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quinta-feira, maio 9, 2024
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A força da agricultura familiar

Por Ademir Galiztki

Todos nós estamos cansados de saber que as pequenas empresas são as que trazem os maiores dividendos ao tesouro e ao PIB nacional. A pujança que temos na agricultura familiar gera milhões de empregos, mantendo nossa mesa sempre cheia e contribuindo sobremaneira com os impostos, que acabam voltando em benefícios para toda a população brasileira. Eles não têm horário, não têm domingo nem feriado, pois é da produção daquilo que bem sabem fazer, cultivar.

Ainda de madrugada, muitas vezes antes de o sol dar as caras no horizonte, eles já estão lá com as enxadas, foices, facões, motosserras, roçadeiras e com as mãos cheias de calos. Não têm hora, o sol de tirar pica-pau do oco a 40 graus na sombra ou chuvas no lombo, mas não podem parar, pois a natureza também não para. Não espera para se colher um pé de alface, pois se deixar para a manhã, pode ser tarde.

Sabemos que tudo que se planta tem um ciclo, e este ciclo deve ser respeitado. Os supermercadistas e feirantes estão à espera de frutas, legumes e folhagens fresquinhas para repassar aos seus clientes. Nas gôndolas e expositores das grandes e pequenas feiras e supermercados, a Dona Maria e seu José vão adquirir o seu alimento do dia. E, sendo assim, os produtores da agricultura familiar são responsáveis por 75% a 80% da produção de todos os alimentos que vão às nossas mesas.

Se hoje temos as prateleiras dos supermercados abastecidas de tudo um pouco, é devido ao esforço dos valorosos e valentes chamados agricultura familiar, que não medem esforços para produzirem alimento para suprir as necessidades de 115 milhões de brasileiros. Geralmente, são pequenos produtores que têm em média de 2,5 a 8,00 hectares de terra, chamados de assentados, com uma produção diversificada, trabalhando com a rotação de cultura, protegendo a terra, às vezes deixando parte dela descansando e recuperando para voltar a produzir.

Eles produzem de tudo um pouco: peixe, rã, jacaré, chinchila, coelho, boi, porco, galinha caipira, frango, ovos, carneiro, cabras, leite, queijo, mel, melado, rapadura, melaço, cachaça artesanal, feijão, arroz, milho, batata, mandioca, gergelim, abóbora, banana, etc. E com certeza, produzem alimentos mais saudáveis em comparação com a produção em larga escala, a chamada produção comercial. Sem falar na produção dos produtos 100% orgânicos. Hoje, o que é produzido pela chamada agricultura familiar representa 60% da agropecuária, 59% do rebanho suíno, 50% das aves, 30% dos bovinos. Quase 90% dos estabelecimentos agropecuários do Brasil pertencem ao grupo de familiares.

O agricultor familiar rural tem uma grande paixão pela sua terra. Se pudesse, a levaria no caixão, muitas vezes herdada de pai para filho. Este amor é tão grande que, em entrevistas que fiz para o meu canal no YouTube “Natureza na Veia”, o que ouço é que eles jamais deixarão sua vida no campo para morar na selva de pedra, como chamam as grandes cidades. Eles têm uma casa especial, e o homem da casa raramente vai para a cidade. Quem vai, geralmente, é a esposa ou um dos filhos. Não custeiam com barulho da cidade, muita fumaça. A única fumaça aqui na roça é do fogão a lenha ou quando se torra o café. Não temos seis principais na agricultura: 1) orgânica, 2) tradicional, 3) patronal, 4) familiar, 5) moderna e 6) os chamados meieiros, onde o dono entra com as terras e o produtor com o conhecimento, e o que produzir será dividido 50% para cada. Muitos trabalham em terras totalmente irregulares. Este costume de arrendar terras já acontece há milhares de anos.

O Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), criado em 1995 pelo governo federal, tem como objetivo promover o desenvolvimento rural e a segurança alimentar. O principal desafio da agricultura familiar do Brasil é o acesso ao crédito. Nem todos conseguem, talvez pela burocracia ou pela falta de projetos elaborados. A assistência rural, a garantia de preços mínimos é essencial. Em entrevistas que fiz para meu canal, o pensamento predominante é cultivar sem o uso de venenos e agrotóxicos, que tanto têm prejudicado a saúde do povo brasileiro.

De onde você acha que vem ou aparece essa quantidade de doenças que assolam a vida de tanta gente? Nossa saúde vem do que consumimos no dia a dia, com a maioria dos alimentos contaminados. Sem dó e piedade, temos que nos preocupar com a chamada revolução verde, através da permacultura, da agrofloresta, da junção de produzir gado, mata, galinha e lavoura, tudo no mesmo espaço, um ajudando o outro, eliminando pragas e doenças.

Devemos também adquirir insumos e adubos mais baratos através das compras feitas entre os fornecedores e as cooperativas, diversificando e fazendo rotação de cultura para manter a terra sempre fértil e assim produzir produtos sempre com melhor qualidade. Além disso, não devemos esquecer de investir em tecnologia no campo, mesmo em pequenos espaços, envolvendo filhos, esposas e maridos em cursos, treinamentos e trabalhando em cooperativa, principalmente na hora de comercializar seus produtos, eliminando os atravessadores.

Agora, vamos falar um pouco da conservação do solo. Devemos nos preocupar em manter o solo sempre fértil

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