A embaixadores Bolsonaro volta a questionar urna e criticar ministros

Durante o encontro com embaixadores de cerca de 40 países, o presidente Bolsonaro voltou a lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro de urnas eletrônicas. Por mais de 45 minutos, o chefe do Executivo federal também criticou o Tribunal Superior Eleitoral e afirmou que seu governo está empenhado em apresentar uma “saída” para as eleições deste ano. A reunião com estrangeiros foi realizada no Palácio da Alvorada e contou com a estrutura do governo para ser divulgada. Na ocasião, o chefe do Palácio do Planalto repetiu argumentos já desmentidos por órgãos oficiais e reiterou que as eleições deste ano devem ser “limpas” e “transparentes”.

NEGACIONISMO 

O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, reagiu com duras críticas à apresentação que o presidente  Bolsonaro fez a embaixadores estrangeiros, lançando desconfiança sem provas sobre o sistema eleitoral e criticando a Justiça Eleitoral. Fachin, ao abrir um evento virtual da Ordem dos Advogados do Brasil, não citou o nome de Bolsonaro, mas referiu-se ao presidente ao dizer que “criam-se, nesse caminho de desinformação, encenações interligadas, como, aliás, está a assistir hoje o próprio país”. Para o ministro, “há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade importante dentro de um país democrático, e é muito grave a acusação de fraude a uma instituição, mais uma vez, sem apresentar provas”.

MENTIRINHAS

O ex-presidente Lula criticou o adversário Bolsonaro após apresentação que o prsidente fez a embaixadores estrangeiros, levantando desconfiança em torno das eleições brasileiras. “É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo”, escreveu Lula, em seus perfis nas redes sociais. “Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia”, completou o ex-presidente e pré-candidato a enfrentar Bolsonaro nas urnas este ano.

POR FALAR NISSO…

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu na noite de ontem que 14 bolsonaristas, e também veículos apoiadores de Jair Bolsonaro, excluam de seus conteúdos publicações que associam o PT e Luiz Inácio Lula da Silva à organização criminosa PCC e também material que associa esses petistas à morte do ex-prefeito Celso Daniel. Moraes proíbe que essas informações sejam veiculadas por se tratarem de “mentiras divulgadas que objetivam, de maneira fraudulenta, persuadir o eleitorado a acreditar que um dos pré-candidatos e seu partido, além de terem participaram da morte do ex-prefeito Celso Daniel, possuem ligação com o crime organizado, com o fascismo e com o nazismo, tendo, ainda igualado a população mais desafortunada ao papel higiênico” – decidiu Alexandre de Moraes.

SEM RENDIÇÃO 

Recém-anunciada como pré-candidata a senadora pelo Distrito Federal na chapa do governador Ibaneis Rocha (MDB), a ex-ministra Damares Alves (Republicanos) gravou o primeiro vídeo profissional da pré-campanha, que será divulgado em reuniões partidárias. Pastora evangélica, Damares disse que não vai “abrir mão do que pensa”. “Eu não vou baixar a guarda. Não vou negociar valores. Não vou abrir mão do que penso. Não vou me render por um projeto de poder. Não vou me render por medo”, afirmou.

SURPRESA 

O presidente Bolsonaro foi questionado sobre quem apoiaria nas eleições do Distrito Federal, durante conversa com jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada. “Fui surpreendido com essa chapa. Não tive conhecimento de nada”, disse o presidente, sobre a união anunciada na semana passada, de Ibaneis Rocha (MDB), como candidato à reeleição, Celina Leão (PP), para vice, e Damares Alves (Republicanos), como postulante ao Senado. Bolsonaro segue comentando o assunto: “Alguns acham que eu tenho ascendência sobre a Damares. Não tenho. A Damares é dona de si”, afirmou.

COVID EM ALTA

O Brasil registrou 168 mortes provocadas pela Covid-19 nas últimas 24 horas. A média móvel diária de óbitos chegou a 251, alta de 13% em relação ao número verificado há 14 dias. O indicador está há 20 dias consecutivos acima de 200. Variações menores que 15% são consideradas dentro da margem de estabilização. Este, porém, é o maior número desde 25 de março, quando o índice chegou a 253. O país contabilizou 38.697 novos casos da doença, totalizando 33.339.815 infecções confirmadas desde o início da pandemia. No total, já foram perdidas 675.507 vidas para o coronavírus.

JOGO DUPLO

As mais recentes suspeitas levantadas pelo Ministério da Defesa sobre a segurança das urnas eletrônicas, durante uma audiência pública no Senado na semana passada, reforçaram em integrantes do Tribunal Superior Eleitoral a percepção de que os militares têm feito jogo duplo para atender à pressão do presidente Bolsonaro. Sob reserva, fontes bem posicionadas dizem que, nas reuniões que fazem com o corpo técnico do tribunal, os representantes da Defesa têm demonstrado compreensão sobre a segurança e a transparência do sistema eletrônico de votação e também sobre a inviabilidade de acolher parte da propostas apresentadas pelo Exército. Só que, publicamente, o discurso é bem diferente. O problema é depois, quando vai pra fora. É clara a mudança de postura quando o discurso é para fora”, resumiu à coluna Direito de Brasília um integrante do TSE.

7 DE SETEMBRO DE 2021

A Secretaria de Segurança do STF está empenhada em traçar um plano robusto para proteger o tribunal e os ministros no feriado do 7 de setembro deste ano, no que deve ser uma reedição do planejamento do ano passado, que foi avaliado por Luiz Fux como bem-sucedido. Em 2021, num dos cenários mais agudos traçados, havia a previsão até do resgate aéreo, por meio de helicópteros, de ministros. A segurança do ministro Alexandre de Moraes era a que mais inspirava preocupação, o que se mantém neste ano, por ele ser o principal alvo dos ataques de Bolsonaro. A segurança de Luís Roberto Barroso também preocupava, e, por isso, avaliou-se até o risco de sua casa no Lago Sul ser invadida por meio do Lago Paranoá num ataque por meio de lanchas.

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