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quarta-feira, maio 8, 2024
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Investimentos chineses impulsionam o setor energético em Mato Grosso

As empresas chinesas vêm fortalecendo o setor energético em MT, e os empresários já sentem o reflexo de melhorias e aumento de oportunidades na produção

Everaldo Galdino

As empresas chinesas vêm fortalecendo o setor energético em Mato Grosso, tanto que o empresariado estadual já sente o reflexo de melhorias e aumento de oportunidades na produção.  É o caso do empresário e engenheiro elétrico Air Bom Despacho e Silva, proprietário da SME Engenharia e um dos diretores do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindenergia -MT), que conta sobre os avanços do sistema de linha de transmissão da rede elétrica.

“Por exemplo, temos a distribuidora Energisa, que é a concessionária responsável no estado. Então, para atender o público, ela precisa iniciar o serviço em algum ponto no estado ou na cidade. E todo o trabalho precisa ser feito pela linha de transmissão”

Concessionária chinesa

Entre as empresas que estão incrementando investimentos no território mato-grossense, está a State Gride Brazil Holding S/A, que opera no país, desde 2010.

A SGBH é responsável por cinco linhas de transmissão em Mato Grosso. São elas: a Paranaíba Ribeirãozinho Transmissora de Energia (PRTE), que ocupa uma área 1.011 Km, com 500 KV; a Canarana Transmissora de Energia (CNTE), que percorre 275 Km entre as subestações SE Paranatinga e Canarana, com a capacidade de 230 KV.

(Foto: SME Engenharia)

Outras duas linhas de transmissão alcançam outros estados, além de Mato Grosso: a Itumbiara Transmissora de Energia (500kV) se estende por 811km, entre os estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.  E a CTE – Catxerê Transmissora de Energia (500kV), com 606 km, percorre os estados de Mato Grosso e Goiás.

A concessionária, que é parceria da Companhia Paranaense de Energia, atua com a linha de transmissão da Matrinchã, que interliga a Subestação de Paranaíta à Subestação de Ribeirãozinho, passando por Cláudia e Paranatinga.

Segundo a assessoria, o grupo State Grid Corporation of China, que atua no setor de transmissão de energia elétrica, tem investido mais de R$30 bilhões no país. A empresa se estabeleceu no Brasil com uma estratégia de longo prazo, com a missão de transmitir energia gerada por fontes renováveis com segurança aos centros consumidores do país.

“O estado de Mato Grosso, na Região Centro-Oeste está inserido na malha elétrica brasileira, conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). As linhas de transmissão instaladas no Mato Grosso pela SGBH contribuem para reforçar a disponibilidade e escoamento no fornecimento de energia gerado por usinas da região – especialmente a Usina Hidrelétrica de Teles Pires – proporcionando condições mais favoráveis ao desenvolvimento das atividades agroindustriais típicas do estado” explicou uma porta-voz da empresa chinesa.

A empresa ainda é responsável pela construção de 4 das 5 linhas de transmissão no território estadual e atualmente   desenvolve as atividades de operação e manutenção de todas as suas instalações localizadas no estado.

No Brasil, a SGBH possui 24 concessionárias, utiliza tecnologia de ponta, e está sempre comprometida com altos padrões de segurança e respeito ao meio ambiente, sendo signatária do Pacto Global das Nações Unidas (ONU).

Com sete regionais e 30 bases de manutenção, ela opera mais de 16 mil quilômetros de linhas de transmissão passando por 13 estados no país, equivalente a 10% de toda a malha elétrica brasileira, o que torna a companhia uma das maiores no Brasil no setor. Ela tem como foco a implantação, operação e manutenção de sistemas de transmissão no setor eletroenergético brasileiro e possui uma estratégia de longo prazo de atuação.

(Foto: SME Engenharia)

Entre seus principais empreendimentos, além da conexão da Usina Hidrelétrica de Teles Pires, no estado, estão as linhas de transmissão da Usina de Belo Monte, no estado do Pará, que escoam energia do Norte ao Sudeste do Brasil. “São as maiores linhas de transmissão do mundo que utilizam a tecnologia de ± 800 kV UATCC”, acrescentou.

A companhia foi vencedora do maior lote de todos os leilões de transmissão, promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizados em dezembro do ano passado.

Trata-se do Lote nº 1/ANEEL/2023, que dispõe sobre à construção, operação e manutenção do Sistema de Transmissão 800 kV em Ultra-Alta Tensão, Corrente Contínua (UATCC), interligando as subestações de Graça Aranha (MA) e Silvânia (GO). O trajeto da LT se estende por 1.468km, passando pelos estados de Maranhão (MA), Tocantins (TO) e Goiás (GO).

Com investimento total para a implantação estimado em R$ 18 bilhões, este novo empreendimento, GATE – Graça Aranha Silvânia Transmissora de Energia, representa uma nova oportunidade para a State Grid incrementar a transmissão de energia gerada por fontes renováveis no Brasil.

A partir da implantação deste sistema 800 kV UATCC (GATE), a empresa poderá estender seu serviço em 14 estados e 25 concessionárias no país.

Segundo o Sindienergia, o aporte de investimentos referentes aos serviços de linha de transmissão e distribuição em Mato Grosso, é movido pela State Grid e Energisa. Já a SME presta serviços para ambas e executa obras.

Ampliação

Recentemente, o Ministério de Minas e Energia divulgou a programação de estudos de planejamento da transmissão elaborada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para 2024. O intuito é a indicação das novas instalações ou equipamentos para expansão do sistema de transmissão de energia elétrica.

De acordo com o MME, essas obras são necessárias para o atendimento ao crescimento do mercado no horizonte dos próximos dez anos. A programação contempla a realização de 30 estudos em todas as regiões do Brasil, 11 deles começaram em 2023 e 19 iniciaram neste ano.

“Estamos trabalhando para fortalecer nosso Sistema Interligado Nacional em ações que resultarão em mais investimentos para as nossas linhas de transmissão, em mais robustez ao Sistema Elétrico Brasileiro, levando melhor eficiência, economicidade, segurança, além de geração de emprego e renda para nossa população. Mais um passo que damos para uma transição energética justa, inclusiva, necessária”, afirmou o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Entre os destaques da programação dos estudos está a análise da viabilidade de se recomendar outro corredor expresso, conhecido como “bipolo Nordeste 2”. O objetivo é aumentar o intercâmbio energético entre as regiões atendidas pelo SIN. O outro estudo visa a avaliação das condições de atendimento às regiões metropolitanas de Manaus (AM) e de Boa Vista (RR), indicando nova solução estrutural de suprimento na Amazônia tendo por premissa a diminuição de geração térmica por razões elétricas.

Outro ponto relevante é o “estudo prospectivo para inserção de cargas de hidrogênio na região Nordeste”, cuja necessidade se torna urgente em um contexto atual de alta demanda por descarbonização das matrizes energéticas e de viabilização de suprimento elétrico para o melhor aproveitamento do potencial brasileiro para produção desse combustível.

A EPE identificará solução indicativa para o aproveitamento racional e planejado da rede no Nordeste face ao potencial prospectivo de plantas de produção de hidrogênio e amônia nesta região.

No relatório do EPE informa que há apenas três ações em andamento para a Região Centro-Oeste. São elas: Atendimento ao mercado na região de Niquelândia, Barro Alto e Águas Lindas, ambas cidades goianas; ampliação da capacidade de transmissão dos sistemas Acre, Rondônia e Mato Grosso, e atendimento às cargas das localidades de Feijó e Cruzeiro do Sul (Acre)l até março deste ano.

Segundo o EPE, o estudo voltado para Mato Grosso, está sendo realizado internamente pela organização, e informa que o prazo de conclusão está previsto para abril de 2024.

A programação completa de estudos de planejamento da transmissão para o ano de 2024 está disponibilizada no site da EPE (https://www.epe.gov.br/pt)

(Foto: SME Engenharia)

Dados

Com uma capacidade de geração instalada de 9.109,80 MW, a Eletronorte opera mais de onze mil quilômetros de linhas de transmissão e 59 subestações para levar energia elétrica a todo o Brasil por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Em Mato Grosso, desde 1979 gerencia e coordena os empreendimentos de expansão energético na região centro-oeste e desde então tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico local.

A receita anual da Eletronorte chega a R$ 253 milhões.  Em 2019, a empresa pública ampliou duas importantes e estratégicas subestações: Coxipó, em Cuiabá, e Barra do Peixe, em Ribeirãozinho. Os empreendimentos aumentaram a confiabilidade energética para a população da baixada cuiabana e do sul de Mato Grosso. Com a conclusão das obras, a Empresa atingiu a marca de 2706 MVA de capacidade de transformação e mais de 2.800 km de linhas de transmissão.

Além das unidades já citadas, ela possui outras oito subestações nos municípios Nobres, Rondonópolis, Alto Araguaia, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Jauru. A empresa também conta com repetidoras de telecomunicação e teleproteção, em Barra do Bugres e Comodoro. Representada pela Regional de Operação de Mato Grosso e pela Divisão de Obras e Transmissão Oeste, é composta por profissionais de diferentes áreas do conhecimento, todos empenhados em fazer o melhor para o progresso e a qualidade de vida dos mato-grossenses.

Plano

Também o MME anunciou, o Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE), que define novas linhas de transmissão e distribuição e equipamentos no Leste do Maranhão, Centro-Norte do Piauí e Região Metropolitana de João Pessoa. Serão R$300 milhões em investimentos previstos que permitirão solucionar restrições para a conexão de novos projetos de geração, ampliando a margem de escoamento de energia elétrica nessas regiões do Sistema Interligado Nacional (SIN). Mas para o estado de Mato Grosso, não consta nenhuma previsão de ações para este ano, segundo assessoria da pasta do governo federal.

Destaque para a construção de sete novas subestações que serão incorporadas ao sistema elétrico da empresa e para ampliação de capacidade de outras 24 subestações. Este crescimento permitirá atender a demanda de empresas do agronegócio e impulsionará o desenvolvimento econômico e social do estado.

Entre construção e ampliação, os investimentos em infraestrutura elétrica possibilitarão um crescimento da ordem de 25% da demanda de energia do estado. “O cliente está sempre no centro das nossas decisões e a definição dos investimentos da Energisa Mato Grosso segue essa linha. Estamos empenhados em aprimorar cada vez mais o nosso sistema e estamos investindo para atender a demanda sempre crescente de um estado que é um dos responsáveis por impulsionar o PIB do Brasil. Trabalharemos e investiremos ainda mais para aprimorar o nosso desempenho, entregando um serviço confiável e eficiente para os nossos clientes”, diz o diretor-presidente da Energisa, Gabriel Alves.

Atualmente, a Energisa Mato Grosso atende a aproximadamente 1,65 milhões de clientes, divididos em 141 municípios e emprega mais de 2.700 colaboradores próprias, com a expectativa de ampliação desse quadro e o de terceiros. A estimativa é de que, até o fim do ano, mais de 600 novos colaboradores sejam formados e estejam aptos para trabalharem nas equipes de campo, com foco na manutenção das redes elétricas. Prevenindo grandes impactos no sistema, como o caso da vegetação na rede.

Ao todo, o Grupo Energisa, uma das maiores empresa privadas de capital 100% nacional do setor elétrico brasileiro, prevê investimentos de R$ 6 bilhões para este ano, em linha com o montante realizado em 2023, que foi o maior da história da companhia. O segmento de Distribuição de energia elétrica, principal negócio do Grupo, será contemplado com a maior parte dos aportes, cerca de R$ 4,9 bilhões, o que representa 80% do CAPEX total previsto para o período. A (re)energisa, braço de geração, comercialização e serviços de valor agregado da empresa que atua em território nacional, tem investimentos previstos de R$ 430 milhões.

(Foto: Assessoria Ministério)

MT é exportador de energia

Em 2024, o mercado de energia elétrica está mais favorável ao consumidor para escolher a forma de pagar mais barato na conta de luz, com a possibilidade para migrar para o mercado livre. Embora a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tenha anunciado a manutenção da bandeira verde (sem custo adicional na conta de luz) neste mês de fevereiro, o que vem ocorrendo há 22 meses, a projeção é de aumento na conta em torno de 5,6%.

No caso de Mato Grosso, o contrato da Energisa é reajustado anualmente e passa a valer o aumento em abril. No ano passado, a Aneel autorizou a revisão tarifária tornando a fatura 8,62% mais cara ao consumidor residencial. Os mato-grossenses pagam a segunda tarifa mais cara do país.

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