Vereadora é a última a ser ouvida no processo que investiga um suposto esquema de rachadinha ocorrido em seu gabinete
Por Paulo Henrique Fanaia, Leigora
A vereadora de Cuiabá Edna Sampaio (PT) presta depoimento na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal na tarde desta quarta-feira (28) a partir das 14h30. A petista será a última a ser ouvida pela Comissão que investiga um suposto esquema de rachadinha comandado por Edna e pelo marido Willian Sampaio durante quatro meses do ano de 2022 e que movimentou R$ 20 mil advindos da Verba Indenizatória recebido pela então chefe de gabinete da parlamentar, Laura Natasha Abreu.
O depoimento de Edna é o mais aguardado das oitivas que tiveram início na quinta-feira passada (22). Durante a oitiva, Edna deve repetir os argumentos que vem manifestando nas redes sociais, em entrevistas com a imprensa e até mesmo em plenário, qual seja, o de que a demissão de Laura não foi uma imposição, mas sim um acordo entre ela e a vereadora e de que nunca cometeu a tal rachadinha, haja vista que ela defende que a verba indenizatória defendida pela chefe de gabinete é de uso do próprio gabinete e não exclusivo da servidora.
A primeira ser ouvida na rodada de oitivas foi a ex-chefe de gabinete Laura, que prestou depoimento à Comissão de Ética na quinta-feira (22). Por mais de duas horas, a ex-servidora contou de forma emocionada a forma como se deu os quatro meses em que trabalhou no gabinete de Edna Sampaio, bem como a maneira que ocorreu a sua demissão.
Na ocasião, chamou a atenção dos vereadores que estavam presentes na oitiva, o fato de Laura contou que na época da demissão ela chegou a implorar para que Edna não a demitisse, momento em que a vereadora teria dito a Laura que a gravidez da jovem iria atrapalhar seu mandato e que a situação financeira da servidora não era um problema que a vereadora teria que resolver.
Outro ponto relevantes para os parlamentares foi o de que a servidora disse que era obrigada a transferir a verba indenizatória recebida mensalmente para uma conta conjunta criada por Edna e que os depósitos eram cobrados pelo marido da vereadora, Willian Sampaio.
No mesmo dia, a atual chefe de gabinete de Edna, Neusa Batista, prestou depoimento na Comissão. Ela confirmou que a conta conjunta existe desde o início do mandato e que ela também faz os repasses da verba indenizatória mensalmente para esta conta. Neusa ainda defendeu que essa prática facilita a gestão dos recursos, e garante que não existe ilegalidade na medida, uma vez que acredita que os recursos oriundos da verba indenizatória são para suprir custos do gabinete.
Na sexta-feira (23) foi a vez do marido da vereadora prestar depoimento. Apontado como um dos responsáveis por fazer a cobrança dos valores da verba indenizatória, Willian Sampaio defendeu a legalidade do ato e chegou a dizer que muitas das falas de Laura Natasha eram mentirosas. Alegando fazer parte do mandato coletivo de Edna Sampaio, Willian chegou a dizer que o modelo deveria ser adotado pela Câmara pois dá mais transparência a utilização dos recursos.
Em um dos momentos mais tensos da oitiva, Willian entrou em confronto direto com o vereador Dilemário Alencar (Podemos) chamando o parlamentar de “violentador de mulheres” e abandonando a sessão.
O último a ser ouvido seria o jornalista Romilson Dourado, proprietário do portal de notícias que fez a primeira matéria denunciado o suposto esquema de rachadinha cometido no gabinete da vereadora petista. Utilizando-se do direito constitucional de não revelar a fonte, o jornalista não compareceu à oitiva agendada para a tarde de segunda-feira (26).