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quarta-feira, maio 8, 2024
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No mercado, espaço econômico se preenche com rapidez, aproveitando as oportunidades surgidas

Por JOÃO PEDRO MARQUES

O Brasil, desde a década de 80 vem buscando consolidar sua abertura comercial, sempre tentada e doutrinariamente complexa, em razão de ser um país com elevada potencialidade produtiva, mas, sem forte, concreta e duradoura estrutura nas suas políticas industriais adotadas. Diante da globalização nos submetemos a uma pressão externa para ampliar nossas relações comerciais. E, é claro, que os fatores de políticas internas nos levaram a tomar atitudes com vista a buscar um modelo de desenvolvimento privilegiando as relações externas. Essa nova variável, acentuou o debate em torno do fato de se absorver os benefícios de utilizar o comércio internacional como um forte instrumento de crescimento econômico, num primeiro momento e de desenvolvimento na sequência.
Caímos então numa ampla discussão de utilização de correntes econômicas mais eficazes para busca de aceleração dos índices de desenvolvimento, fundamentalmente o crescimento do PIB e sua distribuição.

Assim, a relação entre comércio internacional e o desenvolvimento econômico transformou-se numa ampla discussão, quase que obrigação, de tocar no tema em encontros de economia, como ocorreu na terça-feira (7), durante o discurso no Palácio do Itamaraty que abriu o 6º Fórum Brasil de Investimentos. Fato que foi corroborado pelas palavras do Presidente Lula na abertura do evento.

A teoria econômica coloca numa primeira corrente, que a abertura comercial promove o crescimento econômico e social com base nas teorias das vantagens comparativas. Complementarmente às teorias do crescimento endógeno afirma que o comércio exterior interfere positivamente na renda per capita e no crescimento por meio de difusão tecnológica e economias de escala das diferentes nações (LOPEZ, 2005). Fatos que as práticas confirmam sua operacionalidade e muitos economistas defendem como instrumento válido de políticas econômicas.

Contrariamente, outra corrente afirma que o comércio internacional pode deteriorar as relações de comércio e pode afetar negativamente o crescimento e o desenvolvimento das economias que não conseguem incorporar inovações, conforme argumentado por analistas desde 1991. Outros estudiosos, mais recentemente, em 2009 confirmam estes argumentos, e dizem até que os países desenvolvidos se aproveitam disso, pois com as atividades voltadas ao comércio externo exploram os países em desenvolvimento, principalmente aqueles que não possuem muito poder de competitividade e de negociação.
Em verdade, não vamos aqui levantar questões de teorias econômicas, e muito mais nos interessa, comentar um fato econômico protagonizado pelo Presidente Lula, no sentido de ampliar as relações comerciais, que en passant, o país está num contexto muito necessário, de implementar ações neste sentido. Vamos avaliar que comércio internacional é uma necessidade para se incorporar divisas, investimentos e tecnologias nas relações de troca. Neste sentido, reconhecemos que somos produtores de commodities e que estas são fortes objetos de demandas exercidas pela China e pelos EUA. Por outro lado, as ações de desenvolvimento podem ser implementadas por políticas complementares de caráter interno para estimular ações decorrentes de novas rendas trazidas pelo comércio exterior e, desta forma, capazes de promover o desenvolvimento econômico, principalmente por meios de economias de escala e de incorporação de produtividade com novas tecnologias.
A expectativa ou meta a ser atingida de um trilhão de dólares ao ano, conforme afirma o presidente Lula, pelo estímulo ao comércio exterior brasileiro, deve alterar o mercado interno brasileiro e estimular ainda mais o mercado externo. Os efeitos são verdadeiramente positivos.

Por outro lado, só a participação do Brasil na disputa comercial entre Estados Unidos e China pela liderança global nos âmbitos mercantil, econômico, político e militar, já é uma sinalização que é um pais importante e que pode ampliar ainda mais a sua influência natural, já sendo mais próximo histórica, comercial e geograficamente aos EUA, pode se aproximar ainda mais. E, ter se utilizado de um mecanismo de aproximação econômica, principalmente, com a China, por meio de fornecimento de comomodities. Fatos estes já reconhecidos.

.​O momento é muito oportuno para o Brasil, e o Presidente foi sagaz na sua manifestação, pelo fato de que a recente reunião do Presidente dos EUA com os líderes dos outros 11 países da “Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica” (Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai) o fez anunciar o plano para impulsionar o crescimento inclusivo e fortalecer cadeias consideradas estratégicas envolvendo energia limpa, semicondutores e suprimentos médicos, Diga-se que são setores que a China tem dominado.
Aproveitar uma oportunidade como esta, foi objeto de uma estratégia de geopolítica, certeira e eficaz. Pelo fato de que o Presidente americano anunciou ainda, a criação da Plataforma de Parceria das Américas para construir portos modernos e infraestruturas digitais necessárias para o que considera “uma economia competitiva e resiliente”. A revista “Isto é” confirmou este momento.

Estrategicamente a China aproveitou os momentos de instabilidade política internacional nos quais os EUA estavam envolvidos e investiu recurso no comércio mundial e desenvolvendo uma forte liderança tecnológica.

Ao Brasil, resta então, aproveitar o momento a ampliar sua dupla participação, aproveitando a situação atual desta nova política internacional. Mesmo que o contexto brasileiro nessa nova plataforma, ainda dependa dessas duas potencias, há espaço para se firmar como um importante parceiro se beneficiando e acelerando sua participação no comércio internacional. Há francos espaços para o país.

Em uma fala do economista Marcos Troyjo, ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento: “O Brasil é a resposta estratégica para dilemas como segurança alimentar, proteção ambiental e segurança energética”.
O caminho trilhado pelo Brasil é favorável à continuidade de esforços de fortalecimento de sua política de comercio exterior.

E, se o país ainda não participa de um acordo de livre comércio com os EUA, esforços devem ser dispendidos nesse sentido. Não só pelo fato de que as empresas nacionais estão ávidas para participarem de novas rodadas de negócios e buscar novos mercados. Tudo isto faz parte de uma política de expansão de quaisquer empresas. O momento é favorável.
Muitos temas setoriais e de produtos específicos se inserem a partir da fala do Presidente Lula, neste momento, em que o sistema econômico global quer ver intensificadas suas oportunidades de desenvolvimento.

JOÃO PEDRO MARQUES – JPM é advogado; jornalista, publicitário e CEO do GRUPO RDM em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso.

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