Secretário municipal Zito Adrien se refere ao “Turismo Cuiabá”, tema desta entrevista, junto com outros temas de sua pasta
Por João Orozimbo Negrão
Uma iniciativa inédita acaba de ser lançada pela Secretaria Municipal de Turismo de Cuiabá. É o “Turismo Cuiabá”, um aplicativo que traz orientações completas para os turistas que escolherem a capital mato-grossense para visitar. Este é o tema central desta entrevista com o secretário municipal de Turismo, Zito Adrien, com o qual tratamos ainda de outros projetos de sua pasta. Confira:
RDM Municípios – Secretário, eu gostaria que o senhor iniciasse falando sobre o aplicativo “Turismo Cuiabá”.
Zito Adrien – Este aplicativo é inédito, inclusive a nível nacional. Eu não conheço outras cidades, mesmo capitais, que tenham desenvolvido um aplicativo nesse nível, e você vê aí, só na capital nós temos cerca de 700 informações turísticas dentro do aplicativo. Essas informações turísticas vão desde hotéis, bares, restaurantes, visita a museus, rotas de igrejas, de cervejarias, lugar pra comer peixe… Todas as informações estão no aplicativo. Ele tem uma vantagem: é genuinamente da prefeitura de Cuiabá. Contratamos uma empresa para fazer isso, tudo foi desenvolvido na Secretaria Municipal de Turismo, juntamente com os técnicos da informática aqui.
Por que é importante isso? Porque ele não fica engessado. Você vai alterando ele e pode ser de um dia para o outro, você vai atualizando ele. Quando você acessa, por exemplo, um restaurante, você vai ver aqui na parte de cima vai aparecer pratos, o que oferece para aquele restaurante, e pode ser alterado, o restaurante nos comunica que vai alterar, fazer uma promoção, por exemplo, e tudo isso pode ser alterado. Então é um aplicativo que não é engessado, é um aplicativo que você vai atualizando na medida do momento que isso for necessário, esse é um grande ganho.
Estamos colocando totens nas praças, parques da cidade, hotéis, restaurantes, bares, para a leitura do QR Code. No desembarque do aeroporto e também na rodoviária da cidade. Estamos cercando os pontos principais de acesso do turista, para que ele possa acessar tudo aquilo que ele quer ver na nossa capital.
Esse aplicativo é um instrumento absolutamente importante, e vou dizer o seguinte, em relação aos municípios, como o Estado não tem esse mecanismo, não tem esse aplicativo, como o prefeito Emanuel Pinheiro é o presidente do Consórcio do Rio Cuiabá, que são treze municípios incluindo Cuiabá, nós estamos fazendo já um convênio com os prefeitos para que cada cidade dessas tenha o aplicativo. Enfim, já estamos ampliando o aplicativo a nível de uma parcela do estado, para todos os municípios que fazem parte da Baixada Cuiabana.
RDM Municípios – Excelente iniciativa, secretário. Fale sobre a importância de estimular o turismo como uma indústria, como uma cadeia produtiva.
Zito Adrien – A circulação da economia, a injeção na economia, o custo é muito grande, mas o turismo tem dois anos e meio que estagnou, foi realmente a atividade econômica mais afetada pela pandemia. A primeira coisa que se parou em todo o Brasil foram os eventos, e o turismo vive muito nos eventos. Parou os eventos, foi proibido, muitos hotéis fecharam, muitos restaurantes fecharam; estão reabrindo agora, mas ficaram praticamente dois anos e meio estagnados. Consequentemente, isso afetaria também a nossa cidade. Ela vive justamente dessa parte que é chegar junto, os nossos empresários, turistas, etc. Então nós estamos em uma retomada, juntamente com o Conselho Municipal de Turismo. Estamos tomando ações em conjunto com o Conselho para fazer essa retomada, e o aplicativo vem em muita boa hora.
Nós tivemos que refazer uma série de coisas que já estavam prontas do aplicativo em função do que aconteceu na pandemia, atualizando os hotéis, atualizando os parques, atualizando todo o sistema turístico, mas ficou pronto. É o mecanismo principal para gente poder alavancar o turismo.
RDM Municípios – Outra ação da sua pasta foi o programa “Viva o Feriado em Cuiabá”. O que é isso?
Zito Adrien – Quando chega um feriado que é longo, quinta, sexta, sábado e domingo, normalmente o governo e o município torna ponto facultativo. Isso cai muito a ocupação dos hotéis, cai muito a ocupação dos restaurantes e o próprio comércio da capital cai muito apesar dele abrir, porque é ponto facultativo, mas não vende quase nada. Então esse programa “Viver o Feriado em Cuiabá” envolve fazer várias atividades nesses quatro dias de feriado justamente para segurar o cuiabano aqui, que saí nesses feriados e vai para outros municípios, e segurar o turista que vem aqui na capital para que ele, de alguma forma, fique aqui, para que ele não vá para outros municípios.
Com esse programa fizemos atividades de música, cultural, exposições em praças, exposição de carros antigos, tudo aquilo que pudesse movimentar a capital. A Orla do Porto, com música, exposição de cães, enfim, para que tivesse atividades aqui e foi um sucesso enorme. A parte de alimentação, enfim, fizemos diversas atividades. O programa “Viver o Feriado em Cuiabá” será repetido em outubro, depois das eleições, e depois em dezembro.
RDM Municípios – Secretário, todas essas ações implicam o envolvimento de outros setores do município. Como é esta articulação?
Zito Adrien – Trabalhamos a transversalidade com outras secretarias, como a de Cultura, que veio conosco, exposições, etc.. Com a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento…
RDM Municípios – Mas, secretário, essa proposta de aproveitar os feriados em Cuiabá, não deveria envolver o pessoal da mobilidade, do transporte, porque o cuiabano que não tem carro tem muito problema de locomoção nos finais de semana e nos feriados porque não tem ônibus. As pessoas ficam duas ou três horas nos pontos de ônibus esperando.
Zito Adrien – Você tem razão. Como foi um projeto piloto, nós chamamos a mobilidade, sim. Ela acompanhou justamente porque tinha a ideia dos ônibus circulando pelos hotéis, quatro, cinco, seis, dez ônibus, mas para fazer um circuito dentre os hotéis para levar nesses eventos. Isso foi pensado. E também a população do bairro, para trazer eles para cá.
Mas como foi um projeto piloto, que nós fizemos em cima da hora, ficou para gente fazer essa correção, assim como outras, no próximo evento. Também teve coisa que não deu certo. Para você ter outra ideia, o que está dentro desse programa dos feriados é o comércio aqui. Nós colocamos dentro do aplicativo o comércio, nós selecionamos aqueles que quiseram vir conosco, principalmente aqui do centro. Não mexemos com shopping, porque shopping está bem atendido. Shopping em Cuiabá bomba nos feriados, tem gente de outros municípios que vêm para ir no shopping.
Mas nós queríamos incentivar o comércio local, central. E aí nós credenciamos lojas que abriram durante o feriado, que estavam aqui dentro do aplicativo. Então, se o turista no hotel precisasse comprar alguma coisa, acessaria a loja nos pontos em que ele estava andando. Nós envolvemos a Associação Comercial, envolvemos o CDL, envolvemos a Federação do Comércio, tudo dentro desse programa.
E não ficou como você falou, não ficou restrito só ao turismo, ficou restrito também a outras atividades comerciais, e nós temos como fazer isso graças ao aplicativo. Então quando aconteceu esse feriado em Cuiabá, tinha no aplicativo uma entrada ali e quem clicasse lá sabia quais eram os comércios que estavam abertos, que estavam oferecendo alguma vantagem naquele feriado, como também os hotéis que participaram do feriado.
RDM Municípios – Gostaria que o senhor fizesse um balanço da sua gestão, da sua pasta, dos seus projetos, além do aplicativo, do feriado, eu queria ouvir esse balanço.
Zito Adrien – A Secretaria Municipal de Cultura foi criada há dois anos e pouco atrás e logo veio a pandemia. Então nós não tivemos tempo de expandir. Primeiro tivemos que fazer uma reestruturação interna. Você conhece o Museu do Rio, onde tem o Restaurante Regionalíssimo. Estamos mudando a Secretaria toda para o museu. A secretaria vai ficar lá na Orla do Porto, onde tem vários complexos turísticos. Estamos começando a refazer o Aquário de Peixes, que é ali do lado. Vamos restaurar o complexo turístico ali.
Não posso ter uma Secretaria de Turismo engessada aqui no quarto andar do Palácio Alencastro, onde estamos aqui, na sede da prefeitura. Não tem que estar na sede, tem que estar onde está o turista, a gente tem que respirar isso. E esse é o nosso intuito. Vamos mudar para um espaço maior, com condições melhores.
Estamos trabalhando em um projeto também, já vou te adiantar aqui, ele está ainda em fase de elaboração, estou conversando com professores das universidades, com historiadores, que é explorar bastante o nosso centro geodésico, que é muito pouco explorado. Nós estamos no centro geodésico da América do Sul, são treze países, nós somos o marco zero de Rondon, os países conhecem sobre Rondon mais do que nós brasileiros, a verdade é essa. Então nós temos que resgatar um pouco isso, uma coisa única.
RDM Municípios – Nos informe sobre os planos para o centro histórico de Cuiabá.
Zito Adrien – O centro histórico é um sonho para o prefeito Emanuel Pinheiro, desde o primeiro mandato dele, deixar ele memorável. Mas você tem alguns problemas no centro histórico que são sérios. Nós temos uma lei, que para mim é absolutamente ultrapassada, mas nós temos uma lei da conservação, muito radical. Eu acho que o patrimônio histórico deve ser preservado, mas a forma que as coisas acontecem aqui, o que está acontecendo, está caindo aos pedaços. Por que está caindo aos pedaços? Porque eles impõem um engessamento tão grande ao proprietário que o proprietário não pode mexer com nada. Para mexer com um casarão desses é muito dinheiro. Se o IPHAN quer manter toda a parte externa, tem casarão que não representa mais nada na parte interna.
Teve o problema também da Energisa, que ganha milhões aqui na capital e não pode nos ajudar a enterrar aqueles fios absurdos. Está feio demais aqueles postes externos, aquilo é um absurdo, enfeia demais o centro. A gente se pergunta, a Energisa poderia de alguma forma ajudar com isso para poder aplicar no centro histórico de Cuiabá, e isso está sendo debatido com o prefeito diretamente com a Energisa. Mas estamos tendo dificuldades para isso porque a gente não pode mexer ali, a construção é dela. Mesmo assim o recurso, o interesse tinha que ser dela, não continuar metendo fio de luz, telefone, não sei o quê, porque é um absurdo, enfeia demais o centro. Enfim, nós estamos pensando, e se Deus quiser nós vamos conseguir. A vontade é muito grande, a equipe é pequena, mas muito determinada, nós estamos melhorando a equipe para fazer um turismo diferente. Porque é como você disse no início e o aplicativo mostra, nós temos muitos pontos turísticos que não são explorados.