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segunda-feira, maio 20, 2024
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A década dourada

 

Por Vivaldo Lopes

O acelerado crescimento econômico de Mato Grosso nas últimas décadas é um caso de sucesso reconhecido nacional e mundialmente. Impulsionado pela longa cadeia produtiva da agropecuária, o estado atingiu patamar de maior produtor agrícola do país. Em 1994 o PIB do estado representava 0,64% do PIB nacional e em 2021 chegou a aproximadamente 2,0%. Estudo publicado pelo Centro de Liderança Política – CLP, com base em dados do IBGE e IPEA, levantou o crescimento dos estados brasileiros no período de 1985 a 2019. No estudo, Mato Grosso desponta como a economia mais dinâmica e que mais cresceu. Nos 34 anos analisados, Mato Grosso apresentou crescimento médio anual de 6,4%, enquanto o PIB do Brasil cresceu anualmente 2,2% no mesmo espaço temporal. O estado que aparece na segunda posição é o Amazonas que teve crescimento de 5,5%.

Os dados econômicos e sociais confirmam que a década de 2012 a 2021 foi a melhor da economia mato-grossense. Nesse período, mesmo passando por governos locais e nacionais de posicionamento ideológico, político e administrativo de matizes diferentes, a economia regional continuou seu ritmo acelerado de crescimento. Na agropecuária, tivemos aumento da produção, produtividade e lucratividade. Elevação do valor bruto da produção, geração de empregos, expansão do setor de serviços, comércio e da agroindustrialização. E expressivo aumento da arrecadação de tributos. Mato Grosso se tornou campeão nacional na produção de grãos e terceiro maior produtor de soja do planeta, atrás apenas do próprio Brasil e Estados Unidos e à frente da Argentina. A expansão produtiva continua avançando para novas fronteiras agrícolas como a região oeste (Cáceres e entorno) e nordeste (Araguaia-Xingu). Até poucos anos atrás essas áreas não haviam desenvolvido plenamente suas potenciais vocações para a produção de soja, milho, algodão. Nos últimos anos vivem um ciclo de aumento da produção dessas lavouras, acrescentando outras como gergelim, girassol e milho de pipoca.

Se a última década foi boa para a economia estadual, todos os fatores e indicadores econômicos apontam que a década de 2021 a 2030 será ainda melhor. Será uma verdadeira “Década Dourada”. As razões estão razoavelmente visíveis. Nos últimos anos o estado vem melhorando gradativamente sua infraestrutura logística com construção e privatizações de aeroportos, rodovias e ferrovias. A internet da geração 5G já se expande para os principais centros de produção. Mas a principal tração do salto qualitativo para o novo ciclo econômico de Mato Grosso virá da aceleração da indústria de etanol de milho. A implantação de várias plantas industriais de etanol de milho fez aumentar exponencialmente a produção do cereal. À guisa de exemplo, em 2012 a safra estadual de milho foi de 15 milhões de toneladas. Em 2023, a safra do produto deu um salto para 47 milhões de toneladas. De 2017 até 2022 foram construídas/convertidas 10 indústrias de etanol de milho. Mais três estão em construção com previsão de entrar em produção no primeiro trimestre de 2024. Como resultado dessa expansão industrial, em 2023 a produção de etanol de milho será superior a 4 bilhões de litros. No Brasil existem 18 plantas industriais de processamento de etanol de milho. Dessas, 10 estão aqui. Esse movimento de agroindustrialização também é verificado nos setores de processamento de carnes bovina, frangos e suínos. As maiores marcas processadoras de carnes nacionais e mundiais, como JBS, BR Foods, Marfrig e Minerva possuem plantas industriais em diversas regiões do estado. A expansão industrial qualifica o emprego, melhora a renda do trabalho e impulsiona outros setores como comércio, serviços e recolhe mais tributos ao estado e aos municípios.

O estado ainda convive com consideráveis deficiências em sua infraestrutura de transportes, educação e sofre com as desigualdades regionais, sociais, bolsões de pobreza. Faz-se urgente concentrar esforços para superar tais deficiências de forma tal que essa nova onda de crescimento seja inclusiva, transforme-se em desenvolvimento econômico e social, permitindo que todos a surfem.

* Vivaldo Lopes é economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia.  É pós-graduado em  MBA – Gestão Financeira Empresarial pela FIA/USP

 

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