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domingo, julho 7, 2024
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Mulheres e meninas na ciência

Desde 2015, a ONU declarou como Dia Internacional das Mulheres e Meninas da Ciência o dia 11 de fevereiro. A data tem como objetivo trazer o tema para discussão pela comunidade internacional, mostrando que a ciência e a igualdade de gênero são assuntos a caminhar juntos.

Rememorando a história, os cientistas eram conhecidos como filósofos naturalistas ou homens da ciência. Em outrora, os cientistas tinham gênero, o masculino, porquanto, reconhecia-se o esforço intelectual respeitável para tal. Aliás, os livros escolares ao tratar da ciência sempre traziam a figura masculina em um laboratório a manipular algo.

Foi, e tem sido muito difícil a ocupação pelas mulheres da mencionada posição, justamente pela questão de gênero. E mais uma vez o cotidiano a ‘afirmar’ que o lugar dos homens é privilegiado por poder estar em qualquer lugar, e o local das mulheres é o de casa.

Todavia, a própria ciência tem mostrado diferente. Apenas para exemplificar, a descoberta do DNA, do vírus HIV e dos cromossomos Y e X são femininas. Segundo o relatório de ciência da UNESCO, publicado em 2021, apenas 33% das pesquisadoras, no mundo, são mulheres, sendo que a participação feminina nas instituições acadêmicas corresponde a 12%.

Para as Nações Unidas a igualdade de gênero e a ciência são essenciais para alçar os objetivos da Agenda 2030, para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

Assim, em 2016, após a aprovação pela Assembleia Geral no ano anterior, foi criado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. O engajamento de meninas e mulheres deve ser primordial, máxime, escoada em exemplos a serem seguidos.

O mundo se assustou com a chegada do coronavírus, com muitas pesquisas em andamento desde então. Em outubro de 2020 a estudante de apenas 14 anos, Anika Chebrolu, com seu estudo sobre molécula, conseguiu ligar a proteína do vírus SARS-Cov-2, sendo vencedora do prêmio ‘Jovem Cientista do Ano’ no Brasil.

A adolescente simulou por computador e rastreou moléculas com o objetivo de bloquear a ação das proteínas do coronavírus. Pensou-se, portanto, em possível droga para o tratamento da COVID-19.

A visibilidade ainda é desafio, pois a disparidade é real nesta seara. Apesar de as mulheres já terem conseguido equiparação em números com o gênero masculino no que diz respeito ao nível superior e mestrado, quando se cuida de doutorado e pós-doutoramento, os homens conseguem números bem superiores. Os homens ainda são mais citados que as mulheres, justamente por ainda serem maioria na publicação de artigos científicos.

O ‘Efeito Matilda’ ainda existe, onde as mulheres estão associadas à menor qualidade. Elas possuem mais possibilidade de interrupção da carreira por conta de trabalhos domésticos e responsabilidade com os descendentes. Outra situação visível é que as mulheres acabam viajando menos que o gênero oposto, ficando difícil a colaboração acadêmica internacionalmente.

A boa notícia é que as pesquisas sobre gênero crescem desde a última década, com grande participação feminina. O feminismo e a identidade de gênero são temas em sua maioria tratados por elas. O assunto ‘gênero’ tem amadurecido mais que qualquer outra pesquisa, alavancando o nome das mulheres mundialmente.

O próprio patriarcado e a diferença de gênero sentidos socialmente tem sido motivo para elas estudarem muito mais, com a finalidade de enfrentar a temível desigualdade.

Que a data nos traga raciocínio para que credibilidade científica não permaneça dependente da binariedade de gênero. Avante à ciência, e avante às meninas e mulheres cientistas!

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.

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