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sexta-feira, maio 10, 2024
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Deputada Sandy de Paula na luta pelos direitos das mulheres

Parlamentar assumiu interinamente após licença do titular, o deputado estadual Julio Campos

 

Por Jean Gusmão

 

A deputada estadual suplente Sandy de Paula (União) ficará por 30 dias no cargo concedido pelo deputado Júlio Campos (União). Ela tem 32 anos, é advogada, pós-graduada em desenvolvimento urbano e processo civil, casada e mãe de uma filha. Nasceu em Juara, em uma família toda dedicada ao município. Ela é neta dos colonizadores José Pedro Dias e Zé Paraná, e também dos avós maternos Pedro de Paula e Dona Ivone, que são fundadores da cidade.

Sandy diz que seu avô Zé Paraná tem uma história muito grande e expressiva na região noroeste, pois foi vice-prefeito nos municípios de Diamantino, vereador e presidente da Câmara de Porto dos Gaúchos. Depois, foi prefeito por dois mandatos na cidade.

“Tudo começa em Porto dos Gaúchos, que era distrito de Diamantino. Dali, eles conseguiram emancipar Porto dos Gaúchos, onde meu avô foi vereador e depois foi eleito duas vezes prefeito. Com um grupo de empresários, adquiriram uma área onde é Juara hoje, montaram uma sociedade imobiliária, a Sibal, e ali começaram a colonizar a cidade, trazendo pessoas principalmente do Sul do país e São Paulo, região Sudeste”, aponta.

Com o início da colonização na década de 70, Zé Paraná só conseguiu a emancipação de Juara a partir de 1973, transformando-a em cidade em 1981, quando foi nomeado prefeito da cidade pelo governador do estado à época. Depois de terminar seu mandato como prefeito de Juara, Zé Paraná partiu para outra missão: a colonização do município de Tabaporã, junto com um empresário do ramo de empreendimentos, que montaram a colonização na cidade.

Desde a infância, a deputada lembra que cresceu no meio político, vendo seu avô e seu pai trabalhando e lutando pelo desenvolvimento de Juara e Tabaporã, o que despertou o interesse dela pela carreira pública. Mas foi na adolescência que ela quis entender mais como funciona a política de perto, após sua ida a Brasília para participar da Conferência Nacional da Juventude.

“Foi essa oportunidade de ir à conferência que eu percebi o quanto os jovens estavam antenados e lutavam por seus direitos, enquanto a gente, do interior, estava só sobrevivendo sem pensar sobre direitos, deveres, políticas públicas. Inclusive, foi a primeira vez que ouvi esse termo de políticas públicas, e quando eu estava prestes a terminar o meu ensino médio, foi aí que eu decidi que iria estudar para me preparar para entrar na política.”

Para cursar o ensino superior, Sandy mudou-se para Maringá, no Paraná, e ingressou na PUC Paraná, pois na época o município de Juara não tinha faculdade de direito. Aos 22 anos, já formada, ela voltou para sua cidade natal, abriu um escritório de advocacia, trabalhou no PROCON e no fórum.

“Fui trabalhar, montei um escritório de advocacia, depois trabalhei no PROCON como conciliadora e, posteriormente, passei no processo seletivo para juíza leiga do Juizado Especial, onde fazia as sentenças e o juiz homologava. Era algo de menor complexidade, mas, então, tive que escolher se continuava como juíza leiga ou me afiliava a algum partido.”

O interesse maior de Sandy em entrar na política surgiu em 2018, quando ela se tornou mãe de sua filha, e começou a se interessar por pesquisas sobre maternidade. A partir disso, conheceu várias mães que sofreram violência obstétrica durante o parto.

“Com essas histórias, despertou em mim o interesse em fazer a diferença, porque eu olhava para os vereadores e não via o que eles faziam e não me sentia representada por eles. No final de 2019, eu decidi ser candidata.”

Em 2020, ela se filiou ao PSL e formou uma chapa de candidatos a vereadores novos, sem mandato, dando também apoio à campanha do atual prefeito de Juara. Com isso, Sandy conquistou a eleição e entrou para a história do município como a vereadora mais votada, com 1465 votos, tendo gasto muito em campanha, principalmente nas redes sociais, impulsionando seus conteúdos para alcançar os eleitores.

Para Sandy, as redes sociais são primordiais em uma campanha para os candidatos, mas ela vê que é preciso analisar o cenário de cada município.

“Com certeza, as redes sociais são essenciais, mas, claro, precisamos analisar o cenário de cada município, porque temos diferentes perfis de eleitores. Mas acredito que em todos os municípios do estado de Mato Grosso existam eleitores conectados à internet.”

Em 2022, nas eleições, Sandy entrou na disputa para deputada estadual pela União Brasil. Embora tenha obtido muitos votos na cidade, não foi o suficiente para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, ficando como 3ª suplente do deputado Júlio Campos (União).

Após as eleições de 2022, Sandy montou uma chapa para concorrer à presidência da Câmara de Juara, na qual venceu e tornou-se presidente do legislativo municipal, cargo que ocupa até hoje. Mas ela fala sobre as dificuldades de comandar uma câmara de vereadores.

“A maior dificuldade de qualquer gestor público é a gestão de pessoas, porque você precisa conciliar os servidores efetivos, comissionados e os vereadores. Então, imagine-se sempre no meio do fogo cruzado, com muitos interesses envolvidos. Quem você vai atender e como será feito, e isso é a parte mais complicada de ser presidente, além do trabalho de presidir as sessões, que também é uma grande responsabilidade, mantendo todo o equilíbrio ali.”

Na Câmara Municipal, como vereadora, Sandy se orgulha de ter suas propostas se tornando lei, junto ao poder executivo, como a humanização da assistência ao parto, proporcionando um atendimento com mais atenção e cuidado no hospital municipal de Juara.

Outra iniciativa é a Escola de Líderes, que montou grupos de pessoas de várias idades, abordando temas sobre política, vivenciando na prática o trabalho dos vereadores dentro do município.

“Desde que entrei na política, meu objetivo foi renovar, trazer ideias novas para a política. Eu sei que existem pessoas que têm capacidade de trazer ideias tão boas ou melhores do que as minhas, então por que não dar espaço para essas pessoas estarem na política?”

Agora, como deputada suplente, Sandy está muito feliz, mas lembra das dificuldades enfrentadas para conseguir os votos que obteve, com a falta de apoio em sua campanha na época.

“Sinto-me muito feliz. Talvez eu não tenha nem a dimensão do quanto isso é importante, mas ouvir isso é muito importante, porque foi difícil conseguir esses 9041 votos. Eu não tinha avião, não tinha uma fortuna para gastar com a campanha, era inexperiente e mesmo assim fui à luta, sem ter apoio político de ninguém do meu município, nenhum vereador da minha região quis me apoiar. Senti-me sozinha, foram lágrimas e lágrimas, o único apoio foi da família e dos amigos.”

A parlamentar traz uma representatividade na Assembleia Legislativa para municípios da região noroeste do estado, onde pretende atender às necessidades de infraestrutura que as cidades vêm sofrendo ao longo dos anos, com foco também na pauta voltada para as mulheres, principalmente no combate à violência contra elas.

Diante das pautas voltadas para as mulheres, que Sandy defende como uma de suas prioridades, ela tem a seguinte opinião em relação ao assunto da violência doméstica:

“Eu trabalho na seguinte vertente: com o empreendedorismo feminino, ajudo as mulheres, faço eventos para estimulá-las a serem empreendedoras, para que com isso possam ter suas próprias rendas e não tenham dependência financeira. Mas também vemos que não são apenas as mulheres que têm dependência financeira que são violentadas, que passam por violência doméstica. Temos mulheres muito bem estabilizadas com a vida resolvida que também são vítimas de violência. Nesse caso, acredito que precisamos aumentar as penas para quem comete esse tipo de violência.”

Nas eleições municipais deste ano, Sandy diz que seu nome está à disposição para concorrer à prefeitura do município de Juara, mas é necessário um grupo forte de apoiadores em construção com o aval do partido, para que ela possa ser pré-candidata.

“Vejo que a prefeitura tem muitas necessidades, e que nosso atual prefeito já vem fazendo um trabalho muito bom, levando muito o modelo de gestão, e isso precisa ser continuado e melhorado. Com certeza, tudo é passível de melhora, então acredito que, com a experiência que obtive tanto como vereadora e como gestora da câmara, e com o conhecimento que tenho hoje em Cuiabá, com senadores, deputados estaduais e federais, e o governo, isso abriria portas para o município. Então, vejo isso como uma questão de necessidade.”

Sandy deixou uma mensagem para todas as mulheres do estado de Mato Grosso:

“Nós somos mais de 50% da população, mas somos sub-representadas nos parlamentos e também no executivo, obviamente. Temos muito poucas prefeitas, vice-prefeitas, e não adianta querermos que outros sejam nossa voz na política. Eu, por exemplo, só tive esse êxito para falar sobre parto humanizado, gestação, porque sou mulher e, através do meu trabalho, a vida de outras mulheres foi transformada. Então, o que precisamos é de mais mulheres se disponham a ser políticas, representando aquilo que as mulheres querem. O que as mulheres querem, afinal? Então, essas mulheres precisam estar na política, e meu desejo é que as mulheres ocupem esses lugares de representatividade, pois muitas pautas que se referem a nós, nós não sabemos o que está acontecendo.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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