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quinta-feira, março 28, 2024
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Deputados podem aprovar aumento brutal de impostos em MT

Redução de investimentos, encerramento de atividades, demissões e transferência de plantas para outros estados estão entre as consequências para Mato Grosso caso seja aprovado o projeto de lei complementar apresentado pelo Governo do Estado para reinstituir os benefícios fiscais. A avaliação é da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), cuja diretoria se reuniu tendo o projeto como a pauta principal.

“A verdade é que a mensagem do Governo não reinstitui incentivos. Ela extingue a maior parte do que já existe, incluindo programas que funcionam muito bem e geram desenvolvimento para o Estado. De quebra, o projeto altera tantas coisas que é uma verdadeira reforma tributária”, alerta o presidente da Fiemt, Gustavo de Oliveira.

Após estudar a proposta e discutir o conteúdo com representantes de diversos segmentos da indústria e também do comércio de Mato Grosso, o que era apenas uma preocupação pela falta de diálogo, no início da semana, se transformou em alarme, pois as consequências de uma eventual aprovação do atual projeto são catastróficas – e não apenas para o setor industrial.

“Em nome de um pretenso aumento de arrecadação em curtíssimo prazo, o governo está simplesmente abrindo mão da competitividade”, resume. “Vamos ficar muito atrás de estados vizinhos e podemos perder investimentos para eles”. Como exemplo, ele aponta pesquisa realizado no ano passado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL MT), que mostrou que apenas 6% dos industriais de Mato Grosso enquadramos no Prodeic manteriam as atividades sem o programa. Outros 42% fechariam as portas ou mudariam de Estado – e 52% continuariam a atuar, mas em menor escala.

Além do prazo exíguo para análise e contribuições, a proposta apresentada pelo governo afeta diretamente o bolso da população, pois aumenta a carga tributária sobre a carne, o etanol, a energia elétrica na classe rural, materiais de construção civil a até mesmo sobre a aquisição de veículos de utilidade pública pelos municípios – como ambulâncias, caminhões de lixo e ônibus escolares.

Confira alguns dos impactos da proposta do governo:
Produto Como é hoje Como ficará
Carne de boi, frango, porco, carneiro e outras Produção isenta de ICMS 7%
Ambulâncias, caminhões de lixo, ônibus escolares comprados pelas prefeituras Isento de ICMS 12%
Energia injetada gerada pelo próprio consumidor Isento de ICMS Até 27% (de acordo com a faixa de consumo)
Medicamentos 15% sobre o valor de entrada 17% sobre o Preço Máximo ao Consumidor (PMC), sem descontos
Etanol (álcool hidratado) 10,5% 12,5%
Energia elétrica na classe rural acima de 50 Kwh 3% a 15% (de acordo com a faixa de consumo) 17,49% a 30% (de acordo com a faixa de consumo)
Material de construção 10,15% na entrada 17% na saída (até 94% de impacto)
Transporte intermunicipal 8,4% 17%
Madeira in natura Isenta de ICMS 17% (sem gerar crédito para empresas do Simples)
Vestuário e madeira (arranjos produtivos locais). Isento de ICMS 8,5%

 Entenda o contexto:

O Executivo encaminhou à Assembleia Legislativa nesta semana a mensagem de reinstituição dos benefícios fiscais, que precisa estar aprovada e depositada junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) até o dia 31 de julho. Na prática, como a ALMT entra em recesso no dia 17 de julho, são menos de três semanas para que os deputados estaduais, representantes do setor produtivo e da sociedade em geral possam avaliar e contribuir para uma proposta que modifica toda a política de incentivos fiscais e de tributação do Estado.

O setor industrial está aberto ao debate sobre a política tributária e também sobre o aprimoramento dos incentivos fiscais. Porém, não há como falar em debate qualificado com três semanas de prazo. “O direito à discussão democrática não pode ser negado aos parlamentares eleitos nem aos representantes da sociedade e do setor produtivo. É essencial que as alterações propostas pelo Governo do Estado sejam avaliadas e discutidas com a devida atenção – algo totalmente incompatível com um cronômetro acelerado”, ressalta Gustavo.

De acordo com a Fiemt, a reinserção dos benefícios poderia ser feita de modo muito mais descomplicado, com um simples decreto. O estado de São Paulo fez dessa forma, em 2018, editando um decreto com apenas dois artigos. Pernambuco e Espírito Santo também usaram decretos, mantendo as normas vigentes.

O presidente da entidade lembra que o setor precisa de segurança jurídica. “É inaceitável aprovar uma lei que desrespeita contratos válidos. Os contratos atuais precisam ser preservados, sob pena de vivenciarmos o esfarelamento da nossa economia, com fechamento de empresas, aumento do desemprego e redução da arrecadação. São efeitos totalmente contrários ao desejo de todos. E os maiores prejudicados, em última análise, serão os milhões de habitantes que precisam da atração de investimentos e da geração de novos empregos em nosso Estado”, finaliza.

Fonte: Fiemt-MT

 

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