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sábado, abril 20, 2024
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Venezuelanos enfrentam filas para sacar nova moeda

As agências bancárias da Venezuela amanheceram com filas do lado de fora nesta terça-feira (21), com a corrida da população para obter notas da nova moeda local, após a entrada em vigor do pacote econômico, que entre outras medidas cortou 5 zeros da moeda local, que mudou de nome para bolívar soberano.

Entre domingo e a tarde de segunda-feira (20), os serviços bancários online e os caixas eletrônicos pararam de funcionar na Venezuela para adequar o sistema monetário do país às mudanças.

O bolívar soberano terá 8 notas diferentes e duas moedas metálicas. A maior nota será de 500 bolívares (cerca de US$ 7 no mercado negro). A reforma monetária é uma tentativa de controlar a hiperinflação no país, que segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) deverá chegar a 1.000.000% neste ano.

Convocação de greve

Críticos da oposição atacaram as medidas de Maduro e convocaram uma greve nacional em protesto contra as medidas, mas muitos pontos comerciais abriram.

“Não vão trabalhar, vocês têm o direito de protestar, porque o que está em jogo é sua vida, seu futuro e seu país. Rebelem-se!”, escreveu o partido opositor Vontade Popular em sua conta de Twitter.

A Fedecámaras, principal grupo empresarial da nação, rejeitou a proposta “incoerente”, observando que o aumento planejado de 3.000% do salário mínimo tornará impossível para as empresas e comércios manterem as portas abertas. Mas o grupo não se posicionou diante da greve de iniciativa opositora, dizendo que cada membro deveria decidir por conta própria.

O governista Partido Socialista anunciou uma passeata na manhã desta terça-feira para apoiar as medidas econômicas de Maduro que deve terminar com um evento no palácio presidencial.

Foto: AP Photo

Medidas econômicas

O conjunto de medidas para tentar conter a hiperinflação inclui também a vinculação do bolívar soberano a uma criptomoeda lastreada em suas reservas de petróleo, a abertura de um maior número de casas de câmbio e promessas de gastar menos e arrecadar mais para reequilibrar as finanças.

Para o governo de Maduro, as causas da hiperinflação estão relacionadas à “guerra econômica” provocada pelos constantes aumentos pelos Estados Unidos de suas tarifas de importação e à “oligarquia”, a quem o presidente acusa de práticas de contrabando e especulação para inflar os preços.

Opositores e analistas afirmam que a raiz da crise está ligada à má gestão de Maduro e que as medidas anunciadas por Maduro não vão aliviar a hiperinflação que assola a nação.

Para Jaime Reusche, analista de crédio sênior da agência Moody’s, as medidas anunciadas por Maduro dificilmente “dificilmente reduzirão a escassez de moeda forte ou reverterão as condições macroeconômicas que levaram a um default soberano”.

Reusche lembra que o governo do país não honrou no último dia 15 agosto o pagamento principal de US$ 1,1 bilhão de seu bond (título) de 2018. Na visão dele, o tamanho do default do país vai continuar a crescer e qualquer reestruturação futura da dívida da Venezuela “provavelmente será processso altamente complexo e demorado”.

Outro agravante é a falta de financiamento internacional. A produção de petróleo – fonte de 96% das receitas – desabou de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,4 milhão em julho passado, enquanto que o déficit fiscal se aproxima dos 20% do PIB, segundo consultoras privadas.

Hiperinflação

A hiperinflação fez com que a moeda venezuelana perdesse gradativamente seu valor. Muitas vezes é possível encontrar notas jogadas pelas ruas. O bolívar forte venezuelano está tão desvalorizado no mercado paralelo que é possível comprar cerca de 66 milhões com US$ 1.

O pacote de Maduro, contudo, foi recebido com ceticismo por analistas e pela oposição.

O economista-chefe da Torino Capital, Francisco Rodríguez, que assessorou um dos rivais de Maduro nas eleições de maio deste ano, disse à BBC que “não se pode acabar com hiperinflação sem um programa de disciplina fiscal e monetária, além de um compromisso crível para diminuir a taxa de criação de moeda”.

Em setembro entra em vigor o aumento de 3.500% do salário mínimo. O governo diz que vai ajudar pequenos e médios empresários a arcar com a diferença salarial nos três primeiros meses.

O temor de muitos é que a medida possa jogar ainda mais combustível na inflação.

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