Geral dos Estudos, junto ao governo da província de Mato Grosso. No ano de 1864, auxiliou na elaboração do Regulamento dos Cemitérios, cujo texto final foi aprovado pela Lei Provincial n° 1, de 1° de junho de 1864.

Assim, a 12 de outubro de 1873 foi nomeada para o cargo de Inspetor Geral dos Estudos, e elaborou o primeiro Regimento Interno das Escolas Primárias.

O Pe Ernesto Camillo Barreto em seu testamento declarou que pertenceu como irmão remido da Ordem Terceira de São Domingos da cidade da Bahia e da Confraria de Nossa Senhora do Rosário de João Pereira da mesma cidade, o qual pediu ao seu testamenteiro que comunicasse o seu falecimento a ordem.

Tomou posse no Centro Mato-grossense de Letras (1921-1940) na Cadeira 05. Com a transformação do Centro em Academia Mato-grossense de Letras (1940-1943) passou a ocupar a Cadeira 8 que, a partir de 1944 passou a ser denominada de Cadeira n° 14. É patrono da Cadeira n° 14, da Academia Mato-grossense de Letras, cuja Cadeira foi ocupada por Leowigildo Martins de Melo, Ovídio de Paula Corrêa, Nilo Póvoas, Hélio Jacob e, atualmente por Nilza Queiroz Freire.

É patrono da Imprensa em Mato Grosso, jornalista, fundador de diversos jornais, articulista político, o Padre Ernesto Camillo Barreto foi indicado pelos jornalistas Rubens de Mendonça e Pedro Rocha Jucá ser o patrono dos jornalistas mato-grossenses, o que foi aprovado por unanimidade em congresso estadual da classe realizado em Aquidauana-MS.

Além disso, foi professor durante toda vida, jornalista e reitor do Seminário. Escreveu inúmeros artigos e livros didáticos de Filosofia. Foi um baiano que se tornou mato-grossense de coração.

Neila Barreto é jornalista, escritora, historiadora.

 

Clique aqui e entre no grupo RDM no Whatsapp

Latest Posts

ÚLTIMAS NOTÍCIAS