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segunda-feira, maio 13, 2024
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Mercúrio: o mal do século do garimpo e nossa alimentação

Por Ademir Galitzki

Todo o resíduo de mercúrio é lançado nos rios e entra na nossa cadeia alimentar por meio da ingestão inadequada de peixes contaminados e da água que ingerimos, também contaminada. Os peixes, muitas vezes pescados em regiões de garimpo, representam uma opção limitada para os moradores ribeirinhos, que frequentemente não têm outras alternativas. Antigamente, era possível caçar diversos animais da nossa fauna, mas essa prática não é mais permitida, e nem sempre se dispõe de carne bovina, suína ou de frango, especialmente para aqueles de baixa renda. A alternativa que resta é o consumo de peixes, que muitas vezes estão contaminados por mercúrio, lançado pelo homem de forma irresponsável.

Essa problemática é evidente em áreas de garimpo, especialmente nos chamados garimpos clandestinos, que ainda proliferam em algumas regiões de Mato Grosso, Amazonas e outras partes do Brasil. No solo, o mercúrio empobrece a fertilidade da terra, devastando vastas áreas, deixando-as inúteis por décadas, muitas vezes para toda uma vida. Boa parte do mercúrio permanece no solo, nas terras e nas áreas degradadas, onde posteriormente são feitas plantações de lavouras. As regiões mais afetadas são justamente aquelas com histórico de garimpo, resultando em peixes e água contaminados, afetando adultos e, principalmente, crianças em desenvolvimento, que são mais sensíveis.

Através de pesquisas, identificou-se que certas espécies de peixes, principalmente os carnívoros, como tucunares, traíras, pirarucus e piranhas, concentram uma quantidade significativamente maior de mercúrio. Os peixes mais jovens também estão contaminados, mas em menor concentração. As espécies mais seguras para o consumo incluem arraias, araçus, pacus, acorís, sardas, branquinhas, tainha e piraputangas, especialmente quando são peixes jovens, com menor concentração de mercúrio.

As mulheres grávidas são as mais afetadas por todo esse processo, pois podem passar a contaminação para seus bebês, colocando suas vidas em risco. Além disso, o mercúrio pode causar sérios problemas de saúde, como danos nos rins, pulmões, trato digestivo, sistema nervoso, distúrbios gastrointestinais, tremores, insônia, perda de memória, dores de cabeça intensas, fraqueza muscular e, em casos graves, até levar à morte ou graves intoxicações, incluindo o risco de câncer.

Se você mora em regiões de garimpo ou consome peixe frequentemente, é aconselhável fazer um exame chamado “exame de dosagem de mercúrio no sangue” para avaliar sua exposição. A prudência é essencial. Muitos se perguntam por que ainda há peixes contaminados, mesmo quando não há garimpo visível. A resposta está nos garimpos clandestinos, que estão presentes em muitas áreas do Brasil, e os órgãos de fiscalização ambiental, como a SEMA e o IBAMA, têm lutado para controlar o lançamento de mercúrio em rios com histórico de garimpo.

É crucial lembrar que todos nós, que moramos nas grandes cidades, também estamos sujeitos a esses perigos, já que muitos de nós compram peixe nos mercados e feiras locais. É importante conscientizar-se de que as pessoas que dependem da pesca para sobreviver estão automaticamente mais expostas ao mercúrio, muitas vezes devido às práticas irresponsáveis de garimpo de ouro, onde o mercúrio é utilizado na extração.

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