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sexta-feira, maio 10, 2024
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Filme que resgata a trajetória do político Dante de Oliveira estreia nesta terça (6)

“O Dante é uma pessoa que tem um papel muito importante no processo de redemocratização do Brasil”, afirma diretor

Por Vanessa Moreno

Nesta terça-feira (6), Cuiabá será palco da estreia do filme “A Primavera de Dante”, um média-metragem produzido em homenagem à vida e trajetória política do cuiabano Dante de Oliveira, figura icônica na história de Mato Grosso e do Brasil. Ele ficou reconhecido por sua atuação fundamental na redemocratização do país, no movimento “Diretas Já”, após os tempos sombrios da Ditadura Militar.

O filme, roteirizado e dirigido pelo cineasta e documentarista Leonardo Sant’Ana, faz parte de uma trilogia e promete retratar as diferentes fases da vida de Dante, desde sua infância até os momentos mais marcantes de sua carreira política. A estreia será realizada no Teatro Zulmira Canavarros, da Assembleia Legislativa, às 19h. A escolha da data do lançamento também faz parte das homenagens, uma vez que o dia 6 de fevereiro é o dia em que o homenageado completaria 72 anos.

“Quando eu recebi a pesquisa que falava sobre toda a vida do Dante, coincidiu de a gente estar num período em que o Brasil estava bem polarizado e pondo em xeque a democracia das pessoas e algumas pessoas, alguns políticos, cogitando a possibilidade de ter uma volta de ditadura”, revelou o cineasta sobre as inspirações que moldaram a narrativa do filme.

A ideia de transformar a história de Dante em filme partiu do produtor José Paulo Traven e do analista político João Edisom de Souza. Já o trabalho de pesquisa é assinado pelo historiador João Antonio Lucídio.

Dirigido por Leonardo Sant’Ana, o média-metragem revela os desafios da redemocratização do país com o movimento Diretas Já (Foto: Arquivo Pessoal)

Sant’Ana destacou a importância do contexto político atual para a escolha do enfoque na juventude de Dante de Oliveira, destacando a relevância da mensagem sobre a democracia que o documentário carrega consigo. “A principal inspiração desse filme do Dante é talvez o objeto de maior interesse e defesa da vida do próprio Dante, que é a democracia. Então esse filme é uma homenagem à democracia. O Dante é uma pessoa que tem um papel muito importante no processo de redemocratização do Brasil”, afirmou.

Dante de Oliveira foi um líder estudantil, deputado estadual e federal, ministro da Reforma Agrária, prefeito de Cuiabá e governador de Mato Grosso. O primeiro episódio da trilogia concentra-se em resgatar a infância do político na capital cuiabana, sua adolescência, a mudança para o Rio de Janeiro para cursar Engenharia, a militância estudantil no MR-8 e seus primeiros passos na política, incluindo a campanha das “Diretas Já” durante seu tempo na Câmara Federal.

O processo de pesquisa conduzido por Lucídio, garantiu a precisão na representação da vida e obra de Dante e Leonardo destacou também o vasto acervo disponível. “O Dante é uma personalidade que era rica de material. A gente usou muito o memorial que ele tem como centro de imagem. Tem várias fotos, várias coisas lá”, comentou.

Sant’Ana também compartilhou os desafios enfrentados durante a produção do filme, ressaltando a importância de encontrar o recorte adequado para contar a história de Dante. “O maior desafio foi achar um recorte bacana, porque esse recorte que a gente fez de ser do início da vida dele até o processo das Diretas e a redemocratização do Brasil, eu acho que foi um. Chegou no recorte, clareou tudo, aí ficou mais fácil de poder dar uma linha dramatúrgica, mantendo a veracidade da história”, explicou.

Uma das escolhas mais importantes foi a seleção do ator que interpretaria Dante de Oliveira. Leonardo Sant’Ana compartilhou os bastidores dessa decisão, creditando à diretora de produção Giulia Costa a sugestão de Vicenzo Zaleski. “Ele tem essa aparência física e ele acabou de formar em Rádio e TV e está nesse momento igual ao Dante, de faculdade, da militância, do acreditar nos sonhos, nas utopias. Foi uma contribuição muito, muito importante no filme, porque além da fisionomia, além dele ser parecido com Dante, digamos que eles têm almas parecidas com a mesma idade. Então foi um achado muito bacana e um mérito aí da Giulia Costa”, revelou.

Ao ser questionado sobre os desafios de trabalhar com o elenco, especialmente considerando depoimentos reais de familiares e amigos do polítoco, Sant’Ana destacou a importância de entrar na história junto com os entrevistados. “A família do Dante e os familiares, os amigos, mesmo os que tinham mais idade, estão todos muito lúcidos, falam muito bem, então está muito presente a memória do Dante. Foi super bacana, um momento inesquecível para mim e tenho certeza que para os entrevistados também. A grande maioria eram pessoas da intimidade do Dante então dá para você ver o envolvimento dessas pessoas, o cuidado delas ao contar as histórias”, compartilhou.

O filme conta com depoimento da mãe Maria Martins de Oliveira, da viúva Thelma de Oliveira, dos irmãos Armando, Inês e Yolanda, amigos como Guilherme e Frederico Muller, o médico Júlio Muller Neto e Aluísio Arruda, além dos historiadores João Antonio Lucídio e Luíza Volpato e o analista político João Edisom.

Por fim, Sant’Ana revelou as mensagens centrais que espera transmitir ao público com “A Primavera de Dante”: “tem a mensagem dessa coisa de que uma pessoa com ideais, com princípios, que não tem medo da luta, com coragem pra enfrentar a luta, pode chegar em qualquer lugar, pode conseguir vencer até uma ditadura”. E ainda “a mensagem que está de uma maneira sutil, mas que eu acho que é a que estava mais me martelando o tempo todo, enquanto escrevendo, enquanto gravando, enquanto editando o filme, era essa coisa da importância da democracia”, acrescentou.

“A Primavera de Dante” é uma realização da Associação Mato-grossense de Inclusão Sociocultural (AMISCIM), em parceria com a Assembleia Legislativa e a Secretaria Estadual de Cultura, Esporte e Lazer do Governo do Estado de Mato Grosso. A produção executiva está a cargo de José Paulo Traven, com direção de Leonardo Sant’Ana. A pesquisa é assinada por João Antonio Lucídio, a direção de produção por Giulia Costa, e a direção de fotografia por Kelven Queiroz. A edição e colorização são de responsabilidade de Murilo Nascimento, com som por Eduardo Lehr, e produção de Anna Magalhães. A direção de arte e figurino ficam por conta de Laís Wrzesinski.

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