BRASÍLIA

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Leião concorrido

Concessão da Rota da Celulose, que já tem consórcio vencedor, impulsionará economia de MS, maior exportador da matéria-prima do papel

Principal exportador de celulose do Brasil, Mato Grosso do Sul receberá mais um importante investimento para sua infraestrutura rodoviária. O estado será contemplado com R$ 10,1 bilhões para obras de melhorias e ampliação da capacidade das estradas que concentram o maior fluxo de cargas da produção nacional da matéria-prima do papel. (Foto: Arte / Secom-MTransp)

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Serão R$ 10 bilhões em investimentos; consórcio vencedor, K&G, fez proposta com maior desconto, de 9%. Municípios como Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Três Lagoas serão diretamente beneficiados com a nova gestão do trecho de 870,3 quilômetros.

 

Por Humberto Azevedo

 

Para garantir segurança viária, conforto aos usuários e mais competitividade ao setor produtivo, o governo do estado de Mato Grosso do Sul em parceria com o governo federal, leiloou na tarde desta quinta-feira, 8 de maio, o conjunto de rodovias estaduais e federais que integram a Rota da Celulose. O consórcio K&G – encabeçado por K-Infra e Galapagos – foi o vencedor do certame, ocorrido na Bolsa de Valores de São Paulo.

 

Fazem parte da Rota da Celulose as rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395 e alguns trechos das rodovias federais BR-262 e BR-267, que totalizam 870,3 quilômetros. Participaram da disputa os consórcios formados pelo BTG Pactual Infraestrutura, Caminhos da Celulose (liderado pela empresa XP Infra), Rotas do Brasil S/A e o consórcio K&G Rota da Celulose. O consórcio K&G ofereceu um desconto 9% na tarifa de pedágio e aporte de quase R$ 217.39 milhões.

 

O projeto elaborado pelo governo federal em parceria com o governo do estado prevê a aplicação de recursos pela nova concessionária responsável pela gestão da rota na duplicação de faixas, criação de acostamentos, construção de pontos de parada e descanso (PPDs) para caminhoneiros e outras intervenções que prometem estimular a geração de cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos, além de aumentar a competitividade da agroindústria.

 

As empresas K-Infra e Galapagos ficarão responsáveis pela recuperação, operação, manutenção, conservação, implantação de melhorias e ampliação de capacidade do sistema rodoviário pelo prazo de 30 anos. Ao todo, serão R$ 10,1 bilhões em investimentos, sendo R$ 6,9 bilhões em despesas de capital e R$ 3,2 bilhões em custos operacionais.

 

MELHORIAS

 

Com o leilão promovido os municípios sul-mato-grossense como Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Três Lagoas serão diretamente beneficiados com a nova administração privada do trecho de 870,3 quilômetros das rodovias federais BR-262/267 e estaduais MS-040/338/395, conhecida como Rota da Celulose. (Foto: Vinícius Trindade / Secom-MTransp)

Os investimentos ampliam e antecipam melhorias na malha viária. Serão 115 km em duplicações, 457 km de acostamentos, 245 km em terceiras faixas, 12 km de marginais, implantação de 38 km em contornos de municípios, 62 dispositivos em nível, 4 dispositivos em desnível, 25 acessos, 22 passagens de fauna, 20 alargamentos de pontes e implantação de 3.780,00 m² obras de arte especiais. A malha passará ainda a ter 100% de acostamento.

 

Este projeto foi discutido nos últimos dois anos, com muitas reuniões e planejamento para chegarmos ao final deste processo no dia de hoje, com empresas que acreditaram na proposta, todas idôneas. “Daqui para frente seremos parceiros nos desafios para que o projeto seja feito de maneira exata como foi elaborado”, destacou o governador Eduardo Riedel.

 

Riedel também comentou que o Governo Federal foi parceiro ao delegar as rodovias BR-262 e BR-267, confiando no Governo de Mato Grosso do Sul e no projeto apresentado. “Esta concessão vai alavancar o desenvolvimento do nosso Estado. Isto demonstra que Mato Grosso do Sul tem grandes oportunidades para diversos segmentos da economia”.

 

Finalizando sua fala, Riedel ressaltou os bons projetos existentes no Estado para iniciativa privada participar em parceria com o setor público, sendo que a concessão da Rota da Celulose faz parte de uma reconfiguração completa da infraestrutura regional. “Saio Daqui extremamente otimista para construirmos o Estado que sempre sonhamos”.

 

SUCESSO ALCANÇADO

 

Obras de modernização vão transformar 870 km de estradas em corredores logísticos mais eficientes para o transporte de celulose no Brasil. (Foto: Vinícius Trindade / Secom-MTransp)

Já o ministro dos Transportes, Renan Filho – senador licenciado pelo MDB de Alagoas, destacou o trabalho de Riedel à frente do governo de Mato Grosso do Sul. Renan Filho ainda prosseguiu afirmando que a sensação ao ver o sucesso do certame é de dever cumprido. 

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“Com liderança clara e capacidade de diálogo. Faço parte daqueles que concordam que está fazendo o que o Estado precisa fazer para avançar mais rápido, conduzindo pelo caminho correto para melhorar a vida das pessoas e induzir o desenvolvimento econômico. Este mês é o mês de Mato Grosso do Sul na B3. Teremos ainda o leilão da otimização da BR-163, e isso vai somar R$ 25 bilhões em investimentos no estado. Fico feliz de ver também que estão sendo atraídos novos grupos para esses leilões, como a Galapagos”, comentou o ministro.

 

Também presente no leilão, a ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que o êxito do certame mostra que este é o Brasil que queremos e este é o Brasil que podemos ter.

 

“Só podemos ter ele [crescendo e investindo] em parceria com a iniciativa privada, com investimentos públicos para dar o suporte de infraestrutura necessário para o seor privado fazer o que sabe fazer de melhor, que é produzir emprego e renda, alavancando o desenvolvimento”, complementou.

 

PROJETO ROBUSTO

 

Aporte de R$ 10,1 bilhões permitirá duplicações, acostamentos e pontos de parada, beneficiando diretamente municípios como Três Lagoas. (Foto: Saul Schramm / Secom-GovMS)

Responsável pela estruturação do projeto, a secretária de Parcerias Estratégicas do Estado, Eliane Detoni, comentou o resultado do leilão.

 

“Essa disputa mostrou que o projeto é robusto, tem segurança jurídica e a previsibilidade necessárias para uma boa execução. Quando se tem competição, quem ganha é o usuário da rodovia. Nosso foco será sempre a qualidade do serviço prestado e modicidade tarifária”.

 

CONFIANÇA

 

Concessão prevê geração de 100 mil empregos diretos e indiretos, transformando a vida de quem depende da malha viária para trabalhar e viver. (Foto: Saul Schramm / Secom-GovMS)

O gestor da Galápagos Capital, Rafael Gonçalves, afirmou que o consórcio está confiante na execução deste grande projeto. “Estamos comprometidos em fazer com que essa concessão seja um sucesso, e contribua fortemente para a economia de Mato Grosso do Sul e em seu crescimento, assim como no do Brasil”.

 

ATIVIDADE ECONÔMICA

 

Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), o estado foi responsável por 28% do valor total exportado de celulose pelo Brasil em 2024. Em termos de volume, foram enviadas 4,64 milhões de toneladas para 34 países, gerando uma receita superior a R$ 15 bilhões.

 

Esse desempenho reflete um crescimento de 79% na receita em comparação com 2023, resultado direto do aumento tanto na quantidade embarcada quanto no preço médio da tonelada, que registraram acréscimos de 17% e 52%, respectivamente.

 

Para o presidente da Fiems, Sérgio Longen, acredita que, após o resultado do certame, os polos industriais da região e novos investidores se interessarão ainda mais pela atividade econômica do estado, devido aos incentivos que prometem trazer mais segurança na movimentação de produtos e pessoas.

 

CORREDOR BIOCEÂNICO

 

Rota da Celulose vai oferecer mais conforto e dignidade para quem vive das estradas, como os caminhoneiros que transportam a riqueza do Centro-Oeste. (Foto: Vinícius Trindade / Secom-MTransp)

A concessão do trecho integra a estrada federal BR-267 e que é o elo nacional da Rota Bioceânica, o mega corredor rodoviário que vai ligar o Centro-Oeste do Brasil ao Oceano Pacífico, cruzando o Paraguai e o norte da Argentina até chegar aos portos do Chile. O início do percurso começa pela cidade de Porto Murtinho (MS) e se estende até a ponte internacional no Paraguai. O corredor vai encurtar em cerca de 8 mil quilômetros o caminho até a Ásia (via Pacífico), comparado ao trajeto que passa pelos portos do Atlântico.

 

Longen reforça a expectativa de que, com melhores condições logísticas e o novo corredor, produtos brasileiros — como a celulose — que passam pela BR-267 se tornem mais atrativos e competitivos para novos mercados internacionais.

 

“A rota bioceânica será um grande player na movimentação de cargas, desafogando e reduzindo custos também para quem importa, via Paranaguá (PR), Portos Santos (SP), Itajaí (SC) ou mesmo no Espírito Santo”, destaca o presidente da Fiems.

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DESENVOLVIMENTO REGIONAL

 

Principal corredor da celulose brasileira, trecho que integra as BR-262/267 e MS-040/338/395 será requalificado para impulsionar exportações e o setor agroindustrial. (Foto: Vinícius Trindade / Secom-MTransp)

A Suzano, maior produtora de celulose do mundo, com operação massiva em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (MS), utiliza intensamente a BR-262, parte da Rota da Celulose, para o transporte de cargas até os portos de exportação. A capacidade das fábricas da empresa instaladas no estado é de uma produção estimada em mais de 5,7 milhões de toneladas de celulose por ano.

 

Além disso, a companhia vende para mais de cem países, com escritórios na Argentina, Inglaterra e China. O diretor da empresa Mauricio Miranda observa que a melhoria da logística nas estradas conversa com os interesses da empresa em trazer alternativas de expansão da unidade de Ribas do Rio Pardo.

 

“Olhar para a infraestrutura viária, para as soluções que temos em Mato Grosso do Sul, nos ajuda na tomada de decisão desses investimentos”, comentou o diretor da Suzano Mauricio Miranda.

 

Ao todo, serão R$ 10 bilhões em investimentos; consórcio vencedor, K&G, fez proposta com maior desconto, 9%, e aporte de R$ 217,3 milhões. (Foto: Vinícius Trindade / Secom-MTransp)

Outra empresa que vem investindo para expandir sua participação no setor da celulose por meio do estado de Mato Grosso do Sul é a Arauco. Em abril de 2025, foi dado início à construção oficial da primeira fábrica do grupo no Brasil. O diretor de Logística da Arauco, Alberto Pagano, diz que a nova unidade, com investimento de R$ 26,13 bilhões, será construída em etapa única e vai ter capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, com as operações iniciando até o final de 2027.

 

“Nesta fase de construção, serão gerados 14 mil empregos, e na fase de operação da fábrica, serão mais de 6 mil empregos nas áreas florestal, industrial e de logística”, planeja o diretor da Arauco. 

 

SERVIÇOS

 

Para proporcionar mais segurança e eficiência na prestação de serviços aos usuários a concessionária deverá implantar e operacionalizar veículos de inspeção para controle do tráfego, que circularão continuamente no trecho concedido, verificando as condições de segurança na rodovia, prestando auxílio aos usuários, detectando ocorrências e acionando recursos necessários ao atendimento.

 

Bruno Teixeira, caminhoneiro há mais de 20 anos na região Centro-Oeste, conta que já teve que destinar os ganhos obtidos com o trabalho para o reparo de danos no veículo devido a buracos, falta de pontos de apoio e outros gargalos logísticos existentes na malha viária local. (Foto: Vinícius Trindade / Secom-MTransp)

O apoio contará com 13 guinchos para socorro mecânico, 13 ambulâncias de atendimento e socorro médico, 5 caminhões-pipa para combate a incêndios, 5 caminhões adaptados para apreensão de animais e desobstrução de pistas e 13 postos de atendimentos aos usuários com estacionamento, sanitários, telefones e área de descanso.

 

Ao longo das margens das rodovias serão instalados três Postos de Parada e Descanso (PPD). Um posto em cada uma das principais rodovias (MS-040, BR-262 e BR-267) com infraestrutura necessária para proporcionar descanso seguro aos motoristas profissionais de transporte rodoviário de cargas e passageiros.

 

Os postos serão locais onde os caminhoneiros poderão fazer refeições, realizar higiene pessoal ou mesmo descansar depois de muitas horas de trabalho. Essa medida visa promover a segurança nas estradas, reduzir a fadiga dos motoristas, prevenir acidentes e garantir condições adequadas de repouso.

 

PRÓXIMOS PASSOS

 

A partir da publicação do resultado da licitação a empresa tem 60 dias para assinatura do contrato com o Governo do Estado. Após a assinatura será realizada vistoria, arrolamento e assunção de bens. Os procedimentos marcam a transição da concessão e autorizam o início das operações para a empresa vencedora do leilão.

 

A fiscalização dos investimentos em obras e demais obrigações contratuais será de responsabilidade da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul (Agems).

 

Com informações de assessorias.

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