24 C
Cuiabá
quinta-feira, maio 9, 2024
spot_img

Brasileiro conta como fugiu de rave bombardeada em Israel: ‘Terroristas atiraram na gente e vimos centenas de corpos nas ruas’

G1 

O paulistano Rafael Birman, de 30 anos, estava na rave Universo Paralello, que começou na noite de sexta-feira (6) em Israel, mas que foi interrompida pelos bombardeios do grupo extremistas Hamas. Ao menos 260 corpos foram encontrados no local, segundo o jornal “The Times of Israel”.

Ao lado de outros quatro amigos, Rafael Birman narrou ao g1 cenas de horror que tiveram início às 6h da manhã do sábado (7), quando as bombas começaram a cair na região da festa (veja vídeo abaixo).

Ele disse que tinha chegado na festa eletrônica criada pelo DJ Juarez Petrillo – pai dos DJs Alok e Bhaskar – por volta de 2h da manhã, que, segundo ele, acontecia em um local que fica a menos de 300 metros da fronteira com a Palestina. Mas, quando o dia amanheceu, as bombas começaram a cair e muita gente tentou sair do local.

Junto com os amigos, ele pegou o carro e fugiu por uma estrada que encontrou para o Norte, em direção à capital, Tel Aviv. Mas a saída apressada do local quase custou a vida do grupo.

“Pegamos uma estrada errada e demos de cara com o portão da fronteira. Foi quando terroristas armados começaram atirar na gente e tivemos que fugir a pé, procurando abrigo junto com soldados baleados das Forças Israelenses. Vimos centenas de corpos nas ruas e gente ensanguentada, com carros que tinham acabado de ser atingidos por bombas”, contou Birman.

“Fomos salvos justamente pelos soldados israelenses que apareceram e começaram a revidar os tiros. Nunca passei tanto medo na minha vida. Um tiro de bazuca explodiu a menos de três metros da gente. Te juro, ali foi o momento que falei: ‘vamos morrer’. Mandei uma mensagem de áudio para a minha mãe dizendo que amava ela e avisando a senha do cofre”.

O carro que o grupo de Rafael estava era alugado e foi atingido por mais de 200 tiros, segundo ele.

6 horas em um bunker

Eles encontraram abrigo numa cidade pequena perto da fronteira, onde uma família camponesa judia com três filhos ofereceu o bunker – abrigo antibombas – da casa para acomodá-los.

“Eles abrigaram oito pessoas no bunker, por pura solidariedade. Ficamos pelo menos seis horas lá dentro e foi quando começamos a ter noção do tamanho desse ataque do Hamas e de como tivemos sorte de termos escapado com vida. Até agora as cenas das pessoas ensanguentadas, com carros explodidos e gritando ‘terroristas, terroristas’, não saem da minha cabeça”, disse o rapaz.

Do horário de início das explosões na festa eletrônica Universo Paralelo até a volta pra casa em Tel Aviv, onde vive com a irmã e a mãe, Rafael Birman conta que se passaram mais de 12 horas.

Mesmo estando agora em segurança, ele diz que não tem coragem de sair de casa e que vai demorar longos meses até que a vida volte ao normal na capital israelense.

“Até para atender o entregador de comida eu estou com medo. Porque o que se fala aqui em Tel Aviv é que os terroristas estão infiltrados na capital e em vários apartamentos. Tem muita gente apavorada. E por isso a vida normal vai demorar semanas ou meses para voltar a acontecer”, contou.

Birman conta que a família em São Paulo sugeriu que ele, a mãe e a irmã voltassem ao Brasil nos seis voos que foram colocados à disposição dos brasileiros pelo governo daqui. Mas ele diz que “não é hora de fugir do país”.

“Já estou estabelecido aqui. Tenho um emprego que gosto e levo uma vida gostosa perto da praia. Não é hora de fugir do país. A gente precisa entender o que aconteceu com essa falha de segurança das Forças de Defesa Israelense que deixaram tantos mortos. E como a vida vai ser dar a partir daqui, pra depois pensar no que fazer do futuro”, contou.

O que é o Universo Paralello?
O festival brasileiro Universo Paralello, que acontece todos os anos na Bahia. — Foto: Reprodução

Universo Paralello é um festival de música eletrônica fundado por volta do ano 2000 por Juarez Petrillo, o DJ Swarup. A festa começou em Goiás, mas logo foi transferida para a Bahia, onde geralmente acontece na virada do ano na praia de Pratigi, de Ituberá.

O evento dura vários dias, e os participantes, amantes da música eletrônica e estilos como psytrance, costumam se hospedar em barracas na praia para curtir o som.

O perfil da festa nas redes sociais fala que depois da pandemia festas semelhantes em alguns países como México, Portugal e Espanha começaram a ser realizadas. A edição de Israel foi a primeira no Oriente Médio e recebeu o nome de Tribe of Nova.

No Instagram, os organizadores da festa se disseram “consternados, chocados e indignados” com os ataques em Israel.

“O time Universo Paralello, consternado, chocado e indignado pelo ataque às vidas inocentes, esclarece algumas informações referente ao vínculo do Festival com o evento @tribe_of_nova Universo Paralello Edition, que aconteceu na região. O ataque não foi somente na região do evento, mas orquestrado simultaneamente em todo o país com mais de 2 mil mísseis. Mais uma vez, estamos consternados, chocados e assustados com tudo que aconteceu e deixamos explicitamente a nossa revolta e nossos sentimentos às vítimas desse ataque perverso”, afirmou.

Comunicado emitido pela organização do Universo Paralello, após ataques em Israel. — Foto: Reprodução/Instagram

Saldo de mortos

O conflito entre Israel e o Hamas entrou em seu segundo dia neste domingo (8). O balanço mais recente das autoridades locais indica que ao menos 1.120 pessoas morreram, sendo 700 em Israel, 413 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia (veja mais no vídeo acima). Milhares de pessoas ficaram feridas.

A disputa começou depois que o Hamas, um grupo extremista armado islâmico, realizou neste sábado (7) um ataque-surpresa contra o território israelense, a partir da Faixa Gaza, de onde lançou 5 mil foguetes.

Por terra, ar e mar, homens armados do Hamas invadiram o território israelense na região sul do país. Agências internacionais relataram que eles atiraram em pessoas que estavam nas ruas da região. Também houve relatos de dezenas de israelenses levados como reféns para de Gaza, incluindo mulheres e crianças.

Esse foi considerado um dos maiores ataques que Israel sofreu nos últimos anos (leia detalhes mais abaixo nesta reportagem). Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação.

“Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.” Ainda no sábado, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza. Segundo as forças israelenses, os alvos eram locais ligados ao Hamas, que controla a região.

Na madrugada deste domingo, novas explosões foram reportadas em Gaza, e os ataques se intensificaram ao amanhecer.

Além disso, de acordo com a agência de notícias Reuters, militares israelenses afirmaram que ataques foram feitos contra o norte de Israel a partir do Líbano. Esses novos bombardeios foram reivindicados pelo grupo armado Hezbollah, que afirmou ter disparado foguetes em “solidariedade” ao povo palestino.

Os alvos, segundo o próprio Hezbollah, seriam três posições militares israelenses em uma região conhecida como Fazendas de Shebaa, que está em um território ocupado por Israel desde 1967. Essa área é reivindicada pelo Líbano.

Ainda no sábado, o Hezbollah anunciou apoio ao ataque promovido pelo Hamas contra Israel, afirmando estar em contato direto com líderes de grupos de resistência. As Forças Armadas de Israel disseram que revidaram o ataque do Hezbollah e que um drone atingiu um posto do grupo na região da fronteira com o Líbano.

As forças israelenses também afirmaram que continuariam executando uma operação em oito áreas que ficam nos arredores da Faixa de Gaza, no sul do país. Um complexo, que seria usado pela inteligência do Hamas, foi bombardeado em Gaza.

Por sua vez, o Hamas divulgou um comunicado dizendo que seus integrantes continuam engajados em “lutas ferozes” dentro de Israel.

 

Clique aqui e entre no grupo RDM no Whatsapp

Latest Posts

ÚLTIMAS NOTÍCIAS