A Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT) tem se mostrado cada vez mais preocupada com o impacto das piadas e conteúdos humorísticos espalhados nas redes sociais. A crescente viralização de memes, vídeos e postagens satíricas tem gerado debates sobre o limite entre o humor e a responsabilidade nas plataformas digitais.
Certos memes podem ultrapassar os limites do respeito e da dignidade humana, levando à violação de direitos e à disseminação de estigmas prejudiciais, como é o caso do meme “fugiu do CAPS”.
O “fugiu do CAPS” surgiu como uma piada viral, associando pessoas com transtornos mentais a comportamentos supostamente erráticos ou estranhos, utilizando o termo “CAPS” em referência aos Centros de Atenção Psicossocial, espaços dedicados ao atendimento de pessoas com distúrbios psíquicos.
Essa piada reforça estigmas negativos relacionados às pessoas com transtornos mentais, tratando-as como objetos de ridicularização. Além disso, ao disseminar esse tipo de conteúdo, os usuários das redes sociais podem estar incorrendo em práticas de difamação e incitação ao preconceito, o que é passível de sanções legais, como previsto pela Lei de Combate à Discriminação e pela Lei de Crimes contra a Honra.
“É uma ignorância extrema quando as pessoas dizem nesse meme “ah, fugiu do CAPS” porque, em primeiro lugar, o CAPS trabalha de portas abertas. Então estamos destinados ao cuidado da saúde mental da população”, explicou o RT de Enfermagem do CAPSi Adolescer, Thalisson Magno de Oliveira.
Criados no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, os CAPS têm como objetivo principal substituir o modelo de internação em hospitais psiquiátricos, promovendo um atendimento mais próximo da realidade social dos pacientes com transtornos mentais graves e incentivando sua reintegração à sociedade.
Essas unidades são equipadas com equipes multidisciplinares, compostas por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e outros profissionais. Juntas, essas equipes trabalham para fornecer uma abordagem ampla, que envolve a pessoa como um todo — mental, emocional e social. Uma das principais propostas dos CAPS é a reintegração social dos pacientes.
“No CAPS, nós não tratamos a doença. Nós não tratamos de loucura. Nós fazemos cuidados psicossocial às pessoas. Esse cuidado inclui atendimento psicológico, atendimento psicossocial, atendimento médico e medicamentoso. E o principal: a reinserção da pessoa na vida comunitária através de atividades artísticas, atividades lúdicas e, se necessário, até um banho de piscina”, contou Thalisson.
Essas práticas não apenas contribuem para a recuperação dos pacientes, mas também os ajudam a se sentir mais integrados ao seu entorno, diminuindo o estigma associado aos transtornos mentais.
Além disso, os CAPS oferecem apoio psicológico e orientação às famílias, contribuindo para a construção de uma rede de apoio que compreenda a situação do paciente e participe de seu processo de recuperação. O objetivo é que os indivíduos não sejam apenas “tratados”, mas que possam voltar a viver plenamente, exercendo suas funções sociais, familiares e profissionais.
COMENTE ABAIXO:
70