Portal da Cidade – Mogi Mirim 

A deputada federal Amália Barros (PL), que morreu na madrugada deste domingo (12), aos 39 anos, por conta de um nódulo no pâncreas, foi sepultada na manhã desta segunda-feira (13) em Mogi Mirim (SP), sua cidade natal. Ela estava internada em São Paulo desde o dia 1º de maio. O corpo de Amália Barros deixou a Estação Educação por volta das 10h40 (horário de SP) e seguiu no carro dos Bombeiros Municipais até o Cemitério da Saudade.

O velório da parlamentar, também na cidade natal, atraiu uma grande quantidade de políticos nesta. Dentre eles o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lia (PP), e o colega deputado Nikolas Ferreira (PL). Outra presença marcante, durante toda a manhã e no enterro, foi da ex-primeira dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, grande amiga de Amália Barros, que não saiu do lado da mãe de Amália durante todo o tempo.

“Amália Barros, uma jovem lutadora pelas causas do Mato Grosso e da visão monocular. Ainda sem ter assumido o mandato, me procurou na Câmara dos Deputados para a aprovação da Lei 14.126/21, da qual foi incansável articuladora e que classifica a visão monocular como deficiência sensorial e estende os mesmos direitos e benefícios previstos para pessoas com deficiência. Uma conquista ímpar para o segmento”, disse Arthur Lira em nota.

A mãe de Amália, Maria Helena Scudeler de Barros, e o irmão João Manoel, não deixaram de estar ao lado da filha e irmão durante todo o velório. Muito abalada pelos problemas de saúde que causaram a morte da deputada ela expressou seu sentimento. “Ela só fez amigos na vida. Era maravilhosa. Sempre foi guerreira. Ela sempre se esforçou e lutou por tudo junto com o Thiago (marido dela). Deus só leva as pessoas boas”, disse.

O irmão de Amália, João Manoel, num depoimento emocionado, admitiu desentendimentos na política com a irmã, mas que isso nunca causaram uma ruptura definitiva dado o amor que um sentia pelo outro. “Era uma pessoa guerreira, enfrentou várias dificuldades ao longo da sua vida, mas nada a impediu de continuar lutando pela causa que ela acreditava”, declarou o presidente da Câmara de Mogi Mirim, vereador Dirceu Paulino.

“Conheço a Amália desde pequena, ela sempre foi uma pessoa muito especial, curiosamente antes ela não gostava de política. Ela era uma pessoa muito boa, que tinha uma carreira brilhante pela frente”, declarou o prefeito de Mogi Mirim, Paulo Silva.

“É uma grande perda pra nós, e também pra política. Amália era uma pessoa exemplar. Ela acreditava em uma causa e ia até o final para lutar por isso. Era uma pessoa muito gentil e humilde. Ela tinha um coração enorme”, afirmou Marinho Vedovello, tio de Amália.

Amália: de produtora de TV a defensora dos direitos das pessoas com deficiência

Com uma carreira marcada por superações pessoais e compromisso político, Amália Barros deixou um legado significativo no cenário nacional. Com uma trajetória que se destacou desde cedo, Amália Barros foi eleita para o cargo de deputada federal em 2022, conquistando 70.294 votos em Mato Grosso. No entanto, sua jornada rumo à política foi moldada por desafios pessoais que a levaram a se tornar uma defensora incansável dos direitos das pessoas com deficiência.

Formada em jornalismo, Amália começou sua carreira como produtora de televisão no Grupo Bandeirantes de Comunicação, antes de direcionar seu foco para a arena política. Aos 20 anos, enfrentou uma infecção ocular que resultou na perda da visão do olho esquerdo, culminando em 15 cirurgias e na adoção de uma prótese ocular. Essa experiência pessoal não apenas a impulsionou para a política, mas também a levou a fundar o Instituto Nacional da Pessoa com Visão Monocular, que oferece suporte e próteses para aqueles que enfrentam desafios semelhantes.

Durante seu mandato, dedicou-se ativamente à promoção dos direitos das pessoas com deficiência. Uma de suas conquistas notáveis foi a aprovação da Lei 14.126/2021, que reconhece a visão monocular como deficiência sensorial, um marco importante na luta pela inclusão.

Além de seu trabalho legislativo, foi vice-presidente do PL Mulher, colaborando estreitamente com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O episódio em que Michelle pediu publicamente para que Amália retirasse sua prótese ocular, durante um evento político, gerou controvérsia, mas Amália defendeu a ação como um gesto de intimidade entre amigas.

Nascida em Mogi Mirim, São Paulo, Amália Barros foi a caçula de sua família, com apenas um irmão mais velho, João Manoel, que hoje ocupa cargo de primeiro escalão na prefeitura de São Paulo na gestão Ricardo Nunes.

Em seu livro “Se Enxerga” (2021), Amália compartilhou sua jornada de superação, desde a perda da visão até os desafios pessoais e profissionais que enfrentou ao longo da vida.

Amália passou por um momento de dor no final do ano passado, com a morte do pai Bino Barros, no dia 22 de dezembro. Bino foi vereador e presidente da Câmara, assim como a mãe, Maria Helena, que hoje ocupa o cargo de secretária de Relações Institucionais do governo Paulo Silva.

Na Câmara

Na Câmara dos Deputados, Amália foi autora de diversas propostas legislativas voltadas para a inclusão e o bem-estar das pessoas com deficiência, incluindo projetos de lei e emendas constitucionais. Seu compromisso com a causa se refletiu em projetos como a oferta de profissionais especializados para alunos com deficiências nas escolas e o estabelecimento do Dia Nacional de Conscientização da Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP).

O falecimento precoce de Amália Barros deixa um vazio na política brasileira, mas seu legado de determinação e luta pelos direitos das pessoas com deficiência permanecerá como inspiração para futuras gerações. Suas contribuições deixaram um impacto significativo e duradouro, lembrando-nos da importância da inclusão e da superação de desafios em nossa sociedade.